“A escolha da cozinha francesa é um bocadinho uma homenagem àquele senhor que está ali”. Com um gesto de cabeça, Olivier indica o seu pai, o chef Michel da Costa, que está sentado numa mesa próxima na sala de refeições do novo restaurante do filho, o Petit Palais, instalado num palacete na Rua Rosa Araújo, em Lisboa.
Desde que, a convite de um amigo, entrou pela primeira vez neste palacete que estava fechado e que foi a casa do empresário e coleccionador António Medeiros e Almeida (fica ao lado do museu da Fundação Medeiros e Almeida e pertence a esta), Olivier decidiu que queria abrir aqui um novo projecto — que se junta assim ao seu “império” que inclui o Olivier Avenida, o Guilty, o Honra, o Yakuza e, mais recentemente, o K.O.B.
Cozinha francesa, portanto (o pai, Michel, nasceu em Marrocos quando este era ainda um protectorado francês e formou-se em hotelaria em França). Frederico Carvalho, que é chef executivo dos restaurantes de Olivier, não se sentia tão à vontade com a cozinha clássica francesa, por isso a opção foi contratar um chef francês. Assim, na cozinha do Petit Palais está Bechir Kabtni, de origem tunisina mas nascido no Mónaco, que trabalha ao lado da sua mulher, chef pasteleira, Julie.
Depois de uma complicada odisseia de obras (chegou a ser noticiada a abertura do Petit Palais no ano passado, mas foi adiada), o palacete abre finalmente ao público com pompa e circunstância. Porteiro à porta, degraus de mármore, e estamos no hall da casa que foi de Medeiros e Almeida.
Aqui a estrutura do palacete mantém-se: à direita uma sala de estar com as paredes em madeira, que funcionará como bar, depois um espaço de transição para o restaurante; à esquerda do hall, uma elegante escadaria com uma janela por trás. A decoração, em veludos, cores quentes e dourados foi, explicam-nos, inspirada na corte de Maria Antonieta.
Se subirmos a escadaria, acedemos ao primeiro andar onde numa casa-de-banho para senhoras podemos lavar as mãos numa mesa de bilhar e onde a antiga capela do palacete foi transformada em bar reservado, com garrafas de champanhe e um plasma onde antes estava o altar.
Voltamos a descer, percorremos a zona do bar e saímos para a antiga varanda da casa que dá, num cenário de planeado efeito dramático, para a grande sala de refeições, lá em baixo, com um jardim vertical, uma fonte e uma cobertura com uma tela de 180 m2 com um trabalho fotográfico inspirado na Revolução Francesa – carruagens, cabeleiras, bustos nus, anquinhas e folhos e até a República (para além do próprio designer responsável por toda a decoração do palacete, Giano Gonçalves, que aparece como personagem no grande épico por cima das nossas cabeças).
Se subirmos a escadaria da entrada, acedemos ao primeiro andar, onde numa casa-de-banho para senhoras podemos lavar as mãos numa mesa de bilhar, e onde a antiga capela do palacete foi transformada em bar reservado, com garrafas de champanhe e um plasma onde antes estava o altar.
Apesar de na altura em que a Fugas visitou o Petit Palais a inauguração oficial ainda não ter acontecido (a festa foi no passado fim-de-semana), já havia clientes a almoçar. Na sua mesa, Michel da Costa provava uma entrada, um prato e uma sobremesa e tomava notas numa folhinha. Olivier troca impressões com ele antes de se sentar na nossa mesa para explicar que, para além da homenagem que quis fazer ao pai, “na Europa a cozinha francesa está a voltar”.
Mas sublinha: “Estou a falar da cozinha ancienne, que é a dos produtos de qualidade, com molhos suaves. Não gosto da nouvelle cuisine, acho um tiro no pé em que os cozinheiros todos se envolveram. Aqui o que temos é um conceito comercial – sempre fui muito comercial nos meus restaurantes – mas com um serviço de qualidade e comida clássica francesa.”
Se tudo correr como Olivier espera, no futuro o Petit Palais poderá evoluir para o conceito de um clube privado, mantendo-se aberto ao público mas oferecendo condições especiais para os membros (que pagarão uma quota de mil euros anuais convertíveis em consumo). Por agora, é um restaurante e bar, onde se pode almoçar ou jantar e beber um copo à tarde ou à noite.
Do menu, Olivier destaca o facto de o foie-gras e o salmão fumado serem “feitos na casa”. O couvert é um sortido de legumes crus acompanhados por um puré de anchovas e uma maionese de citrinos. As entradas (entre os 10 e os 28 euros) incluem, entre outras coisas, ratatouille com migalhas de queijo feta; espargos brancos, ovo mimoso e vinagrete francês; salada de feijão filet com cubos de foie-gras caseiro; terrina de foie-gras com chutney de frutos secos; escargots com manteiga, salsa e alho; caviar francês com blinis; ou gravelax de salmão fumado.
Há um prato vegetariano, raviolis de trufa com molho de parmesão, e nos peixes (preços entre os 32 e os 55 euros) pode-se optar, por exemplo, por um linguado meunière; um camarão tigre gratinado com manteiga Piémontais; ou um crepe de lavagante com molho de crustráceos. A lista de carnes (entre os 22 e os 32 euros) inclui bife tártaro, bife Wellington, jarrete de borrego confitado; ou foie-gras fresco.
Entre as sobremesas, saídas das mãos da talentosa chef pasteleira Julie, recomenda-se a fatia dourada de brioche com gelado de baunilha e o Paris-Brest com creme de pralinè — uma pequena orgia gastronómica num palacete de Lisboa à sombra da tela da Revolução Francesa.
- Nome
- Petit Palais
- Local
- Lisboa, São Mamede, Rua Rosa Araújo, 37
- Telefone
- 931601000
- Horarios
- Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira e Sexta-feira das 12:30 às 15:00 e das 20:00 às 23:30
e Sábado das 20:00 às 23:30
- Website
- http://restaurante-olivier.com/
- Preço
- 60€
- Cozinha
- Francesa
