Fugas - restaurantes e bares

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O mar à mesa em varanda única sobre o Tejo

Por José Augusto Moreira ,

Peixes e mariscos frescos preparados à boa maneira tradicional portuguesa. Numa varanda única sobre as águas do Tejo, A Vela serve comidas simples e saborosas que evocam o melhor da cozinha de pescadores.

Estranha-se o nome, mas nem por isso o lugar. Um aprazível varandim literalmente debruçado sobre o luminoso Tejo, ali mesmo ao lado do Padrão dos Descobrimentos e em contexto e ambiente marinheiros.

O restaurante da Associação Regional de Vela do Centro é um daqueles espaços que, como diz Marcelo Rebelo de Sousa, nem lembra ao careca! Num velho pavilhão atafulhado com embarcações e apetrechos para a náutica de recreio, em frente ao rio mas com o mar à mesa.

Destaca-se pelos peixes e mariscos frescos, quase sempre em comidas simples e saborosas que evocam as tradições das cozinhas de pescadores. E mesmo sendo a marinhagem e envolvência de contexto moderno e desportivo, a cozinha evoca antes as artes da pesca, os gostos simples e as tradições daqueles que fazem do mar o seu local de trabalho.

Os pavilhões são os que em 1940 foram “provisoriamente” levantados para a Exposição do Mundo Português, utilizada pelo Estado Novo para exaltar os feitos e glórias da expansão marítima. Em quase todos há também outros estabelecimentos do género, sendo este o único que faz esquina, ou seja, ao mesmo tempo com frente para o Tejo e para a marina de recreio.

O restaurante fica num espaço elevado, havendo uma escada interior com vista para o ambiente de oficina e garagem que leva até porta metálica de acesso. Primeiro um balcão e algumas mesas voltados para a zona interior, onde se podem ver os viveiros com alguns crustáceos e, ao que nos informaram, ao almoço se servem também refeições mais ligeiras e económicas.

A sala, rectangular e com as mesas alinhadas na perpendicular ao Tejo, é uma ampla varanda envidraçada que se projecta em direcção ao rio. Ambiente confortável e amesendação correcta em espaço naturalmente limitado. No que para aqui verdadeiramente interessa, a oferta é alargada e convidativa, desdobrando-se em “entradas”, “sopas”, “mariscos”; os “peixes” e as “carnes” subdivididos em “grelhados” e “outros”; e ainda “guarnições”, “doces” e “frutas”.

Na mesa, começam por colocar o cesto de pão com duas variantes e ainda umas tostinhas barradas com pasta de coentros. Seguem-se saladas de pimentos vermelhos, de tentáculos de polvo e de ovas de peixe e mexilhões, em tacinhas, e ainda um prato com bolinhos de bacalhau (4,50€ cada). Tudo sápido e a funcionar como interessante e prometedora saudação de boas-vindas. A par de queijos e presunto, como “entradas” eram também propostos “joaquinzinhos” (4,50€) e “terrina de gamba nacional” (16,50€).

Percebes do Guincho

Garbosas, consistentes e a inundar o palato com sabor a mar as “percebes” do Guincho (30€/500g). Igualmente de boa natureza e confecção criteriosa as “amêijoas à Bulhão Pato” (17,50€), escolhidas entre as 14 sugestões de “mariscos”, onde se incluíam a gamba nacional (kg/49€), carabineiros grelhados (kg/120€) e lavagante cozido, grelhado ou com arroz de alho (kg/70€).

De entre os “grelhados” de peixes, escolheu-se o “pregado (com açorda de ovas)” (1,370kg/58,91€). Grelhado às postas, suculentas e de textura firme como mandam os melhores cânones, fez-se à mesa em longa travessa e acolitado por outras mais pequenas com a açorda, esparregado de grelos e batatinhas “a murro” assadas. Peixe fresco e delicado, sabores marcados e consistentes nos acompanhamentos, num conjunto de excelência à boa maneira tradicional da cozinha de pescadores.

Nas comidas de tacho, o mesmo caminho da perfeição com a “massinha de garoupa” (35€/2 pessoas). Peixe de qualidade suprema, confecção cuidada e sabedora com a pasta al dente e o pescado a desprender-se em lascas consistentes e a não se deixarem impregnar ou contaminar pela saborosa calda com perfume de tomate. É esta a essência da grande cozinha de mar à portuguesa.

A par do pregado, entre a dúzia de “grelhados”, oferecia-se besugo, cherne, corvina nacional, dourada, garoupa,linguado, robalo, salmonete e sargo, com preços por quilo a variar entre 31 e 60€. Nos cozinhados de tacho, os “outros”, as propostas iam desde os arrozes (mariscos, lagosta, pargo e tamboril) à “cataplana rica do mar” e “massinha de tamboril”, sempre doses para duas pessoas (35/49,50€). “Tranches de Garoupa à Bulhão Pato” (14,50€), “filetes de peixe-galo com açorda de ovas (14,50€), “ovas cozidas com todos” (14,50€) e os bacalhaus (cozido ou ?? lagareiro/14,50€) completavam a oferta da lista, à qual, no dia da visita da Fugas. tinham sido ainda acrescentados o “caril de gambas” e um “folhado de salmão”.

Em ambiente marinheiro e com tão convidativa e variada oferta de pescados, presume-se até que por estes sítios a carne seja mesmo pecado e o seu cheiro coisa rara. Por nós, nem o sentimos, se bem que as ofertas sejam igualmente variadas entre as “grelhadas” e as “outras”. Das espetadas à “costeleta de novilho”, “lagartinho ao pimenta”, “picanha”, “naco de novilho” e “secretos de porco preto”, nas primeiras; aos “lombinhos de vitela com natas e cogumelos”, folhados (perdiz e pato), bifes (do lombo à portuguesa, ao pimenta, com natas e cogumelos), com molho à casa ou na frigideira à portuguesa, no que às restantes diz respeito. Tudo com o preço por dose a andar entre 12,50 e 17,50€.

Provou-se também a “torta de laranja” (3,95€) e um interessante “bolo de mousse de chocolate” (3,95€) para comprovar que a componente doceira nunca foi coisa de destaque em cozinha de pescadores, se bem que neste poiso da Associação Regional de Vela do Centro a oferta se alargue quase até à dezena e meia de variantes.

Alargada também, mas louvavelmente sem modismos ou desvario nos preços, é a oferta de vinhos, abrangendo de forma satisfatória todas as regiões. Como exemplo, o Contacto Alvarinho (19€), de Anselmo Mendes, cuja estrutura, frescura e vivacidade se deu na perfeição com a envolvência e delicadeza dos peixes, tanto no grelhado como com a garoupa da massada.

Em contexto afável e despretensioso, o serviço mostra-se atento e eficaz, fazendo com que este poiso associativo se assuma como um espaço mais que recomendável para peixes e mariscos.

Nome
A Vela
Local
Lisboa, Santa Maria de Belém, Avenida Brasília - Doca de Recreio de Belém
Telefone
213642711
Horarios
Terça a Sábado das 12:00 às 22:00
Domingo das 12:00 às 16:00
Website
https://www.facebook.com/restaurantes.em.belem
Preço
25€
Cozinha
Peixe e Marisco
Observações
Restaurante da Associação Regional de Vela do Centro.
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