Fugas - restaurantes e bares

  • Adriano Miranda
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Um arroz de lavagante para os grandes vinhos do mundo

O confronto fez-se com o Corton-Charlemagne Gran Cru 2008 (125€), um Chardonnay poderoso e complexo criado na exclusiva Cote D’Or da Borgonha, que elevou até à glória o cozinhado matosinhense. Com uma mineralidade, acidez e doçura únicas, o SA PRUM Welhener Sonnenuhr (34,50€), um Riesling alemão da região de Mosel é um dos mais extraordinários brancos do mundo, mas mesmo assim sem conseguir impor-se à saborosa calda de tomate e arroz. 

E tal como nem só de pão vive o homem, também nem só de peixe se faz um repasto, pelo que houve que convocar uns suculentos miminhos de boi para testar dois colossos tintos. Aqui não tanto no confronto com a carne delicadamente grelhada, mas mais para pôr ombro-a-ombro dois vinhos que representam estilos e concepções contrastantes. O poderoso e impositivo L’Aventure Estate Cuvée – Paso Robles (99,50€), um novo mundo puro, da Califórnia, frente à elegância do Clos de Vougeot Grand Cru (195€), um dos melhores representantes da tradicional forma de fazer vinhos da Borgonha com Pinot Noir. É claro que numa mesa com sete apreciadores, quase todos especialistas, a questão estava resolvida à partida e mesmo antes de saltarem as rolhas. A opção pelo velho mundo é, obviamente, inquestionável entre especialistas... do velho mundo. Outra poderá ser, certamente, a escolha dos consumidores face ao poderoso concentrado de cor, fruta e taninos que exibe esta combinação de Cabernet Sauvignon, Syrah e Petit Verdot, mas esta é matéria para outro fórum.

E para quem possa ter a ideia de que só os vinhos estrangeiros são valorizados, nada melhor que terminar a refeição com um vinho de produção nacional com preço de mercado ainda bem acima de todos os outros. Para acompanhar o inigualável pão-de-ló fofo e húmido, confeccionado ao estilo de Ovar por um conhecido pasteleiro de Castelo de Paiva, uma raridade da Madeira, o Cossart Gordon Vintage Bual 1958, cuja garrafa atinge os 295€. Uma raridade a que ninguém no mundo consegue ficar indiferente.

É claro que este é uma espécie de momento de excelência que os irmãos João Carlos e José Manuel Silva propõem aos clientes de O Gaveto. Uma forma de reivindicar também para os nossos cozinhados tradicionais uma natural parceria com aquilo que de melhor há no mundo. 

E nem se pense que os pratos serão melhores com vinhos daquelas origens, já que na completa lista há múltiplas opções a preços bem mais contidos que irão igualmente muito bem com os tradicionais pratos da casa. Dos verdes ao Alentejo, do Douro ao Dão ou Bairrada.

À oferta variada de peixes e mariscos sempre frescos (que se mantêm vivos nos aquários à entrada do restaurante), a carta junta propostas de cozinhados, tanto no tacho como no forno ou na grelha, de variedades de pescado consoante a safra do dia. As propostas não se esgotam na alargada carta, juntando também uma oferta de especialidades diárias. Aos domingos, por exemplo, há cabrito ou vitela assados no forno, cozido à portuguesa e bacalhau à Zé do Pipo.

Referência também para a consistência da cozinha, que desde a abertura, em Junho de 1984, é comandada por Humberto Alonso, e que representa um dos pilares onde assenta o percurso de sucesso do restaurante.

Nome
O Gaveto
Local
Matosinhos, Matosinhos, Rua Roberto Ivens, 826
Telefone
229378796
Horarios
Todos os dias das 12:00 às 01:30
Website
http://www.ogaveto.com/
Preço
30€
Cozinha
Peixe e Marisco
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