Fugas - restaurantes e bares

  • Adriano Miranda
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Alma líquida diante do mar

Por Andreia Marques Pereira ,

Entre o mar e o tropical — não é um cenário comum para o vinho ou para uma adega, mas é assim a Vindega, em plena Foz, no Porto.

Entre o oceano Atlântico, por estes dias de frio ensolarado bravio q.b. a desfazer-se em espuma na Foz, e o cenário verde com apontamentos floridos que, e não é por acaso, nos remete para um país tropical, a Vindega abriu para ajudar a reforçar a cultura do vinho no Porto. 

Se o conceito não é inovador, tão pouco é usual sobretudo quando, como neste espaço, se desdobra em três — é bar e bistrô, é lounge (na verdade, estes confundem-se) e é loja. Da simples degustação à compra, passando pelo acompanhamento de petiscos, na Vindega a alma é líquida e não apenas dedicada a Baco. Sim, é certo que o vinho domina (160 das 180 referências da casa), mas as bebidas espirituosas marcam presença, distintiva até pela invulgaridade dos nomes que encontramos no menu — e que podem ser servidas puras ou “retorcidas” em cocktails.

A aliança vinho e espirituosas não é novidade na vida de Sebastião d’Ávila, 21 anos, o mentor e proprietário desta Vindega. Com 16 anos decidiu começar a importar chocolate do Vietname, o Marou, depois de ter visto na revista Wallpaper uma edição limitada destes (que, não por acaso, está à venda na Vindega). Esse foi o início de um percurso que rapidamente entrou nos vinhos e espirituosas e chegou para formar o grupo Deluxe, em São Paulo (Brasil), de importação, distribuição e representação de marcas de luxo nessa área. 

No ano passado, decidiu vender a empresa, mas nem por isso deixou de ir a Dusseldorf para uma das maiores feiras internacionais de vinhos e espirituosas. E foi aí que descobriu o caminho que queria seguir. “Estava a dar um passeio e vi uma wine house, muito pequena, quase só um corredor”, recorda, “e fiquei a olhar”. “O ambiente era extraordinário, cheio de gente, muitos risos, muito informal. Pensei que poderia ser algo deste género”, conta, “e mal cheguei ao hotel comecei logo a pensar em tudo, até no logótipo”. A ideia era abrir uma garrafeira onde se pudesse também provar os vinhos. “E se vou pôr as pessoas a beber, também as vou pôr a comer”, pensou. Como não percebia nada de restauração, decidiu convidar alguém que percebia — o chef Pedro Nunes foi o eleito. 

E é assim que chegamos à Vindega, “espaço polivalente, para comprar, comer e beber”. “Sempre aliado à informalidade, de beber vinho em pé e circular pelos três pisos.” Mas sem esquecer o requinte, que se reflecte nos móveis, nos copos, nas louças. “Só na Foz caberia todo conceito”, afirma Sebastião d’Ávila, que olhou para a Baixa e viu preços proibitivos, uma enorme oferta e um público que procura outras coisas. E, então, temos o mar a espreitar do outro lado da avenida e o sol a inundar parte do espaço (que foi um solário durante 13 anos), aquele que é abrangido pela fachada, toda em vidro e com a montra já a revelar a “obsessão” pela natureza, preenchida que está com plantas. 

Entramos para o que aqui se chama bar e bistrô, o rés-do-chão, balcão diante de estante que sobe até ao tecto, pé direito alto o suficiente para albergar uma mezzanine que é um “outro” espaço, o wine lounge. A música que toca é lounge (à noite torna-se mais “moderno, sofisticado”) e enche suavemente os espaços entre as paredes verde seco: há vários vasos com plantas e no andar superior um quadro que ocupa a totalidade de uma parede ostenta o logótipo, motivos florais sobre fundo escuro — do tecto pendem ventoinhas que são decorativas (a rotação é sempre a mesma): uma espécie de flor ou trevo, já que verde é a sua cor (e todo o espaço também é uma homenagem ao Brasil, país do pai de Sebastião e parte do seu próprio percurso). Se no rés-do-chão a proposta são bancos altos no balcão e num pequeno pousa copos, no andar superior são mesas que se alinham — poucas, porque o espaço não é grande, embora um espelho lhe dê profundidade e permite que a luz (mais uma nesga de mar) ali se reflicta: o negro é a cor que uniformiza em mobiliário de design, neste caso Tolix. 

Nome
Vindega
Local
Porto, Foz do Douro, Av. do Brasil, 278
Telefone
22 326 0443
Horarios
Terça-feira, Quarta-feira e Quinta-feira das 12:00 às 01:00
Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 02:00
e Domingo das 12:00 às 23:00
Website
www.vindega.pt
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