Podia intitular-se de taberna, casa de petiscos ou outra coisa qualquer que o nome seria sempre apropriado, mas há que reconhecer que a Casa Vasco tem mesmo a designação que melhor a define. Dito assim parece mera boutade, mas explicando-se que este é mais um espaço da lavra de Vasco Mourão, o empresário que muito tem contribuído para que a Foz tenha um estatuto muito especial no panorama da restauração portuense, a coisa começa a ganhar sentido.
Pois é. Depois de ter estado associado ao sucesso da esplanada da Praia da Luz, ter instituído o Cafeína, implantado o Terra e mais recentemente o Portarossa, a melhor identificação para o último espaço só poderia mesmo ter o nome do criador. Tanto basta para se perceber que por ali há critério, qualidade e bom gosto, mas sobretudo um conceito afinado e ajustado àquilo que são os anseios do cliente.
Pode chamar-se-lhe restaurante ou outra coisa qualquer, que tudo serve para identificar um espaço onde os comes e bebes marcam o ritmo e a partir daí tudo se encaixa para compor um ambiente simples e descontraído, mas ao mesmo tempo elegante e criterioso. Desde logo pela cozinha, que cruza conceitos do mundo com coisas da nossa tradição. Tudo sempre num estilo moderno e bem-posto, com pratos e petiscos elegantes e de apurado sentido gastronómico.
Outra particularidade convidativa está no horário alargado, do meio-dia às duas da manhã, que tanto é apropriado para a refeição canónica, como para uma bebida descontraída, o petisco de fim de tarde ou a cavaqueira e degustação nocturna.
O histórico mostra que a Casa Vasco instalou-se há pouco mais de um ano no espaço onde antes funcionou a Fooding House e o Cafeína Wine & Tapas, uma casinha térrea que fica logo acima do Cafeína e faz esquina com a Rua do Marechal Saldanha. É já nesta que está a entrada e também a convidativa esplanada, que funciona também no tempo frio com a ajuda de espalhadores de calor.
Ao todo, serão aí umas quatro dezenas de lugares, nem todos de grande conforto mas em ambiente descontraído e convidativo. A lista, numa espécie de folheto que se desdobra em quatro partes, é alargada e com ofertas que se desdobram também em capítulos adequados aos diversos momentos e lógicas de refeição ao longo do dia. Excluídos, claro, os pequenos-almoços.
Há os “comes” para a lógica petisqueira; o “made in Portugal”, “peixe na brasa” e “B.B.Q. natural” para as refeições tradicionais; os “verdes” para saladas e afins; “No pão” está a lógica de sandes, seguindo-se os “molhos, quentes e frios, os “complementos”, sobremesas, gelados “home made”, e ainda um sempre útil “para crianças”, com um menu que permite a vinda de toda a família.
Para um almoço tardio de domingo convocámos uns “ovos rancheiros” (4,50€), “lulinhas, peixinhos e gambas panadas” (4,50€), o “ceviche do dia” (6,50€) e o “tártaro de novilho 80gr” (6€). Tudo em elegantes e saborosas combinações e preparação apurada. Precioso o polme que envolvia os peixinhos, ceviche delicado e afinado, com salmão e camarões, tártaro de boa execução na companhia de tostinhas crocantes de pão rústico, e mesmo interessante o ovo estrelado que é servido sobre um taco de pão sul-americano e uma pasta de tomate, cebola e pimentos.
Tudo em pequenas porções, na lógica de petiscos criativos e diversificados e onde o que claramente sobressai é o critério e qualidade da execução culinária.
Nas propostas de “comes” há ainda “tosta de gambas”, “carpaccio ceviche de salmão”, “tataki de salmão com puré de abacate”, “espetada de salsicha fresca”, “taco de chili com carne”, “rolinhos de alheira com chutney” e “tábua de queijos”, com preços entre 4,50 e 7€.
Há também coisas tão tradicionais como “bolinhos de bacalhau com arroz de grelos” (10,50€) ou “cachaço de porco preto com migas de tomate e coentros” (12€), para além do “peixe na brasa” ou as carnes grelhadas, das quais se convocaram o “bife de vazia” (15€) e a “picanha maturada black angus” (15€). Porções generosas de carnes de evidente qualidade e adequadamente tratadas no calor. Acompanharam com gomos de batata assada e delicados grelos salteados, a vazia, e com farófias e batata frita, a picanha. Escolheu-se o molho quente de mostarda e alecrim, com pimenta vermelha, vibrante, fresco e poderoso, a envolver e pôr em evidência o sabor e suculência das carnes.
Numa cozinha que é ao mesmo tempo criativa, moderna e tradicional nota-se a mão segura de Camilo Jaña, o comandante dos fogões do Cafeína, que assume também a responsabilidade (e ainda bem) pelas propostas da Casa Vasco. À inspiração sul-americana (é de origem chilena), junta-se o longo conhecimento dos produtos nacionais.
Decisivo no conceito desta casa é também o critério e variedade da carta de vinhos, com propostas gastronomicamente ajustadas e sensatas em termos de preços, a permitir experiências interessantes e diversificadas. Como exemplo, os Sílica, de Raúl Riba d’Ave, com que alinhámos a nossa experiência. Vinhos excelentes no equilíbrio entre qualidade e preço, mas também de rara elegância e assertividade. Tal como Vasco Mourão, Raúl Riba d’Ave é um sábio da coisa e os seus vinhos deveriam merecer a atenção de todos os apreciadores. Contidos em volume e estrutura, são expressão da fruta da vinha e de um caminho de elegância que aponta ao futuro. Além dos Sílica branco e tinto, do Douro (11€ cada), na carta há também o espumante Sílica, que é da Bairrada (mas a carta não menciona) e mostra por onde podem ir os nossos espumantes de grande consumo.
- Nome
- Casa Vasco
- Local
- Porto, Nevogilde, Rua do Padrão, 152
- Telefone
- 226180602
- Horarios
- Todos os dias das 12:00 às 02:00
- Website
- http://www.casavasco.pt/
- Preço
- 15€
- Cozinha
- Petiscos