Por terras de Xabregas-Beato, um palácio das artes anda a fazer mexer o bairro e quer receber cada vez mais convidados. O EKA Palace abriu em Setembro no edifício do século XVII da Vila Maria Luísa, antiga vila operária, e, entre muitas artes e artistas, esta associação sem fins lucrativos junta agora uma atracção especial ao projecto: um terraço-jardim que prolonga o café e bar e que promete ser um recanto de bem-estar. Não se espere o luxo turístico do centro nem vistas de postal ilustrado. Aqui o luxo conjuga-se em criatividade, boa vontade e bons ares. O terraço recebeu o nome de floating garden e quer ser uma “esplanada pouco convencional”.
Entrámos pelo pátio da vila e à nossa frente eis o palácio, entre a solidez e as marcas do tempo, obra em construção. Lá em cima, esvoaçam os primeiros sinais do novo terraço, entre plantas e verde e uns tecidos coloridos nos ares. Um átrio monumental acolhe-nos e mostra como este é um palácio ainda mais vivido do que parecia: vamos pela escadaria admirando velhos azulejos e novos desenhos: são dedicados à Primavera e criados pelos mais jovens artistas da vila, que no primeiro piso funciona uma escola.
Já no piso superior, fica o EKA. As salas são um caos ordenado artístico, entre móveis recuperados, paredes desenhadas, quadros e instalações, peças de arte criadas ou em criação, símbolos e estatuetas que unem culturas, um tecto decorado a chapéus-de-chuva, um pátio cheio de gente a criar.
No café-sala de estar abrem-se as portas para o "terraço-jardim", espaço aberto a vista interior de bairro. Há velhas mesas e cadeiras, puffs pintados, quase-camas, bancos reinventados. E, acima de tudo, um jardim em desenvolvimento com as mais variadas e coloridas plantas. Há caixinhas com várias maravilhas, de tomates a pimentos ou suculentas. Há quadros de madeira na parede com vasos de flores, há caixas transparentes com cactos, há plantas em garrafas cortadas reaproveitadas, há até uma sanita tornada vaso de onde desponta um grande cacto.
A ideia é tornar isto um “espaço multifunção”, juntar “as pessoas do bairro e de fora para virem aqui estar com os amigos, com as crianças, ouvirem um DJ, um concerto, teatro ou poesia”, diz-nos Dilen, 36 anos, mentor do EKA, músico e produtor. “É um espaço de toda a gente”, resume. Eurica, 34 anos, co-fundadora, artista visual e bailarina, explica: “Não queríamos apenas mais uma esplanada e como esta zona de Xabregas é considerada ainda uma zona industrial, e até um pouco marginalizada, achámos que seria interessante o contraste de um jardim no meio de todos estes edifícios.”
Já a tomar conta do jardim, está a jovem Lúcia, 21 anos. “É um trabalho de equipa, todos contribuímos”, assegura. As contribuições chegaram de todo o lado: “As plantas foram dadas, oferecidas pela câmara ou pelo Horto do Campo Grande.” “Até pela minha avó”, ri-se Lúcia, sublinhando que “ainda não está acabado”. Querem criar um sistema de rega auto-sustentável, haverá um jogo de iluminação (que à noite, garantem, é já “linda”), até projecções holográficas.
E, reforça Dilen, este é um projecto que começou com “zero cêntimos”. “Queremos provar que se podem fazer as coisas com muita vontade e muito trabalho. Pusemos chão, pintamos chão, fizemos tudo.” O terraço, lembra Eurica, é para ser também uma “montra para a rua do que se passa aqui dentro”.
- Nome
- Bar EKA Palace
- Local
- Lisboa, Santa Catarina, Calçada de Dom Gastão, 12 - Porta 8
- Telefone
- 216005575
- Horarios
- Domingo, Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira e Quinta-feira das 13:00 às 21:00
Sexta-feira e Sábado das 13:00 às 00:00
- Website
- https://www.facebook.com/palace.EKA
