Venha a Madonna e venha a Lady Gaga. Venha pimba se for preciso e até a abelha Maia. O Pride, que já está de portas abertas no Algarve há seis anos, fez-se à estrada e abriu este mês uma segunda casa, agora em Lisboa e a dois passos do Marquês de Pombal. E não se quer meter com a “cena mais electrónica”, muito menos com o “superfashion”. Aqui, só interessa a festa e a diversão. Temos assim que a grande novidade da noite chancela LGBT não é apenas a mudança de geografias, fora do tradicional Príncipe Real gay. A grande novidade é, até mais, o regresso à disco gay clássica, com a banda sonora da dança a passar por “todas as divas, com canções que todos conhecem a serem dançadas e cantadas”, como nos resume um dos sócios, Arthur Gomes.
Assim que se entra, percebe-se logo esse classicismo que voa entre os anos 70 e 80 até aos dias de hoje. O átrio é engalanado com brilhantes torsos masculinos, vindos da Pride algarvia. Depois descem-se umas escadinhas e aí é que se percebe a dimensão deste orgulho gay. São uns bons 400m2, que se vão dividindo por diferentes cantos e recantos, mais e menos luminosos. No centro dos olhares, a pista de boas dimensões e os balcões de bar. Tudo preparado para ser a alternativa às discos gays alfacinhas mais concorridas, algures entre Trumps e Construction, com uns toques de Finalmente em grande.
“Não vamos rivalizar com estrelas DJ nem com shows de travestis, ficamos no meio. Pode haver um show ou outro pontual, haverá strip masculino e feminino para surpreender e animar. Sem grandes pretensões”, explica-nos o outro sócio, Jorge Gomes. A dupla que agora quer alegrar Lisboa já tem muita experiência neste nicho: ainda antes de abrirem a sua discoteca algarvia, já tinham aberto um Thermas Pride Guesthouse (e spa-sauna). Depois levaram a disco de Albufeira a Vilamoura ou Portimão (embora agora só exista a inicial). Esta nova ponte gay entre Algarve e Lisboa nasceu da “oportunidade”, ao encontrarem o espaço que agora ocupam a dois passos da rua Conde Redondo e que tinha sido uma discoteca africana. “Não quisemos ir para o Bairro Alto ou Príncipe Real, porque a zona está muito inflacionada e há muita concorrência”, conta-nos Jorge. Aqui, vai viver-se a “verdadeira onda pride”, numa casa aberta a toda a gente, venha da comunidade LGBT ou não. É para um “público que quer divertir-se”, explica, “para pessoas que se sintam bem consigo próprias, sem se preocuparem com o que os outros vão pensar”.
“Queremos oferecer uma cena feliz, dançável”, explica-nos depois Vanessa Cotrim, responsável pela programação e comunicação do espaço. E não faz por menos: “Tu queres divertir-te, cantar, dançar? É aqui”. À baila, vem a tradição das discos gays espanholas que são, para todo o tipo de pessoas, um oásis de diversão onde se cantam a plenos pulmões os hits e os hinos pop. “Em Portugal parece que temos vergonha de nos divertirmos com músicas mais fáceis”, opina Jorge, lembrando que a equipa Pride tem “muita experiência desse ambiente festivo no Algarve” e rematando, sem papas na língua nem medos de ser apelidado de “pimba”: “vamos quebrar esse tabu”.
Aberta aos fins-de-semana, a Pride vai dedicar “as sextas mais às meninas, os sábados mais aos meninos” (isto inclui show de strip, porque aqui não há também medos de, como diz Jorge, “assumir o Conde Redondo”). Às sextas, a música é garantida por um DJ residente, que vai mudando a cada mês (este mês, Tita Machado). Aos sábados, há sempre um convidado (este sábado, por exemplo, é o espanhol Frank Gomez que vem mostrar como se animam as hostes).
E como tem sido recebida a Pride pela vizinhança do Conde Redondo e arredores? “Muito bem”, responde Jorge, lembrando até que alguns moradores não gostavam nada do barulho causado pela discoteca anterior. “Connosco não haverá chatices e também andamos a fazer algum charme com os vizinhos. O nosso tipo de público é ordeiro, não vai criar problemas por aqui, numa zona residencial. É uma clientela mais calma, que sai para a rua e não faz barulho”. Pelo menos na rua, porque cá dentro espera-se que esteja toda a gente aos pulos. Haja orgulho na alegria.
- Nome
- Pride Disco (ENCERRADA, REABRIU NO BAIRRO ALTO)
- Local
- Lisboa, Coração de Jesus, Rua Ferreira Lapa, 38 D
- Telefone
- 0
- Horarios
- Sexta e Sábado das 23:00 às 04:00
- Website
- https://www.facebook.com/pridedisco.lisbonclub