Fugas - restaurantes e bares

  • Manuel Duarte
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Nesta sala de estar também se dança

Por Sara Dias Oliveira ,

Tem lareira, mobiliário antigo, caricaturas nas paredes, vinho e champanhe a copo. A Sala 35, em Santa Maria da Feira, é um bar para conversar, ouvir música e dançar. Sem pressas.

A inspiração veio de longe, de bares vistos por dentro em Nova Iorque, especialmente do Living Room, lá do outro lado do Atlântico. Quando Eduardo Pais decidiu abrir um bar no centro histórico de Santa Maria da Feira, área pejada de lugares de diversão nocturna, tinha uma condição na cabeça. “A ideia não era ser mais um, mas sim algo de referência, algo que não existia”, conta. Cinco meses depois garante que acertou na decisão. “Não foi mais um”, assegura. Sala 35 é um bar que é uma sala de estar para conversar com amigos, beber um copo, ouvir música, bater o pé. Sem pressas, sem olhar para o relógio. 

Eduardo Pais desenhou na sua cabeça um espaço intemporal, um lugar de encontro de várias gerações – e é isso que vemos à nossa volta. Juntou os números 3 e 5 de duas portas da Rua Elísio de Castro num 35 e transformou uma casa antiga num bar onde faz questão que os clientes se sintam confortáveis, que possam conversar com copo na mão e música que não abafa palavras. 

Um bar também pode ser o prolongamento de uma casa, um lugar para beber um copo ao final da tarde ou pela noite dentro. Por isso, conforto é uma palavra-chave assumida pelo dono e sentida por quem ali entra. Há sofás de couro e garrafas de gin transformadas em jarras em cima das mesas. O mobiliário, sobretudo vintage, é usado e antigo, como alguns objectos decorativos de outros tempos. Um gira-disco, uma máquina de costura Singer descoberta no sótão da casa da sogra, e uma lambreta de 1960, ou melhor, uma relíquia que só tem mais duas “irmãs” no nosso país. O chão é de madeira, o tecto tem madeira escura e cortiça. A cortiça é, aliás, um elemento com alguma força. As casas de banho são revestidas com pele do sobreiro de cima a baixo – e o cheiro não engana - e no bar há bancos de cortiça que têm a forma de rolhas de champanhe feitos na fábrica do pai do dono do bar, que cresceu no meio das lides corticeiras. 

E se conforto é uma das premissas deste bar-sala, Eduardo Pais destaca um elemento que, na sua opinião, faz toda a diferença: a salamandra, do lado esquerdo, que aquece o ambiente e não é apenas um elemento decorativo. Ao fundo, está um balcão e ao lado direito uma pequena sala numa zona mais reservada. As paredes estão decoradas com caricaturas de grandes nomes da música internacional feitas à medida do Sala 35. Madonna, Bono Vox, Jimi Hendrix, Rolling Stones, Bob Marley ou Snoop Dogg estão em molduras. Os retratos não passam despercebidos, provocam comentários, e dão amplitude ao espaço. “As caricaturas suavizam a casa e têm alguma piada. Acho que resultou”, comenta Eduardo Pais. 

Bar que é bar tem música e também aqui há cuidados para que os decibéis não atrapalhem conversas. Durante a semana, opta-se sobretudo pelo lado acústico das músicas, aos fins-de-semana a selecção viaja pelo house, new jazz, deep house com DJ residente. E bar que é bar põe todos à vontade. Quem quiser dançar, faça favor. “É um bar onde se pode dançar, mas a ideia não é ser uma discoteca”, avisa o dono. 

Se a ideia é não ser mais um bar igual a todos à volta, então inclua-se na carta vinho a copo e champanhe em flûte. Os vinhos são portugueses, escolhidos a dedo, sobretudo do Douro e do Alentejo. Com champanhe, também há sangria de frutos vermelhos e maracujá. Os gins, e há para vários gostos, ocupam uma página na carta e o cliente tem direito à explicação da história de cada um no momento do pedido. “Há muita preocupação para termos um serviço de excelência”. Eduardo Pais quer um serviço perfeito. E para uma saída à noite, o estômago também não se pode queixar. Há tábuas de presunto, queijo, enchidos. O que cai sempre bem com uma boa conversa entre amigos.  
 

Nome
Sala 35
Local
Santa Maria da Feira, Feira, Rua Elísio de Castro, 3 e 5
Telefone
910429730
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