Fugas - restaurantes e bares

  • Paulo Pimenta
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O Plano B faz 10 anos: uma década que mudou a noite do Porto

Por Andreia Marques Pereira ,

Foi um dos bares que contribuiu para mudar a face da movida portuense. As velas apagam-se no dia 9.

Se nós dizemos que foi uma pedrada no charco, eles dizem que foi mais um empurrão — e têm razão: a pedrada no charco foi uma questão de timing e o do Plano B parece ter sido na mouche. Não foram os primeiros a instalar-se na agora chamada Baixa-Clérigos — no ano de 2006 ainda não havia esta designação — mas desde então tudo mudou. A noite do Porto, por esses dias nas ruas da amargura, ressuscitou e nunca teve tanta pujança. O desafio agora será para onde crescer (e já se adivinham novos pólos), mas para esta área simbolizada pela Torre dos Clérigos, farol para os noctívagos, não se vê travão à vista. Não foi o precursor, mas foi certamente um ícone e assim se mantém: uma década depois, alguns altos e baixos, o Plano B celebra o aniversário num cenário diferente, é certo, mas com a ambição quase intacta.

À sua volta já quase não resistem os armazéns de tecido que fizeram a fama desta Rua de Cândido dos Reis e outro comércio de rua é raro — e são bares que agora preenchem as antigas lojas. Pois nesta rua o Plano B foi certamente pioneiro por motivos absolutamente pragmáticos. “Abrimos um mapa do Porto e fomos vendo zonas”, recordam os sócios — o trio inicial, os irmãos João e Filipe Teixeira, artista plástico e músico, o primeiro, arquitecto o segundo, e também Bernardo Fonseca, a que se juntaria o produtor musical Filipe Galante — num fim de tarde no bar do Plano B.

É uma conversa com avanços e retrocessos, interrupções e o habitual caos ordenado quando se juntam os quatro, esta em que tentamos recuperar os 10 anos do Plano B. Que assentou na Rua de Cândido dos Reis depois de muitos espaços vistos, “hoje ocupados por outros bares”. “Sentimos que a cidade estava aqui”, explicam, “com as vantagens dos Clérigos, dos armazéns vazios, da ausência de vizinhos”. Afinal, era quase uma zona de ninguém: de noite vazia, de dia com o comércio a falir. Vazia. E eles moravam todos aqui.

Recuemos no tempo, então, para uma génese bem prosaica. Decidiram avançar com o Plano B — o nome foi o último a surgir, literalmente como um plano b — porque “havia lacuna para sair à noite, não existia muita oferta”. “A Ribeira tinha desaparecido, havia os armazéns gigantes [zona industrial] mas os bares mais pequenos tinham acabado.” Ao mesmo tempo, o surgimento dos Maus Hábitos, uns anos antes, tinha mostrado que era possível fazer coisas diferentes na cidade e, desde então, uma série de projectos culturais tinha feito o seu caminho pela cidade. O Plano B tem essa filiação de projecto multidisciplinar onde cabiam DJ, concertos, exposições, espectáculos de dança e teatro, ciclos de cinema. Entretanto, abraçou projectos fora do seu espaço, seja com o Mercadinho dos Clérigos, seja com um festival que durante alguns anos organizaram. 

E, entretanto, a música que já era cabeça de cartaz, desbravando sempre novas tendências (mas “sem acompanhar as modas, sempre em paralelo”) e revelando novos talentos (no palco ou na mesa de misturas), foi ganhando ainda mais protagonismo. Aconteceu naturalmente, já que todos se movimentam com mais à vontade nessa área e porque a estrutura se rentabiliza mais assim — de qualquer forma, exposições são uma constante.

Nome
Plano B
Local
Porto, Vitória, Rua Cândido dos Reis, 30
Telefone
0
Horarios
Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 22:00 às 06:00
Website
http://planobporto.net/
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