Fugas - restaurantes e bares

  • Em versão mais Verão
    Em versão mais Verão Pedro Cunha
  • João Henriques/Arquivo
  • João Henriques/Arquivo
  • Com chapéus protectores
    Com chapéus protectores DR
  • Vista a partir do interior para a esplanada
    Vista a partir do interior para a esplanada DR

De portas abertas para o céu

Por Luís J. Santos ,

Faça-sol-faça-chuva, temos portal alfacinha para admirar Lisboa e o rio, mesmo entre Alfama e Castelo. A Esplanada das Portas do Sol fica no topo de um silo automóvel e oferece o prazer de deleitar-se num sofá a apreciar as vistas. E se chover é fugir para o salão, apetrechado para o conforto e com a promessa geral de um serviço de qualidade.
Sim, não faltam plateias pelas colinas e por todo o lado para admirar o espectáculo de Lisboa Muito menos pelo largo das Portas do Sol, paredes meias com Castelo, Graça de subida, Alfama a seus pés, Tejo nos olhos, igreja de São Vicente a despontar, eléctrico 28 a ziguezaguear.

Convenhamos, é clímax para turista, olisiponense ou qualquer amante de Lisboa. Por estes lados, aliás, já tínhamos altaneiro observatório infinito, algumas esplanadas simples e sem brilho com a devida excepção para a clássica Cerca Moura. Não tínhamos era o que temos agora, a nova Esplanada das Portas do Sol, uma plateia deluxe de olhos fincados no rio que, não havendo chuva à vista, até oferece o prazer de nos esparramarmos em confortáveis e grandes sofás à beirinha, bem à beirinha da boca de cena. Ou em "puffs" e afins. Ou, mais condignamente, nas clássicas cadeiras portuguesas de esplanada (as cadeiras Gonçalo), aqui todas branquinhas-branquinhas sem mácula publicitária ou variação plasticizada.

E, automobilística ironia, apesar de situada no topo de um parque de estacionamento vertical da EMEL Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa, está mais protegida que as esplanadas vizinhas do ataque automóvel graças à sua posição privilegiada no alto dos três pisos, que sobem de Alfama ao largo das Portas do Sol (nem a rampa do silo nem esplanada e vizinhanças conseguem é estar livres do estacionamento selvagem por todo o lado...).

E aqui chegados: uma esplanada que abre também no Outono/Inverno? Com o frio, a chuva? Sim, é que, claro, há mais: este é o grande terraço de um grande salão, de portadas e janelões de vidro, protegido das inclemências do clima e de devaneios, passada a uma decoração minimalista em tons pretos e brancos, com madeira clarinha, grandes candeeiros redondos de tecto com iluminação LED (que alternam subtis variações cromáticas), candelabros de cristal em "charriots" andarilhos, um balcão de bar que impõe respeito e armadilhado com originais cadeiras todas recicladas e reinventadas e nenhuma igual à outra.

Para os fanáticos da esplanada faça-sol-façachuva, adiantamos já uma boa notícia: está em fase de projecto a cobertura e aquecimento da esplanada e no topo-topo do edifício há ainda um varandim que mais tarde ou mais cedo será também ele para "esplanadar".

Junte-se isto agora à promessa de um serviço de qualidade e ainda a outro mui relevante factor, já cumprido: ter posto ponto final à degradação do espaço. Desde que o silo automóvel, polemicamente erigido na encosta, refira-se, foi inaugurado, há coisa de quatro anos, que o topo do edifício, projectado por Aires Mateus, aguardava por um bar, um restaurante aguardava, digamos, por algo. Neste lustro, entrou em processo de degradação e transformou-se em parque de "skaters".

Aqui chegados, façamos uma ponte das Portas ao Mercado do Chão de Loureiro, futuro silo EMEL, onde tínhamos o bar O Terraço, mega-esplanada altaneira bem arrumada, sofás, "puffs", cadeiras jeitosas, Tejo e tudo, programação esforçada, bons ambientes e vistas de truz, entretanto encerrado para dar lugar a outro projecto. Pois. É que esta ponte Terraço-Portas do Sol tem um pilar: Tomás Collares Pereira, um dos sócios d' O Terraço, transpôs parte do seu conceito para as Portas do Sol, com a ajuda, agora, do novo sócio, Miguel Cristo.

"Apresentamos uma proposta, foi aceite, cá estamos para renovar e apresentar um espaço de qualidade que fazia falta nesta zona, cartão-devisita da cidade", diz Miguel, que assina a decoração. Nada mal assinada: madeira, ferro e paredes de cimento são os materiais visíveis, naturais na busca de uma "unidade estética" com o edifício, e daí também a conjugação de preto e branco com o cinza cimento, para que, diz, o bar não se imponha sobre o verdadeiro evento que é Lisboa, céu e rio.

Essa busca de unidade num espaço que pretende seja "não só para turistas mas também para a gente de cá" faz-se ainda na atenção do serviço ou na composição das ementas ("só comida saudável!", "nem há fritadeiras!"), com pratos leves e bebidas de topo. Miguel considera o bar em período de adaptação, rejeitando imposições "artificiais" e antes "adaptando o desenvolvimento do projecto às pessoas que cá venham", assim como das ementas ao tempo e desejos (e "aqui tudo é possível, se não há na ementa é pedir e tentaremos o melhor possível").

Em plano, estão noites temáticas, de música ao vivo ou com DJ e programação de teor cultural ("mas vamos a ver") e a futura cobertura e aquecimento da esplanada. Entretanto, há a garantia de que, não havendo chuva, haverá esplanada. E com igual garantia de ver sofás a "correrem" portas dentro assim que os pingos ameaçam. Entre aguaceiro e aguaceiro, entretanto, é ir estacionando o corpo às Portas do Sol.



Bebidas do sol
A ementa de bebidas é global e variada, sem grandes riscos mas com uma rica selecção em todas as categorias. Os vinhos são uma das grandes apostas com uma garrafeira em crescimento: os vinhos da casa são Fiuza mas há muito mais por onde escolher nos espumosos, há também diverso champanhe, que vai até a uma garrafa de Perrier Jouet Belle Epoque Blanc des Blancs 2000 por €480. A lista de cocktails apresenta apenas os mojitos, as caipiras, os kir, margaritas e daiquiris, etc. mas, garantem, se o cliente quiser algo que não esteja na lista, é só pedir e se verá. Na dimensão sem álcool, há sumos (que tal acerola, goiaba ou melão?) ou os mais quentinhos cacau ou chás (pode experimentar gengibre, aniz ou o chá frio do dia).

Leves comidas
A oferta, garantem, estará sempre em evolução e adaptação, sendo que os preços também são, naturalmente, "preços de esplanada" e acima da média. Nas comidas, há sopa do dia, sanduíches apetrechadas rosbife, frango e pepino e gengibre, salmão com queijo branco; saladas nutridas rúcola com chévre e pesto, de cuscus, de espinafres com laranja e bacon crocante e parmesão ou Camembert gratinado com mel e endívias; tábuas de queijos e enchidos. Mas há também uma selecção de pratos principais (massa do dia, bife do lombo com batata assada) além de minihambúrgueres (um especial: alheira com ovo de coderniz) e bolos (chocolate, cheesecake). Também passou a servir jantares bem nutridos - na ementa, há de bifes do lombo a caril vegetariano.
Nome
Portas do Sol - Drinks and Food
Local
Lisboa, Lisboa, Lrg. Portas do Sol - Alfama
Telefone
218850209
Horarios
Todos os dias das 10:00 às 00:00
Preço
12€
Cozinha
Portuguesa
Espaço para fumadores
Sim
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