Fugas - restaurantes e bares

  • Marco Duarte
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Boa gente e boas comidas

Numa lista que não se alonga na oferta, nota-se o cuidado em proporcionar produtos frescos e da região, a par dos pratos mais representativos da gastronomia local. Há especialidades com dia certo, como é o caso da cabidela com frango pica no chão, às quintas, o cabrito assado em forno a lenha e os rojões à minhota (com arroz de sarrabulho ou papas), ao fim-de-semana. Isto para lá da lampreia, cujo reinado vai até Abril, e do sável com arroz de ovas. Este peixe de temporada começa a aparecer nos rios Lima e Minho com a chegada da Primavera, mas avisam que o melhor é encomendar antecipadamente, de modo a garantir uma fêmea para o arroz de ovas. 

Por enquanto, a oferta de pescados passa pelo peixe fresco grelhado (20€), dependendo do mercado do dia; o bacalhau, assado à lagareiro (14,50€) ou gratinado no forno (13,50€); polvo (lagareiro ou em filetes com arroz de feijão e legumes – 15,50/14€); salmão (11€) ou pescada fresca, grelhada ou em filetes (12€), que se saborearam com prazer. 

Quatro postas altas envoltas em delicada farinha e ovo, bem fritas e escorridas. Pescada branca e translúcida a decompor-se em lascas frescas e saborosas. Acompanhou um arroz caldoso de legumes e feijão vermelho, daqueles que só por si já justificariam a viagem. Brócolos, repolho e couve tronchuda, macia e doce como só as das hortas locais, arroz escorregadio e grão aberto a mostrar a mestria da cozinha, e servido do pequeno pote de barro vidrado que, além da elegância, tem o efeito de preservar a temperatura.

Tão cativante e saboroso que se optou pelo mesmo arroz para a posta de vitela barrosã (15€), um valente naco do lombo que mostra as maiores virtudes quando levemente braseado apenas até que os sucos se começam a soltar. Genuinidade garantida com a denominação de origem, não fosse Ponte da Barca um dos concelhos da área do Gerês onde a carne desta raça é certificada. 

Como não podia deixar de ser, saboreou-se ainda o cabrito assado no forno a lenha (15€), que é igualmente uma das senhas identitárias da gastronomia local. Carnes gulosas e untuosas a descolarem dos ossos e a desfazerem-se em sabor, batatinha assada engordurada e arroz luminoso (do açafrão) de miúdos do chibinho. Uma gulodice!

Há também costeleta de barrosã (15€), presa de porco ibérico grelhada (14€), bife da vazia ou bifinhos aux champignons (13/11€), mas é claro que com aquele cabrito estávamos mais que encomendados!

Das sobremesas, testou-se o leite creme queimado, a mousse de chocolate e um pudim de ovos e laranja, que, sem comprometer, mostram que estamos claramente noutro campeonato no que respeita aos pratos de substância.

Com um serviço despachado e atencioso, nota-se neste Moinho minhoto que estamos não só na companhia de boa comida e de boa gente como há grande critério com a qualidade e genuinidade dos produtos de origem local. Com trabalho culinário cuidado e assertivo e boa apresentação.

A vontade de promover os produtos regionais é também patente na oferta de vinhos, se bem que o resultado não seja o mais feliz. Estão lá os vinhos da adega local e outros da região, mas a carta está longe de reflectir a qualidade e diversidade dos vinhos que actualmente se produzem na região dos Verdes. No mais, os lugares comuns do Douro e do Alentejo e nem particularmente adaptados à oferta gastronómica. Um ou outro Dão e apenas um Bairrada, o Luis Pato Vinhas Velhas Tinto, o que melhor acompanharia o cabrito, mas que estava esgotado. A rever, claramente, os critérios na oferta de vinhos. 

Nome
O Moinho
Local
Ponte da Barca, Ponte da Barca, Campo do Côrro, 1
Telefone
0
Horarios
Domingo, Segunda-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado
Website
www.restauranteomoinho.pt
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