Quem chega e observa o espaço, com uma disposição e mobiliário que ficam a meio caminho entre a cafetaria, o bar e o restaurante, pode até achar estranho mas percebe que há por ali algo de especial. E a ideia parece ser mesmo essa. Uma casa onde cada um se sinta como melhor lhe apeteça, seja para um simples café e a leitura do jornal, um petisco e uma bebida rápidos, até à mais deleitada degustação gastronómica.
Há um balcão corrido com meia dúzia de cadeiras voltado para a área de serviço e, do lado oposto, um banco que acompanha a parede em todo o seu comprimento. Pelo meio muito espaço livre e algumas mesas, que se organizam consoante os apetites de quem chega. O espaço é amplo e com a altura de mais de dois andares, francos janelões por onde entra em abundância a luz natural, e uma espécie de mezanino por cima do balcão com a parede preenchida como garrafeira e uma meia dúzia de mesas para uma refeição mais formal, aí sim, com ar de restaurante.
Uma diversidade funcional que bem espelha a lógica da oferta gastronómica. Há uma extensa lista de petiscos e cozinhados de pequenas porções para degustação e partilha; um menu com pratos de peixe, carne, massas e arrozes para uma refeição de estilo mais convencional; e a lista de sobremesas. O mais revelador, no entanto, é a interessante carta de vinhos, com ampla oferta a copo e preços de uma sensatez que, senão única, é mesmo uma raridade.
O claro convite à lógica de degustação e partilha anuncia-se logo com a proposta do “Menu Petiscar a 2”, que inclui quatro petiscos (na lista chamam-lhe tapas) à escolha numa lista com dezena e meia de propostas, duas sobremesas e uma garrafa do vinho do mês, tudo pelo preço único de 25€. Na lista de “Tapas & Petiscos Frios” há uma dúzia de propostas, e são nada menos que 33 as alternativas oferecidas para as “Tapas & Petiscos Quentes”.
Os preços variam entre os três e os dez euros, sendo que se incluem coisas como vieiras salteadas, açorda de sapateira e camarão, perdiz de escabeche, alheira com grelos e cogumelos, perdiz com feijão branco, rojões de veado com puré de castanhas ou javali com cogumelos. E em doses que, sendo reduzidas, dão sempre para partilhar.
Para a lógica de refeição mais convencional as “sugestões” passam pelo “bacalhau gratinado com espinafres e camarão” (12€), “lombinhos de salmão em cama de pimentos” (12€), “caril thai de camarão” (13€) e “polvo corado com migas de feijão frade” (13€). Nas carnes, há “bifinhos de novilho ao alho com batata salteada” (12€), “lombinho de porco preto com migas de espargos” (13€) e “medalhões de boi com arroz cremoso de enchidos” (14€). Há ainda a variante de “Massas & Arrozes” onde se destaca o “arroz cremoso de polvo da nossa costa” (13€), que valeu já ao Delicatum um prémio no mais recente concurso Gastronomia e Vinho Verde.
Em dois tempos e com mais de um mês de intervalo, petiscámos coisas como o carpaccio de novilho, presunto de porco preto alentejano, croquetes de pato, camarão à Brás, chamuça de legumes, cogumelos (em várias preparações), morcela com maçã e cebola caramelizada. A nota comum é a qualidade e critério na escolha dos produtos, a par de um cuidadoso trato culinário e de apresentação.
Houve também oportunidade para degustar o caril thai, o arroz cremoso de polvo e os medalhões de boi com arroz de enchidos (chouriça de sangue de Ponte de Lima), que não só confirmaram o cuidado na selecção dos produtos - carne barrosã, polvinho das rochas atlânticas - como uma cozinha de técnica apurada mas com evidente respeito para com a rica tradição culinária minhota.
Gosto pelo vinho
A responsabilidade, ao que apurámos, cabe a um duo de jovens amantes da gastronomia e apaixonados pela cozinha. Não por acaso deram o nome de “Alquimia dos tachos” à empresa que criaram para o efeito. Joana Vieira é uma chef já com algum currículo e passagem por cozinhas de grandes cadeias hoteleiras, enquanto André Antunes se deixou conquistar pelas artes dos fogões e da degustação no meio de uma carreira académica na área da Biologia, que inclui até um doutoramento. Pelos vistos é também mestre na arte de cozinhar e de bem receber, procurando sempre o convívio com a clientela e estimulando o gosto pela harmonização.
Percebe-se que, para lá do negócio, há também o culto pelo ambiente de convívio como só a partilha gastronómica pode proporcionar. E essa é a vertente mais interessante deste Delicatum, que frequentemente promove encontros de degustação e com produtores de vinhos.
O gosto pelos vinhos apercebe-se pela lista abrangente, com o cuidado de incluir todas as regiões, as mais recentes novidades e uma boa relação entre a qualidade e o preço. Vinhos de fama e preços exorbitantes estão excluídos. Há copos adequados para os diversos tipos de vinhos, armários de temperatura e máquinas de vácuo.
Para possibilitar uma mais ampla oportunidade de provas e de harmonizações, quase todos os vinhos podem ser servidos a copo - espumantes e vinhos de sobremesa incluídos - e nas garrafas é cobrado apenas um acréscimo de quatro euros sobre os preços de garrafeira. A ideia é que os clientes possam levar também para casa os vinhos que mais apreciem. Um exemplo!
- Nome
- Delicatum
- Local
- Braga, São Vicente, Travessa do Taxa, 2
- Telefone
- 253619584
- Horarios
- Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira e Quinta-feira das 08:00 às 00:00
e Sexta-feira das 08:00 às 02:00
e Sábado das 19:00 às 02:00
- Website
- https://www.facebook.com/DelicatumBraga
- Preço
- 20€
- Cozinha
- Portuguesa Contemporânea
