- Nome
- A Palmeira
- Local
- Mora, Cabeção, R. 25 de Abril, 46
- Telefone
- 266447182
- Horarios
- Domingo, Segunda-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 22:00
- Preço
- 10€
- Cozinha
- Alentejana
- Espaço para fumadores
- Não
Mais
Em honra ao melhor da gastronomia alentejana
Modesto na aparência, o restaurante A Palmeira é, no entanto, uma casa rica e farta, tanto na oferta como na qualidade. O nosso crítico deliciou-se com as migas de espargos selvagens com carne de porco frita e a sopa na panela de pombo bravo.
A Palmeira é um restaurante modesto e sem pretensões, mas nem por isso deixa de ter algumas iguarias que são únicas e honram o melhor da gastronomia alentejana. São disso exemplo as migas de espargos com carne de porco frita, que um amigo que nos tem guiado nesta incursão pelos comeres da região classifica mesmo como as melhores do mundo. Então, diz ele, se a migas são um prato típico do Alentejo e se não há sitio onde sejam tão bem confeccionadas, é óbvio que não haverá coisa igual em todo o mundo. A questão é que o meu amigo parece ter mesmo toda a razão, já que as migas com espargos selvagens (12€) que são o cartão-de-visita deste restaurante são mesmo supremas. Consistentes e na companhia dos saborosos nacos de carne de porco frita, entremeada ou com costelinha. Mas não são só as migas. Toda a lista é uma deliciosa viagem pelo saber centenário da mais popular cozinha do Alentejo. Nas entradas há coisas como torresmos, pratinhos de chouriço ou de farinheira, espargos com camarão e ovo, além de queijo alentejano, pastéis de bacalhau ou croquetes de carne, tudo com preços por dose que variam entre os 0,80€ e 4€. Provou-se um pouco de tudo e há que dizer que a qualidade do chouriço e os espargos com camarão e ovo são exemplares. É nas sopas que encontramos alguns dos melhores exemplos da consistência culinária da casa: sopa de cação (9€), açorda alentejana, na versão com ovo (4,50€) ou com bacalhau e ovo (10€) e gaspacho alentejano (5,50), tudo condutos de substância que só por si fazem já mais de meia refeição. Em temporada há também uma delicada canja de pombo, que tínhamos já provado noutras ocasiões e que se recomenda vivamente. É extensa a parte dedicada aos pratos de carne de porco, ou não estivéssemos perante um caso típico de comidas alentejanas. Nada menos que 18 propostas, onde se destacam a carne de porco do alguidar com migas de batata (10€), frita com ovos mexidos (10€), à alentejana (10,50€), os pezinhos de coentrada (9,50€) ou o lombo assado com esparregado (10€), a não perder. Tudo, claro, além das já faladas migas, que podem ser também servidas sem espargos (10€) mas que não são, obviamente, a mesma coisa. No que respeita às carnes de vaca, há cinco propostas, sendo de destacar a versão estufada (10,50€) ou o naco de alcatra recheado (12€), sendo claro que não é neste capítulo que está a marca distintiva da casa. É na secção dos pratos de borrego e de caça que encontramos aqueles que são os verdadeiros tesouros deste restaurante. Verdadeiramente imperdível é o borrego assado no forno que acompanha com arroz e cubinhos de batata frita e cujo sabor é capaz de não nos largar a memória por um bom par de dias. Há também o típico ensopado de borrego ou costeletas grelhadas, todos com o mesmo preço por dose (11€). Serve-se também um arroz de cabidela de galinha (10€), mas é nos pratos de caça que está o verdadeiro tesouro casa: sopa da panela de pombo bravo (12€). Por simplicidade, digamos que é uma espécie de cozido onde o pombo bravo ocupa o papel central. Coze na companhia de carnes de porco, do lombo e da barriga, e também chouriça e linguiça, cujas gorduras dão todo o sabor ao caldo, tudo perfumado com raminhos de hortelã-pimenta. Acompanha com os legumes (batata, cenoura e grão) que utilizam o caldo do pombo para serem cozidos separadamente. Vem à mesa na panela e é servido em prato de sopa sobre fatias de pão alentejano. Um verdadeiro portento culinário e que só por si mais do que justifica uma viagem até à histórica vila de Cabeção. No capítulo da caça, conseguimos também provar um interessante arroz de lebre, oferecendo a lista ainda ensopado de lebre e arroz de pombo bravo (todos a 12€ por dose) ou arroz de pato (11€). Há também cinco propostas de omeletas, com destaque para a de espargos (8€), quatro pratos de bacalhau, todos a 9,50€ a dose, e ainda umas migas gatas com bacalhau à alentejana (10€). Isto além de peixes para grelhar, que vão do carapau ao robalo, dourada, cherne e salmão (10€ para cada um). A lista de doçarias honra igualmente a tradição alentejana. Nada menos que 18 propostas (2€ a 3€ a dose), incluindo encharcada, pão de rala, sericaia e uma torta de amêndoa, gila e ovos moles que é a especialidade da casa. Modesto na aparência, o restaurante A Palmeira é, como se comprova, uma casa rica e farta, tanto na oferta como na qualidade. Há que ir com tempo, porque há que saborear e saber respeitar também o trabalho de quem é capaz de nos proporcionar este tipo de prazeres. Embora não acompanhe o nível culinário, a lista de vinhos não desmerece, sendo possível encontrar acompanhamento adequado às comidas, mas o mesmo já não se pode dizer em relação ao serviço de copos. A oferta inclui também um vinho da casa, branco e tinto, que é o mais consumido e faz jus à fama das pequenas adegas locais, muitas delas usando ainda as talhas de barro e métodos tradicionais na elaboração dos vinhos. A sala, com ambiente a condizer com as pretensões do lugar, tem espaço para cerca de uma dúzia de mesas, acolhendo até meia centena de comensais. Em dias de maior movimento, como feriados ou fins-de-semana, é conveniente a marcação antecipada, até porque pelo que vai dito logo se vê que a rotatividade é coisa que não existe.
Como irA Palmeira fica no concelho de Mora, logo à entrada da histórica localidade de Cabeção (fundada pela Ordem de Avis e elevada a vila em 1578). Para lá chegar, o melhor é seguir a direcção de Montargil e Ponte de Sor, seguindo depois as indicações para o Fluviário de Mora e continuando na estrada até entrar no povoado de Cabeção. O restaurante está à esquerda logo após as primeiras casas.
