Rio: Propostas para férias cariocas
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Vamos começar com um passeio pelas praias da zona sul do Rio sob duas rodas. As bicicletas do mobilicidade (www.mobilicidade.com.br) estão espalhadas por 19 pontos da orla do Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon e pela Lagoa Rodrigo de Freitas. Por dez reais (4,5 euros), podemos andar das seis da manhã até às dez da noite mas nunca por mais de uma hora, e sempre com um intervalo de 15 minutos entre um passeio e outro. É só chegar a um dos pontos, telefonar para o número (21) 3005-4316 e esperar pelo sinal verde para a bicicleta ser "liberada" automaticamente (mas atenção, é um número de telefone por bicicleta).
Pode-se passar um dia inteiro a pedalar sem sair do cartão postal que é a orla da zona sul. De bicicleta ou não, vale a pena uma visita ao Forte de Copacabana, que fica no fim da praia de Copacabana, na fronteira com Ipanema. Por apenas quatro reais (1,80 euros) pode-se ir até à cúpula dos canhões e ter uma vista colossal de Copacabana e Ipanema. Antes de sair, tome uma bebida na filial da tradicional Confeitaria Colombo dentro do forte rodeado pelo mar.
Se a disposição para caminhar existe, a outra dica é o Forte do Leme, no início da Praia de Copacabana. Por quatro reais (1,80 euros) pode-se fazer uma caminhada de meia hora até ao topo do Forte pela mata Atlântica com uma vista pouco conhecida pelos turistas e pelos próprios cariocas (a do Pão de Açúcar de "costas"). Não deixe de levar água. O caminho está fechado até ao fim de Agosto mas tem previsão de reabertura para Setembro.
Qualquer roteiro de passeio pela orla marítima ou pelas principais avenidas de Copacabana, Ipanema ou Leblon, tem que incluir paragens estratégicas nas lojas de sucos (sumos) naturais que podem ser encontradas em quase cada esquina. O melhor sítio para passar aqueles instantes do pôr do sol é sempre uma escolha que divide o turista. Se ainda estiver perto do Forte de Copacabana, ande alguns metros e suba a Pedra do Arpoador. Não é um segredo do Rio mas um clássico que não deve ser ignorado. Quem ainda tiver uma tarde livre para uma volta de bicicleta pela lagoa Rodrigo de Freitas ("a lagoa") pode terminar o dia a bebericar uma caipirinha enquanto vê o sol se pôr no Palaphita Kitch, um dos 20 quiosques da lagoa. Ou ainda experimentar alguns dos seus pratos, como o queijo coalho flambado na cachaça.
Se quiser aventurar-se fora da orla da zona sul, a primeira dica é um passeio a Niterói, do outro lado da Baía de Guanabara, para visitar o Museu de Arte Contemporânea, projectado pelo arquitecto Oscar Niemeyer. Do prédio que mais parece um disco voador tem-se uma das melhores vistas de cartão postal do Rio de Janeiro. Já que atravessou a Guanabara, vale um passeio ao Solar dos Jambeiro, um sobrado construído em 1872 por um rico português, Bento Joaquim Alves Pereira. A casa é considerada uma jóia da arquitectura urbana e burguesa da época. As fachadas são totalmente revestidas de azulejos portugueses padrão e os beirais são de telhão de louça.
De volta ao Rio, não deixe de passear pela zona oeste: comece o dia no Sítio Burle Max, na Barra de Guaratiba. Roberto Burle Marx é considerado um dos maiores arquitectos paisagistas do mundo, para muitos o inventor do jardim moderno. Quando morreu, aos 82 anos, em 1994, o brasileiro, filho de mãe pernambucana de origem francesa e de pai alemão, deixou mais de 2000 jardins projectados em todo o mundo (entre eles, os de Brasília e do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro) e o sítio onde morou nos últimos 20 anos de vida com 3500 espécies de plantas, a maioria plantas exóticas e tropicais, muitas em vias de extinção.
A paixão por criar jardins com plantas tropicais, numa época em que no Brasil se copiavam os jardins europeus, nasceu de uma temporada na Alemanha no fim dos anos 20, quando visitou um jardim botânico e encontrou uma estufa com vegetação brasileira. Visitar o sítio é como entrar no mundo das experiências de jardinagem de Burle Marx, que se tornou célebre pela parceria com os arquitectos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Biólogos ou estudantes de biologia fazem um passeio de duas horas pelas alamedas de Pau Ferro, palmeiras que vieram do Sri Lanka, plantas que vieram da Amazônia, da caatinga, do cerrado, jardins de diferentes tons e texturas de verde.
