Ao entrarmos quase não damos pela mudança. O mobiliário é o mesmo, deixado nos antigos recantos, dos velhos sofás de cabedal aos cadeirões cobertos de notas de música, das cadeiras ao aparador de madeira pintada. Apenas as paredes denunciam a alteração do conceito: os instrumentos musicais foram substituídos por quadros de diferentes marcas de cerveja. “Foi uma opção minha, primeiro por questões financeiras e depois porque o espaço já estava interessante, não valia a pena alterar muito. Queria apenas pôr algumas referências à cerveja e manter o espaço minimalista, sem exagerar nem meter coisinhas bonitas de mais”, conta Diogo Coelho, gerente do novo espaço. As músicas do mundo que agitaram a casa nos últimos três anos deram lugar ao som ambiente, mas por aqui ainda se viaja pelo globo, agora nos paladares de uma extensa lista de cervejas de 21 países, desde Alemanha, Bélgica ou Estados Unidos à China, Austrália ou Rússia.
Afinal de contas, a cerveja é quem mais ordena, com um lema que se faz sobretudo de números: “Ter a maior oferta do país, tanto em quantidade como em qualidade.” São mais de 200 rótulos em garrafa e seis de pressão, entre uma grande diversidade de estilos e de origens.
O objectivo, avança Diogo, é “educar o consumidor sobre os vários tipos de cerveja que existem” e “alterar um pouco a imagem que as pessoas têm desta bebida”. “A maioria acha que há cerveja branca e preta ou que existem apenas a alemã e a belga, mas não é bem assim, há dezenas e dezenas de estilos de cerveja diferentes.” A confirmá-lo está o menu, numa versão de 50 páginas que se assemelha ao folhear de uma revista, onde vem explicado cada tipo e subtipo de cerveja, seguido da listagem dos rótulos disponíveis (com indicação do país de origem, estilo, taxa de alcoolemia, quantidade e preço).
A ideia, confessa, é “converter as pessoas”, tal como lhe aconteceu em 2009, quando fez Erasmus na Alemanha. “Antes também bebia a cerveja ‘normal’, mas quando lá estive, e em viagens posteriores, descobri que havia cervejas diferentes e melhores do que aquelas a que estava habituado”, conta. No entanto, a carta inclui igualmente as marcas mais comuns, como a Cristal, a Coral, a Sagres, a Corona ou a Heineken, e outras bebidas, entre whiskies e vodkas. O objectivo é, por um lado, “não excluir ninguém”, tentando converter a pouco e pouco cada cliente, e, por outro, mostrar “que todas as cervejas têm o seu lugar”.
Há muitas artesanais, que estão cada vez mais em voga em Portugal (com a ascensão de várias marcas portuguesas), mas também várias produtoras industriais ou comerciais, porque entre elas estão também algumas “das melhores do mundo”. Há marcas com dezenas de anos e outras acabadas de nascer, há lagers (“as mais normais”), weissbiers (à base de trigo), ales (“que podem ser belgas ou anglo-saxónicas”), stouts e porters (“as pretas”), IPA (“as mais amargas”) e as abadias e trapistas (“feitas em mosteiros belgas e holandeses”). Na lista cabem ainda cervejas pretas com “toques de chocolate, frutos secos ou café”, fumadas, semelhantes a champanhe, com sabor a frutas, sem glúten e sem álcool. E ainda algumas “exclusivas no país”, como a Anchor Old Foghorn Ale — “uma barley wine norte-americana com quase 10% de teor alcoólico e por isso para beber devagar e degustar, com um sabor muito específico”; ou as Emelisse, “uma marca artesanal holandesa”, que Diogo pensa “também ser novidade em Portugal”.
Além da extensa oferta de cervejas em garrafa, há ainda seis de pressão, que vão sendo alteradas a cada dois ou três meses. São estas que compõem o especial de degustação, principal destaque da ementa de comidas, feita de tostas, tábuas e pequenos snacks. À mesa chegam seis copos de 10cl com as variedades disponíveis em pressão, cada uma acompanhada por um queijo diferente. “A ideia é degustar uma evolução de sabores cada vez mais elaborados, complexos e intensos, ora contrastando, ora juntando cada cerveja e cada queijo.”
Eis a sugestão por estes dias: comece com a Budwiser Budvar e duas fatias de gouda, que são sabores “mais simples e de base”; continue com a Samuel Adams e queijo brie, “um bocadinho mais elaborados mas ainda fáceis”; depois a Paulaner e chèvre, cujo “sabor amanteigado vai combinar com o trigo da cerveja”; de seguida a KWAK, com edam ou castelões, e a Anchor Porter com “uma fatia de queijo de cabra mais curado e salgado para contrastar com o doce da cerveja preta”; termine com a Punk IPA e queijo da ilha, porque “uma cerveja forte e amarga combina bem com um queijo igualmente forte e com toques picantes”.
- Nome
- LisBeer
- Local
- Lisboa, Sé, Beco do Arco Escuro, 1
- Telefone
- 218864021
- Horarios
- Domingo, Terça-feira, Quarta-feira e Quinta-feira das 16:00 às 02:00
Sexta-feira e Sábado das 16:00 às 03:00
- Website
- https://www.facebook.com/lisbeerbar?fref=ts
- Observações
- Inauguração: 7 de Fevereiro de 2015.