O novo restaurante, que já abriu portas, é um projecto de Rita Filipe, de 36 anos, vinda da área do marketing e que, na descrição que faz de si própria, diz que o gosto pela comida vem muito das brincadeiras de férias, em Vila Nova de Gaia, brincando “às lojinhas” na mercearia do avô e na drogaria da tia. Mas tinha consciência que não sabia de cozinha o suficiente para ficar à frente de um restaurante, e por isso, quando decidiu avançar para este projecto, procurou um chef consultor. Encontrou o Hugo Nascimento, responsável, com Vítor Sobral, dos restaurantes Tasca da Esquina e Cervejaria da Esquina, e autor do recentemente publicado Livro das Sanduíches do Chef Hugo Nascimento.
Juntos conceberam um menu com uma apresentação original. “Não somos um espaço de cozinha de autor, o que procurávamos eram receitas tradicionais”, explica Rita. “E como isto é uma despensa real, resolvemos dividir a ementa não por entradas, pratos e sobremesas, mas por utensílios”. Assim, e num restaurante que é pensado para partilhar pratos, aparecem as assadeiras com chouriço assado de Proença-a-Nova, alheira reserva especial de caça ou morcela de cominhos da Guarda; as malgas com caldo verde, sopa alentejana ou (na época delas) caldo de castanhas; as tábuas DOP com selecção de queijos, enchidos e presuntos; as ardósias com torricados de sardinha petinga, de queijo de ovelha, abóbora, mel e pinhão, ou de polvo com tomate fresco e pimento; os púcaros com batatas fritas ou peixinhos da horta; as frigideiras, com ovos mexidos; os cestos com pataniscas, pastéis de bacalhau ou rissóis; as travessas com ameijoas à Bulhão Pato ou saladas de polvo, cavala, ou bacalhau e grão; os tachos com arroz de berbigão, de feijão, de grelos, ou com migas; e por fim os frascos e as formas com sobremesas.
O objectivo foi sempre oferecer uma “cozinha portuguesa genuína”, não só aos estrangeiros mas também aos portugueses, e contrariar o espírito de alguns restaurantes que se apresentam como sendo de petiscos portugueses e que usam produtos como a rúcula que não fazem sentido nesse contexto, diz Rita, garantindo não estar preocupada com o grande número de espaços novos de petiscos que têm vindo a abrir no país, porque acredita na originalidade d'A Ucharia.
Quanto ao vinho, há a possibilidade de pedir apenas um copo, ou de optar por uma garrafa (com preços a partir dos 17 euros, e com um máximo de 62 euros). A carta apresenta uma boa selecção de referências das grandes regiões vinícolas, com destaque para o Douro em primeiro lugar, o Alentejo em segundo, e estando a região de Lisboa-Tejo ainda timidamente representada.
Para se apresentar oficialmente, a Ucharia organizou um magusto no dia de São Martinho. Hugo Nascimento estava na cozinha, a ajudar a preparar as castanhas, que depois eram assadas num fogareiro no pequeno, mas muito agradável, pátio no exterior do restaurante.
A Ucharia tem, no total, 60 lugares, oito deles ao balcão, e 16 no pátio. O espaço, que anteriormente parecia mais pequeno, tornou-se bastante mais amplo porque as paredes do lado direito de quem entra foram forradas com espelhos. Em frente destas, há móveis com produtos para venda, de vinho a azeite, passando pelas conservas – tudo no espírito de uma despensa real, como sublinha a proprietária.
- Nome
- A Ucharia
- Local
- Lisboa, Mercês, Praça do Príncipe Real, 5A
- Telefone
- 917633200
- Horarios
- e Terça-feira das 15:00 às 23:30
Domingo, Quarta-feira e Quinta-feira das 10:00 às 23:30
Sexta-feira e Sábado das 10:00 às 00:30
- Website
- http://www.aucharia.pt/
- Preço
- 25€
- Cozinha
- Autor
- Observações
- Mercearia especializada. Bar.
- Espaço para fumadores
- Não