Fugas - restaurantes e bares

  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda

Continuação: página 2 de 2

O pato assado e as cabidelas de carolino que nos chamam ao Baixo Mondego

Um prato de estalo as codornizes de cebolada (13€). Carnes macias, equilíbrio de sabores e a envolvência aveludada da cebola a dar um toque requintado. Fica, de facto, a água na boca pelos borrachinhos em idêntica preparação, mas foi-nos explicado que está a rarear a tradição dos criadores locais, o que dificulta o fornecimento da matéria-prima e obriga à reserva antecipada.

Nas cabidelas, há um protagonista principal que é o arroz carolino da produção local, independentemente de o refogado ser de miúdos de pato (10€), galinha (13€) ou pato (16€). Saboreou-se a que envolve moelas, fígados, coração e outras miudezas do palmípede, que se devorou com desavergonhada gulodice. E vale mesmo a pena a deslocação até à vestuta vila da margem direita do Mondego, já que dificilmente se poderá saborear uma arrozada de idêntico gabarito.

Culpa principal do carolino, que nasce ali, nos arrozais vizinhos, que proporciona uma envolvência tão saborosa e rica em cereal que até parece que os carolinos a que estamos habituados são coisa completamente distinta. Grão consistente e a fazer-se notar na boca que liberta sabores e sensações a cereal que nos remetem para a memória das coisas naturais e autêntica ques, por vezes, pensamos já não existir. Mas há! Pelo menos nos arrozais do Baixo Mondego, e só se estranha que este não seja um produto estrela da nossa gastronomia.

Para fechar o tal pato assado em forno a lenha (18€), uma tradição da casa que terá sido a principal responsável pela evolução da casa de petiscos de há mais de três décadas para o restaurante típico de hoje. E não é só o milagre do forno e fogo lento, as carnes escuras, texturadas e cheias de sabor, a pele crocante e a envolvência gordurosa só vem mesmo dos patos de aldeia. Daqueles que se alimentam em ambiente natural e à moda antiga.

Com receitas antigas se fazem também as sobremesas da casa. Saborearam-se com entusiástica aprovação o pudim conventual (3€), a queijada de Tentúgal (1,30€) e a broa de amêndoa e chila (1,50€) que são testemunho vivo da glória da tradição doceira local.

Diga-se também que o complemento de vinhos bairradinos, um Garrafeira branco da Quinta das Bágeiras e um tinto Luís Pato, em muito contribuíram para a safisfação e agrado com que se saiu desta casa de boas comidas típicas. Afinal, tudo produtos da região, que, a par do orgulho na memória passada, mostra também que as coisas genuínas são sempre actuais e acrescentam valor. 

Seja pelo pato, pelas cabidelas de carolino, os borrachinhos de cebolada, ou até só pelos famosos pastéis, será sempre recompensada a viagem até ao Baixo Mondego.

Nome
Casa Arménio
Local
Montemor-o-Velho, Tentúgal, Rua do Mourão, 1 Tentúgal
Telefone
239 951175
Horarios
Domingo, Segunda-feira, Terça-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado
--%>