Fugas - restaurantes e bares

  • Foto histórica na parede do restaurante, que já existe há 70 anos
    Foto histórica na parede do restaurante, que já existe há 70 anos
  • Adriano Miranda
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Rei dos Leitões: Com critério e gosto se consolida o reinado

Uma montra feita por alguém que não bebe  
O que chama de imediato a atenção no Rei dos Leitões é um móvel envidraçado com garrafas de vinho. Só depois reparamos na parafernália de requinhos, de todas as formas e feitios, que povoam a casa. Mal se entra, há uma flûte de espumante à nossa espera. No nosso caso, um belíssimo e fresquíssimo Luís Costa Bruto 2014, das Caves São João, lote de Pinot Noir e Chardonnay. Não há muitos espumantes assim na Bairrada. Bate mesmo inúmeros champanhes. 
Serviu para as boas-vindas e de companhia às entradas e era capaz de aguentar toda a refeição, dada a sua juventude. Mas passámos ao Quinta da Mata Fidalga Reserva Pessoal Bruto 2007, também em grande nível, com uma bolha fina a regurgitar frescura e vivacidade e com uma complexidade que só a idade confere. Como na terra dos lobos se deve uivar com eles, continuou-se com um branco local, o Nossa Calcário 2010, de Filipa Pato. O vinho é bom, mas a ligação com o rodovalho não funcionou bem. Parecia um vinho algo cansado, pesado até, apesar de só ter 12,5% de álcool. Há sempre a possibilidade de o problema estar em nós e não no vinho. 
Por fim — e sem contar com o Porto Vasques de Carvalho 40 anos, que ganhava se tivesse um pouco mais de vinagrinho, para o avivar, e ainda uma bela aguardente do Instituto da Vinha e do Vinho —, veio, com as carnes, o Quinta da Vacariça Garrafeira 2011 Tonel 18, do francês François Chasans. Um biodinâmico que se apaixonou pela Bairrada e pela Baga e que, desde 2008, tem produzido alguns dos tintos mais interessantes da região. 
Feitos sem concessões, são tintos que precisam de tempo e de ar para se mostrarem. Este 2011 é um monstro, um tinto quase impenetrável, um pouco abrutalhado ainda, mas com uma profundidade, um frescor e uma robustez tânica que lhe asseguram umas dezenas de anos de vida. 
Na Bairrada, só mesmo no Rei dos Leitões se encontra este vinho. Este e quase tudo o que de bom se produz em Portugal. Paulo Rodrigues e Licínia Ferreira, o casal que deu a volta a este restaurante histórico da Mealhada, ela na cozinha e ele nos vinhos, não ditaram apenas que na Bairrada é possível haver mais comida para além do sacrossanto leitão. Transformaram também o Rei dos Leitões na melhor garrafeira da região. A sua lista de vinhos, dividida por regiões, é vastíssima e tem prolongamento numa loja independente de apoio ao restaurante e onde os clientes podem adquirir todo o tipo de vinhos, incluindo raridades locais. Mais: não entra nenhuma garrafa no restaurante sem ser paga na hora ao fornecedor, coisa rara em Portugal. Até por isto, o Rei dos Leitões é hoje um dos lugares mais requisitados pelas gentes do sector, seja para apresentações de vinhos, seja para encontros de negócios. O vinho tornou-se ele próprio num chamariz. De vinhos muito velhos, como o branco Caves São João 1966 ou o tinto Solar das Francesas 1963, a novidades do tipo Quinta da Vacariça, há de tudo um pouco no Rei dos Leitões. O mais extraordinário: Paulo Rodrigues, o grande dinamizador da garrafeira, não bebe álcool.  (Pedro Garcias)

Nome
Rei dos Leitões
Local
Mealhada, Mealhada, Av. da Restauração, 17
Telefone
231202093
Horarios
Quinta a Domingo das 12:00 às 23:00
Preço
25€
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