O paisagista defendia que um jardim não se definia só pelas flores mas pela variação de tonalidades. Na propriedade ainda há uma capela do século XVIII e a colecção de obras pintadas por Burle Marx. "O sítio é o legado de Burle Marx, dos princípios paisagísticos que ele adoptou e estabeleceu", explica Robério Dias, o director do sítio. "Não é uma reserva natural, não é um jardim botânico, nem uma obra de arte estática... É o local de experiências dele... O Roberto aqui não tinha compromisso com nada, só com as leis da biologia."
Um passeio imperdível pelos jardins de um homem que "entendeu a natureza dos trópicos e a explicou aos outros". (A visita custa apenas 5 reais, mas tem que ser marcada por telefone. Não se esqueça de levar repelente contra mosquitos.) Já que embarcou para a zona oeste (ver também roteiro Chico Buarque), dê um mergulho nas águas da Barra da Tijuca, que se estende até ao Recreio dos Bandeirantes e, com seus 18 quilómetros, é a maior praia carioca.
Para começar qualquer um dos dias acima, a escolha para quem está hospedado na zonal sul é o Talho Capixaba, que, ao contrário do que o nome indica, é uma dasdelicatessen mais badaladas do Leblon. Fundado em 1958 como talho (açougue, como se diz no Brasil) por um português que veio de Águeda, é hoje um misto de padaria edelicatessen e, em menor escala, talho. Os pães artesanais (quase quarenta) são as estrelas da casa, assados diariamente sob a supervisão do chefe e dono, Luiz Alberto Abrantes. Os doces também não ficam atrás - não deixe de experimentar o lamego com doce de leite.
Com uma colecção singular de cartões postais, nada mais sugestivo do que terminar a temporada no Rio, à noite, na filial carioca do paulista Bráz, no bairro do Jardim Botânico, zona sul da cidade. Que a Casa Bráz nos desculpe, mas aqui escolher entre os 36 tipos da tradicional pizza de São Paulo tem menos importância do que escolher uma mesa ao ar livre nos fundos do restaurante, com uma vista nada acidental do Corcovado. Para nenhum português, paulista ou carioca "botar defeito".
Mobilicidade
Tel.: (55) 21 3005-4316
www.mobilicidade.com.br
Forte de Copacabana
Praça Coronel Eugênio Franco, 1
Posto 6, Copacabana
Tel.: (55) 21 2521-1032
www.fortedecopacabana.com.br
Café do Forte - Confeitaria Colombo
Tel.: (55) 21 3201-4049
De terça a domingo, das 10h00 às 20h00.
Forte do Leme ( Forte Duque de Caxias)
Praça Almirante Júlio de Noronha, s/nº
Leme
Tel.: (21) 3223 -5000
Bibi Sucos
Av. Ataulfo de Pava, 591A, Leblon
Tel.: (55) 21 2259-4298
De segunda a domingo, das 8h00 às 2h30
www.bibisucos.com.br
(Mais 11 endereços espalhados pela cidade; de segunda a domingo, das 8h00 à 1h00)
Palaphita Kitch
Av. Epitácio Pessoa, s/no, quiosque 20,
Parque do Cantagalo, Lagoa
Tel.:(55) 21 2227-0837
De segunda a domingo, das 18h00 às 2h30
Museu de Arte Contemporânea
Mirante da Boa Viagem, s/nº, Niterói
Tel.: (55) 21 2620-2400
www.macniteroi.com.br
Solar do Jambeiro
Rua Presidente Domiciano 195, São Domingos, Niterói
Tel.: (55) 21 2109 2222
www.solardojambeiro.com.br
Sítio Roberto Burle Marx
Estrada Roberto Burle Marx, 2019, Barra de Guaratiba
Tel.: (55) 21 2410-1412
Talho Capixaba
Avenida Ataulfo de Paiva, 1022
Tel.: (55) 21 2512-8760
www.talhocapixaba.com.br
Bráz
Rua Maria Angélica, 129 Jardim Botânico
Tel.: (21) 2535-0687
www.casabraz.com.br
Como ir
A TAP voa para o Rio com preços a rondar os 1000 euros. A partir de Outubro, as tarifas baixam
A Fugas viajou a convite da TAP
[FUGAS nº 533 - 7 Agosto 2010]