Fugas - restaurantes e bares

  • Nuno Ferreira Santos
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O nome regressa mas a história é diferente

Por Mara Gonçalves ,

O mítico bar do Cais do Sodré, em Lisboa, está de volta. Mas desengane-se quem espera vir aqui reencontrar o passado.

O nome foi restituído (após uns meses com outra denominação e mote), porque “tem 40 anos de história e faz parte do Cais do Sodré”, mas quase tudo o resto está agora diferente. “Já não podíamos voltar aos afters [imagem de marca dos últimos anos de funcionamento do Copenhagen] nem à decoração que tinha, por isso a ideia foi rejuvenescer, fazer uma coisa mais actual”, conta Guilherme Clara que, juntamente com Catarina Monteiro, está à frente da “reinvenção” do velho Copenhagen.

As dezenas de espelhos, característica de outras décadas e bares da zona, já não existem. Ficaram apenas os dois “aquários” com estantes de garrafas atrás do balcão, agora em destaque sobre a parede azul petróleo, onde sobressai o novo logótipo a dourado (a sereia, símbolo da capital dinamarquesa, voltou moderna e estilizada).

Na decoração, há um regresso às origens, não do bar mas do Cais do Sodré — antigo ancoradouro de navios, marinheiros e má fama —, com a utilização de muita madeira. Nas mesas, um curioso pormenor: o centro é rasgado por uma comprida caleira de aço, que se enche de gelo para refrescar as garrafas.

Mas é o mural desenhado por Fábio Lavareda que capta de imediato a atenção, onde desfilam caricaturas em memória do velho cais. O objectivo era que fosse sendo substituído com frequência mas os dois gerentes confessam que se “apegaram” à ilustração. “Já faz parte da casa, por isso ainda não sabemos se vamos modificar para breve ou para o ano, mas a ideia é que cada elemento que aqui existe seja alterado ao longo do tempo”, conta Catarina.

Com o novo ar “rústico” e “afável” desaparece também a antiga mística de discoteca decadente, assim como a música electrónica e grande parte do rock. As noites são agora sobretudo de hip hop e R&B. “Não havia aqui no Cais do Sodré e fazia falta”, defende Catarina Monteiro.

A programação, uma das principais apostas da nova gerência, quer ter tanto de ecléctica quanto de regular. Este mês haverá mexidas entre os dias da semana, mas as quartas são geralmente de afrobaile com DJ Lucky, as quintas têm música ao vivo (onde volta o rock mas também outras sonoridades num género de jam session), à sexta há DJ convidados (sendo que a primeira sexta do mês é sempre com Davide Pinheiro e a segunda com Vasco Sensy e João M) e os sábados são animados por Fresh P, o DJ residente. A partir de Dezembro, “está previsto” haver também concertos de jazz à terça-feira.

“O objectivo é criar, não os mesmos momentos porque as coisas são diferentes e o Copenhagen também tinha algumas associações menos positivas, mas trazer de volta a diversão, o bom ambiente e as boas memórias”, defende Guilherme. Se antigamente as noites duravam até o sol brilhar alto, agora pretendem “ser os primeiros deste lado [do Cais do Sodré] que não são uma discoteca”. A ideia é ser um um ponto de encontro para o início da noite e um bar “naturalmente dançante”, mas também um espaço que se transfigura ao sabor das ideias e sinergias.

Organizam jantares de grupo, recebem eventos e workshops (este mês há uma sessão de maquilhagem no dia 19 e de cocktails a 26). No bengaleiro, uma vitrine acrescentada pelo breve Angelis é agora utilizada para “promover marcas interessantes”, conta Catarina. Os artigos não estão à venda, mas o cartão dá descontos nas lojas ali expostas (por estes dias a montra é dos presentes da Capitão Lisboa). No futuro pode vir a haver comida no menu, uma expansão para o primeiro andar (agora zona de arrumação) e até “matinés em memória dos afters, a pedido de várias famílias”.

Nome
Copenhagen
Local
Lisboa, São Paulo, Rua de São Paulo, 8/10
Telefone
917114670
Horarios
Domingo, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 22:00 às 04:00
Website
https://www.facebook.com/copenhagenbarlisboa
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