Fugas - restaurantes e bares

Vera Moutinho

No pomar do paraíso

Por Joana Gorjão Henriques ,

É difícil lá chegar sem ser de táxi. Mas no Paraíso Tropical tem-se, de facto, a experiência de estar nos trópicos. Aconselha-se a ir de dia para dar uma volta ao pomar de Beto Pimentel, o chef e o dono.

É ele que fornece uma pequena parte da matéria-prima desta cozinha, como as ervas – outra parte vem da fazenda do próprio, que tem 35 mil pés de frutas e fica a 100 quilómetros dali.

O problema vai ser encontrar uma forma de não beber suco atrás de suco – que na verdade é mais um gelado. Feito de frutas da época – goiaba, tamarindo ou manga, etc –, sempre misturado com coco fresco, o suco-gelado vai-se derretendo no copo e na boca e quando acaba deixa vontade de provar o próximo.

Beto Pimentel, agrónomo de formação, abriu o restaurante há 28 anos. Tem ganho vários prémios e este é dos restaurantes mais conhecidos de Salvador. A aposta é na releitura da cozinha bahiana, com “criatividade”, fazendo assim “comida modernizada, que acompanhou a evolução da ciência”. Por exemplo, a sua moqueca tem frutas e é mais saudável do que a tradicional: “A tradicional é feita com azeite de dendê, que vai a 500 mil graus de temperatura, e já tudo foi descaracterizado. Os nutrientes foram eliminados: o leite de coco é muito calórico fica horas fervendo e vira óleo de coco. [A minha cozinha] é a única que não usa água na cozinha a não ser água de coco verde.”

Assim, a moqueca de camarão com peixe de Beto Pimental leva caldo de cacau, de graviola, leva tangerina, biribiri, limão, caldinho da pitanga, e é cozido na água de coco verde. A salada tropical “só existe aqui”: é feita de “coquinho verde do olicuri (uma coisa nossa da Bahia); tem uma amêndoa maravilhosa; tem o maturi, manga, coco picadinho, o biribiri que é essa frutinha maravilhosa da família das oxalidáceas”. Para o dandá de camarão faz-se “um creme do inhame, da castanha verde do caju , da mandioca”, mistura-se, tempera-se com gengibre, “bate-se com camarão defumado, camarão fresco, cebola, um pouquinho de castanha de caju seca e de amendoim batido”.

Filosofia de Beto Pimentel: “A cozinha tem que ter raiz, tem que ter a cara da nossa terra. Tem que ser elaborada para os sentidos e com muito amor – porque quando a alma sussurra ao coração, o paladar agradece.”

Nome
Paraíso Tropical – Beto Pimentel
Local
Estrangeiro, Brasil, Rua Edgar Loureiro, 98B - Resgate - Cabula - Salvador
Telefone
+55 (71) - 3384-7464
Website
http://www.restauranteparaisotropical.com.br/
--%>