Fugas - restaurantes e bares

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Ladies and gentlemen, o "primeiro pub verdadeiramente britânico" de Lisboa

Por Mara Gonçalves ,

The George abre no Reino Unido do Chiado. Aqui, a cerveja e o desporto são acompanhados de muita gastronomia. Por entre sofás confortáveis, ícones e jornais britânicos, viaja-se à 'good old Blighty' em plena Lisboa.

Saímos do metro na estação Baixa-Chiado em direcção à esquadria pombalina e mal pomos o pé na rua já o vislumbramos à direita: sobre aquele rés-do-chão debruçam-se toldos pretos, floreiras ainda tímidas, antigos candeeiros de rua e letreiros oscilantes. Se o cenário ainda deixar dúvidas, a tabuleta confirmará em letras douradas: esta é uma public house ou, utilizando o diminutivo mais comum, um pub. O primeiro verdadeiramente inglês em Lisboa, garante o gerente, Gonçalo Bita Bota. “Os que existiam até agora são irlandeses, mais vocacionados para as bebidas, diversão e festa. Nós obviamente que queremos ter isso tudo, mas sempre com uma atenção especial para a cozinha”, indica.

Não faltam, por isso, fish and chips (feito com bacalhau fresco, peixe do dia ou choco frito), bife Wellington ou o tradicional pequeno-almoço inglês (servido até às 18h e com uma apresentação gourmet que recria visualmente uma quinta). E ao domingo, o típico sunday roast promete trazer mais um pouco da good old Blighty à luz lisboeta: cinco variedades de carne assada à escolha — vaca, veado, borrego, porco e frango —, acompanhadas de legumes, batatas assadas e gravy (molho de carne). Contudo — e porque “a cozinha inglesa tem sempre aquela fama de não ser muito boa” —, há “pratos de quase todo o mundo”, desde o bacalhau confitado português ao ceviche peruano, passando pelo tataki de atum japonês ou pelo caril da Malásia. Até o pastel de nata recebeu um twist: folhado de nata, gelado de Baileys e redução de café.

O objectivo, assume Gonçalo, é tentar “agradar a toda a gente” e, por isso, as cartas alargam-se de escolhas, não só na comida mas, principalmente, na bebida. É que, não nos esqueçamos, estamos num pub: aqui a vertente gastronómica será sempre acompanhada de música “um bocadinho mais alta”, desporto na televisão (e para tal há três ecrãs e uma tela gigante), concertos (“praticamente todos os dias, das 22h às 24h, e aos domingos das 17h às 19h”) e, claro, muitos copos a circular, até à última badalada do pequeno sino dourado junto ao balcão. “Toca meia hora antes de o bar fechar, ao mesmo tempo que o barman grita ‘Last orders! Última rodada!’ [para já assim mesmo, em inglês e em português, mais tarde talvez apenas na língua de sua majestade], e quinze minutos depois toca outra vez, para indicar que já não é possível pedir mais”, explica o responsável.

Até lá, é escolher entre as 130 bebidas diferentes, quase 200 se acrescentarmos a carta de vinhos (todos portugueses, exceptuando cinco “ícones do mundo”). O destaque vai, contudo, obviamente para a cerveja, ou não estivéssemos num pub: existem 14 de pressão, três delas “novidade total” em Lisboa — London Pride, Peroni e Carling —, sempre servidas na britânica medida pint, e 17 cervejas de garrafa. Depois, o menu vai-se desdobrando em dezenas de cocktails, whiskies, brandies, gins, vodkas, tequilas, licores. “É aliciante um cliente vir e não saber muito bem o que escolher, acaba também por experimentar coisas novas”, defende o responsável, acrescentando que a existência de uma grande variedade é, contudo, “muito típica de pub”.

E Gonçalo saberá do que fala. Afinal, viveu sete anos em Londres, cinco deles a gerir um pub. O objectivo era abrir o seu próprio espaço na capital inglesa, e já tinha visto alguns sítios com potencial, quando “uma semana de férias” em Lisboa “mudou completamente a visão que tinha sobre a cidade” e o destino final do projecto. “É incrível a maneira como o turismo se desenvolveu e como os próprios lisboetas começaram a adorar mais Lisboa”, comenta. Duas semanas depois voltava para visitar aquele antigo armazém da Papelaria Fernandes (entretanto uma hamburgueria), apaixonava-se pela localização e pelas arcadas pombalinas que se multiplicam pelas duas salas (e que as paredes bordeaux realçam ainda mais) e assinava contrato no dia seguinte. “Num mês deixei a minha vida de Londres, muito organizada e fácil, para vir para Portugal”, recorda, destacando que este é também um projecto de família, partilhado com o irmão, a irmã e o pai, sendo o próprio nome do bar uma homenagem ao patriarca. “É um nome muito típico de pub e também tem a ver com a realeza e o futuro rei de Inglaterra, mas o principal era que tivesse mesmo significado para nós, então fizemos uma pequena homenagem ao nosso pai, que se chama Jorge”, conta.

Este lado mais familiar é algo que querem igualmente imprimir ao bar, tanto no “contacto mais pessoal com o cliente” como no “ambiente confortável e acolhedor”. Uma public house é isso mesmo, defende: “Um sítio público mas onde as pessoas se sintam em casa”. Um lar inglês, portanto — dividido entre a sala de jantar, mais virada para a restauração, e sala de estar, mais lounge —, onde não faltam sofás e cadeirões de cabedal castanho, relógios de parede, quadros com bucólicas paisagens britânicas ou a famosa cabine telefónica vermelha, candeeiros de pé alto, jornais ingleses, almofadas de bigode enrolado e tapete de pele tigrada. Brevemente haverá ainda um mui britânico chá das cinco e festas temáticas, calendarizadas segundo as datas celebradas na Grã-Bretanha.

“Queremos que os ingleses que vivem em Lisboa e nas redondezas se sintam um pouco em casa, que os turistas também venham, claro, mas especialmente que os portugueses adoptem este conceito.” “Se resulta tão bem em Inglaterra e um pouco pelo mundo inteiro, porque razão não haveria de resultar em Lisboa”? Why not?

Nome
The George
Local
Lisboa, São Nicolau, Rua do Crucifixo, 58
Telefone
213460596
Horarios
Todos os dias das 12:00 às 02:00
Website
https://www.facebook.com/thegeorgelisbon
Observações
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