Colocámo-nos nas mãos do diligente proprietário, que começou por apresentar uns cativantes pratinhos com melão, tiras de presunto e gordos figos despojados da pele e partidos em quatro. Refrescante e delicioso.
Torresmos do rissol, secos e estaladiços como manda a melhor tradição, e tirinhas de pimento (verde e vermelho) com azeite e rodelas de alho para compor a boca enquanto chegavam uns cogumelos assados no forno, queijo de Serpa, igualmente assado e com orégãos, e tomatinhos-cereja bem temperados, que antecederam finas rodelas de lula frita panadas. Tudo de qualidade e confecção irrepreensível, doses bem compostas e preços a variar entre os 3,50 e os 12,50 euros.
A parte entradeira da oferta do dia era ainda composta por cabeça de xara, paio de lombo, carapaus de escabeche, farinheira assada, gambas fritas com alho, ovos de codorniz com alho e camarão grelhado. Para além das lulas (12,50 euros), nos peixes as opções alargavam-se ao bacalhau à casa, pescada (frita ou cozida), cherne (grelhado ou cozido) e robalo grelhado.
No que toca às carnes, degustaram-se suculentos lombinhos de porco preto (12,50 euros), preparados com um molho espesso com pimentos e vinho branco. Acompanharam com rodelinhas de batatas fritas, de perfeição suprema, e espargos verdes selvagens com ovos mexidos. Um verdadeiro regalo. Para acompanhar a primeira parte, Herdade Grande 2009 (11 euros), um branco da Vidigueira extraído de uvas Antão Vaz, Arinto e Roupeiro e cuja frescura envolveu na perfeição os 13,5% de álcool. Para as carnes, um Ponte das Canas 2007 (22 euros), da Herdade do Mouchão. Consistente, guloso e concentrado, num estilo mais duriense que alentejano. Um belo vinho. Queijada, torta de chocolate e requeijão com doce de abóbora (3,80 euros cada) compuseram o capítulo dos doces, completando um repasto de grande satisfação geral.
Apesar da exiguidade do espaço, não há qualquer tipo de constrangimentos, com a vantagem da proximidade e permanente intercâmbio com o proprietárioservente num cativante ambiente de troca e convívio. De realçar também o correcto serviço de copos e a segurança no ritmo e cadência a que os petiscos são colocado na mesa, que é como quem diz no balcão. Não há pressas, no estilo "toca-a-andar que há gente à espera", mas também não há hiatos que condicionem o ritmo darefeição.
Com as dificuldades decorrentes da magreza da disponibilidade de lugares, este é um dos locais obrigatórios para os muitos visitantes da atraente e bem cuidadacidade de Évora. Pode até ligar numa tentativa de marcação, que terá sempre a mesma resposta diplomática: "Abrimos às 12h30 e vamos tentar servi-lo". O Botequimfunciona há dezasseis anos, o casal Canelas não tem mãos a medir e, pelos vistos, a clientela dá por bem empregue a paciência da espera.
- Nome
- Botequim da Mouraria
- Local
- Évora, Évora (Sé e São Pedro), Rua da Mouraria, 16-A
- Telefone
- 266746775
- Horarios
- Segunda a Sexta das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 22:00
Sábado das 12:00 às 15:00
- Preço
- 25€
- Cozinha
- Alentejana
- Espaço para fumadores
- Não