De um lado, uma parede coberta com vitrinas cheias de velharias, do outro, quadros antigos com molduras douradas. Bibelôs, porcelanas, malas e bijuterias enchem as prateleiras. Os candelabros, com vários braços, chamam a atenção para o tecto. Os barrotes antigos foram preservados mas tapados com acrílico para não largar caliça nem poeira. O Arco da Velha abriu em Maio, depois das obras de requalificação do Cais do Sodré, e quer fazer uma ponte entre o vintage e a modernidade.
Entre pequenas mesas com naperons e sofás antigos, alguns já coçados, outros com almofadas em veludo, há um quadro que se destaca dos demais. “É uma velha a escolher porcelanas, com um xaile à portuguesa de flores e rendas e um carrapito no alto da cabeça”, conta à Fugas António Vicente, sócio do espaço e arqueólogo de profissão.
A pintura impressionista, que dá nome à casa, faz parte do espólio da antiga loja de velharias que ali existia, assim como o resto da mobília. “Quando abri a loja, comprei o quadro da velha num leilão. É de um pintor português chamado Fernando Santos”, explica António Vicente.
Depois do negócio das velharias ter deixado de funcionar, o espaço passou por várias obras e o proprietário, que já trabalhou em hotelaria, quis concretizar o sonho de misturar as velharias com o chá. “Arrisquei decapar o arco para ver se era em pedra. Depois de tirar as três camadas de cimento, chegámos a este resultado”, diz. O nome foi o passo seguinte. “Tendo a velha e o arco, ficou Arco da Velha. Fica no ouvido e remete para uma coisa que ninguém está à espera”.
Com um ambiente romântico, música jazz e blues, quem por ali passa não fica indiferente. Na montra está o principal ponto de interesse: um “palco” com uma mesa e duas cadeiras. “É um cantinho à francesa”, nota António Vicente. “Basta ir a Paris para comprovar que as mesas mais apetecíveis são aquelas que estão nas montras. No Inverno as pessoas gostam de estar resguardadas pelo vidro a ver cair a chuva”, acrescenta o arqueólogo, que acredita que este conceito “cá também vai funcionar”. Para já, é sempre a primeira mesa a ser ocupada. “As pessoas acham graça”, diz Filomena Sousa, a outra sócia do Arco da Velha.
Ao fundo, o balcão, feito de um móvel de madeira com inúmeras gavetas, apresenta uma larga variedade de quiches e bolos, tudo de fabrico caseiro. Mas o menu não é fixo, muda consoante os produtos frescos que houver no mercado. “Preparamos tudo como se estivéssemos em nossa casa, não há uma carta fixa que nos obrigue a ter determinada receita”, afirma António Vicente. “É tudo confeccionado entre a Bimby e o forno eléctrico. Tentamos arranjar pratos que possam ser feitos numa cozinha deste género”, diz, mas admite que há alguns bolos recorrentes, feitos a pedido dos clientes, como “a tarte de amêndoa, o bolo de iogurte com morangos ou o pudim de mel”.
Para já, apesar da proximidade com o renovado Mercado da Ribeira, o balanço é positivo. “O primeiro pensamento das pessoas quando vêm para estes lados é ir para o Mercado ou para a rua cor-de-rosa mas alguns chegam ali, vêem que está muita confusão, muito barulho e fogem para este lado”, diz Filomena Sousa. É através da página de Facebook, onde colocam diariamente os pratos disponíveis, que vão recebendo o feedback de várias pessoas, tanto estrangeiros como portugueses.
- Nome
- Arco da Velha
- Local
- Lisboa, São Paulo, Rua de São Paulo, 184/186
- Telefone
- 966788171
- Horarios
- Todos os dias das 10:00 às 23:00
- Website
- https://www.facebook.com/casaarcodavelha/