Fugas - restaurantes e bares

  • Bárbara Raquel Moreira
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Entre conversas e conservas

Por Pedro Rios ,

O ÓPorto - Art, Sound & Food reabriu e tem como estrelas maiores conservas portuguesas de culto. Mas há mais atracções, entre as comidas, as bebidas e as músicas.
Um casal de americanos, a viver uma “espécie de lua-de-mel tardia”, foi três vezes (três vezes: uma para cada dia que passaram no Porto) ao ÓPorto, um bar-petisqueira na pequena Rua de Sá de Noronha, entre a reitoria e o clássico Café Progresso. No primeiro dia, o casal sentou-se numa das mesinhas do ÓPorto e pediu quatro conservas. No segundo dia, dobrou a dose. No último dia, convertido à causa, comprou “mais de 100 euros em latas” para levar para os Estados Unidos.
 
A nova vida de Renato Pinto tem sido feita de episódios destes. Os turistas perdem-se de amores pelas conservas de peixe portuguesas, prato quase único do ÓPorto - Art, Sound & Food, reaberto em Julho. As conservas são funcionais, deliciosas e versáteis: elas saciam o estômago ou dão vontade de beber mais um copo; elas petiscam-se ao ritmo das conversas.
 
Renato, 37 anos, sócio-gerente deste autodesignado “bar conservador”, era professor de Filosofia no ensino secundário. Depois de mais de dez anos a dar aulas, não conseguiu colocação para o ano lectivo 2012/2013 e tentou dar “um novo rumo” à vida profissional. “Sempre gostei deste espaço, achei que era uma pena estar fechado”, conta. Reabriu-o com Ivo Leão e o proprietário do ÓPorto, André Azevedo.
 
O conceito do novo ÓPorto - um pequeno espaço com paredes de granito, poucas mesas, um acolhedor balcão de bar e uma esplanada - é diferente do antigo, que estava fechado há cerca de um ano depois de uma primeira vida curta. Agora, para além de beber (há sangria, vinho a copo e Porto tónico), é possível comer das 16h30 às 2h. E, neste capítulo, as conservas mandam.
 
“São algo de tipicamente nosso que no Porto pouca gente explora”, sublinha Renato. Ao contrário do que acontece entre os turistas, nota nas novas gerações uma “certa resistência” às latinhas, talvez por serem vistas como “coisa pobre”. “Mas vai mudar”, acredita. “Quando provam, gostam”.
Gostam e no ÓPorto podem comprar para levar para casa.
 
“Caviar português”
 
Renato lembra-se de estar na casa dos avós e lanchar sardinhas em conserva. “Sou um grande apreciador e consumidor. Sempre achei curioso nunca as ver em nenhum lado.”
 
São várias as vantagens desta especialidade nacional: as conservas têm latas bonitas (são elas que decoram as prateleiras do ÓPorto, ao lado de máquinas fotográficas antigas e fotografias do Porto, do Douro e da actividade piscatória) e têm uma vantagem para quem gere um negócio destes: duram anos sem se estragarem. Mas nada disso interessaria se não fossem “de facto, boas”.
 
Há para todas os gostos: as Santa Catarina, de atum, as preferidas de Renato e uma instituição açoriana (foram o único produto do arquipélago a bordo do cacilheiro de Joana Vasconcelos que
representou Portugal na Bienal de Veneza deste ano); de peixe-espada-preto, vindas de Sesimbra; de polvo, da La Gondola, uma das mais antigas fábricas de conservas nacionais; da matosinhense
Pinhais; muxama de atum, isto é, lombos de atum secos e salgados, “uma espécie de presunto do mar”; ovas de sardinha, o “caviar português”.
 
Faltava no Porto “um espaço com tantas referências de conservas portuguesas” (só de sardinhas há 34), que estão na moda. Anthony Bourdain, chef e estrela da série televisiva No Reservations, deliciou-se com elas na sua passagem por Lisboa, em 2011 (foi a influência de Bourdain que levou o casal americano a querer provar conservas no ÓPorto).
 
No ÓPorto há “um certo esforço de renovar uma certa portugalidade”, admite Renato Pinto. O esforço não se fica pelas conservas: “Os vinhos são todos nacionais, os queijos e os enchidos
também.”
 
O espaço junta-se a uma casa de bifes, um restaurante cabo-verdiano (com música para dançar noite dentro) e a outros estabelecimentos nas noites animadas da Rua de Sá de Noronha. 
“Legalmente é uma rua pedonal, mas ainda tem muitos carros estacionados”, lamenta o sócio-gerente, que vai procurar sensibilizar a Câmara do Porto para o problema do estacionamento ilegal. “Esta rua tem potencial.”
_____
 
De Fausto à electrónica
No ÓPorto, é grande a probabilidade de se beber e comer ao som de música portuguesa (de Fausto - a banda sonora da conversa de Renato Pinto, um fã assumido, com a Fugas - aos Orelha Negra), ao fim de tarde, e fusões de jazz com electrónica (dos Zero 7 aos Koop), pela noite dentro.
 
Petiscar ou jantar
O ÓPorto tem dois menus. O de degustação vale o preço da lata (de 2 a 6 euros) mais 1,5 euros - a conserva é preparada e servida com pão e um pequeno apontamento de salada. O menu de refeição custa entre 7 a 9 euros e é acompanhado por uma “salada rica” e puré de grão-de-bico
- “uma espécie de húmus à portuguesa, com azeite, alho e coentros” - ou de feijão-frade, com alho e salsa.
Nome
ÓPorto - Art, Sound & Food
Local
Porto, Sé, Rua de Sá de Noronha, 45
Telefone
0
Website
https://www.facebook.com/Oporto.Art.Sound.Food
Observações
Fechado.
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