Fugas - restaurantes e bares

  • Enric Vives-Rubio
  • Enric Vives-Rubio

Um insecto que nasceu a pensar nos artistas (e não só)

Por Nelma Serpa Pinto ,

Foi criado a pensar nos artistas, mas para ser frequentado por toda a gente. O Traça tem três andares recheados de arte e um petisco ou outro para depenicar.

Uma Marta está ligada às artes e a outra à economia. Foi a junção perfeita para concretizar algo que era comum às duas, além do nome: o desejo de abrir um espaço que juntasse a cultura e o convívio. Antes de entrar na porta 2C da Rua Luciano Cordeiro, em Lisboa, consegue ler-se “Traça”. As letras são pequeninas e discretas e estão lá desde o dia 29 de Abril, um ano depois da primeira conversa entre as sócias homónimas.

O que realmente salta à vista, ainda de longe, é uma grande parede pintada por Patrícia Portugal, em tons de preto e branco, que se consegue ver através dos vidros antes de se passar da entrada. Mas este mural, que dá carácter e a primeira impressão do que ali se faz, estará à responsabilidade das mãos de outros artistas a cada seis meses, dando uma nova perspectiva sobre este espaço destinado a quem gosta de arte, mas aberto a todos, do meio-dia à meia-noite.

A zona foi uma prioridade estratégica para as sócias: o Traça é uma loja arrendada na Colina de Santana, perto do Campo Mártires da Pátria. “Queríamos estar numa área que consideramos que se encontra em evolução artística. Aqui estamos perto do Martim Moniz, do Intendente, dos Anjos, mas principalmente longe do Cais do Sodré e do Bairro Alto, dois lugares onde não queríamos estar” explica a sócia-gerente mais nova, Marta Correia.

Marta Mendes, licenciada em economia, queria trabalhar num “projecto com sentido” e que a orgulhasse. Marta Correia, licenciada em teatro-interpretação, sentia a necessidade de “um espaço em que as pessoas pudessem criar ou ensaiar sem pagar”. Foi assim que nasceu o Traça, uma “casa” que cede o espaço aos artistas sem cobrar por isso. É entre tostas, quiches, sopas, bolos, wraps e bebidas que o Traça encontra o seu sustento. Mas “as pessoas vêm aqui principalmente pela parte cultural, o café é só um complemento”, explica Marta Mendes.

O café/bar está logo à entrada. Fica entre paredes preenchidas por exposições de fotografia, artes plásticas ou ilustração, que mudam com regularidade. Mesmo atrás estão as casas de banho e há algo que faz pensar antes de escolher a porta. A expressão “Aquilo que te servir melhor” está entre os desenhos pouco definidores de cada género estampados nas portas lado a lado.

Subindo um andar, o mezanino fica reservado para a leitura, estudo, jam sessions e também para um mini-estúdio de tatuagens que são feitas ali mesmo por João Gonçalves às quintas e às sextas. “É uma experiência diferente, com contacto directo com quem está a fazer outras coisas. Há pessoas que não vêm cá para fazer uma tatuagem e se eu estiver livre até o fazem por impulso”, explica o tatuador de 30 anos e sete de profissão.

Ao descer para a cave, as sócias explicam que esta é a parte mais polivalente do Traça. Um espaço totalmente insonorizado e que será pintado de preto é o palco da maior parte dos espectáculos com capacidade para 80 a 100 pessoas. Destinado a ensaios, concertos, performances e oficinas, permite “encontrar e ajudar trabalhos de artistas e movimentos emergentes”. O objectivo das oficinas é que os artistas trabalhem na cave e depois exponham o que aí fizeram no piso de cima. “Logo se vê se faz sentido cobrar pela entrada na exposição”, refere Marta Correia.

Nome
Traça
Local
Lisboa, Lisboa, Colina de Santana, Rua Luciano Cordeiro, 2C
Telefone
211 921 012
Horarios
e
--%>