Fugas - viagens

Copacabana

Copacabana Rui Gaudêncio

Além do Corcovado e do Pão de Açúcar

Por Simone Duarte

A Fugas lançou-lhe o desafio: "Vai ao Rio e revela o que só um carioca pode revelar, os segredos da cidade". Como fugir ao chavão da cidade maravilhosa quando o carro faz a curva e damos "de cara" com "aquele" pôr do sol na ensea da de Botafogo, com o Pão de Açúcar lá ao fundo? Como explicar a sensação de se estar permanentemente a entrar num cartão postal? Simone Duarte imaginou então um roteiro em que o turista não precisa de subir ao Corcovado nem ao Pão de Açúcar para ser sempre recompensado com um cartão postal

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Vamos começar com um passeio pelas praias da zona sul do Rio sob duas rodas. As bicicletas do mobilicidade (www.mobilicidade.com.br) estão espalhadas por 19 pontos da orla do Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon e pela Lagoa Rodrigo de Freitas. Por dez reais (4,5 euros), podemos andar das seis da manhã até às dez da noite mas nunca por mais de uma hora, e sempre com um intervalo de 15 minutos entre um passeio e outro. É só chegar a um dos pontos, telefonar para o número (21) 3005-4316 e esperar pelo sinal verde para a bicicleta ser "liberada" automaticamente (mas atenção, é um número de telefone por bicicleta).

Pode-se passar um dia inteiro a pedalar sem sair do cartão postal que é a orla da zona sul. De bicicleta ou não, vale a pena uma visita ao Forte de Copacabana, que fica no fim da praia de Copacabana, na fronteira com Ipanema. Por apenas quatro reais (1,80 euros) pode-se ir até à cúpula dos canhões e ter uma vista colossal de Copacabana e Ipanema. Antes de sair, tome uma bebida na filial da tradicional Confeitaria Colombo dentro do forte rodeado pelo mar. 

Se a disposição para caminhar existe, a outra dica é o Forte do Leme, no início da Praia de Copacabana. Por quatro reais (1,80 euros) pode-se fazer uma caminhada de meia hora até ao topo do Forte pela mata Atlântica com uma vista pouco conhecida pelos turistas e pelos próprios cariocas (a do Pão de Açúcar de "costas"). Não deixe de levar água. O caminho está fechado até ao fim de Agosto mas tem previsão de reabertura para Setembro.

Qualquer roteiro de passeio pela orla marítima ou pelas principais avenidas de Copacabana, Ipanema ou Leblon, tem que incluir paragens estratégicas nas lojas de sucos (sumos) naturais que podem ser encontradas em quase cada esquina. O melhor sítio para passar aqueles instantes do pôr do sol é sempre uma escolha que divide o turista. Se ainda estiver perto do Forte de Copacabana, ande alguns metros e suba a Pedra do Arpoador. Não é um segredo do Rio mas um clássico que não deve ser ignorado. Quem ainda tiver uma tarde livre para uma volta de bicicleta pela lagoa Rodrigo de Freitas ("a lagoa") pode terminar o dia a bebericar uma caipirinha enquanto vê o sol se pôr no Palaphita Kitch, um dos 20 quiosques da lagoa. Ou ainda experimentar alguns dos seus pratos, como o queijo coalho flambado na cachaça.

Se quiser aventurar-se fora da orla da zona sul, a primeira dica é um passeio a Niterói, do outro lado da Baía de Guanabara, para visitar o Museu de Arte Contemporânea, projectado pelo arquitecto Oscar Niemeyer. Do prédio que mais parece um disco voador tem-se uma das melhores vistas de cartão postal do Rio de Janeiro. Já que atravessou a Guanabara, vale um passeio ao Solar dos Jambeiro, um sobrado construído em 1872 por um rico português, Bento Joaquim Alves Pereira. A casa é considerada uma jóia da arquitectura urbana e burguesa da época. As fachadas são totalmente revestidas de azulejos portugueses padrão e os beirais são de telhão de louça. 

De volta ao Rio, não deixe de passear pela zona oeste: comece o dia no Sítio Burle Max, na Barra de Guaratiba. Roberto Burle Marx é considerado um dos maiores arquitectos paisagistas do mundo, para muitos o inventor do jardim moderno. Quando morreu, aos 82 anos, em 1994, o brasileiro, filho de mãe pernambucana de origem francesa e de pai alemão, deixou mais de 2000 jardins projectados em todo o mundo (entre eles, os de Brasília e do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro) e o sítio onde morou nos últimos 20 anos de vida com 3500 espécies de plantas, a maioria plantas exóticas e tropicais, muitas em vias de extinção. 

A paixão por criar jardins com plantas tropicais, numa época em que no Brasil se copiavam os jardins europeus, nasceu de uma temporada na Alemanha no fim dos anos 20, quando visitou um jardim botânico e encontrou uma estufa com vegetação brasileira. Visitar o sítio é como entrar no mundo das experiências de jardinagem de Burle Marx, que se tornou célebre pela parceria com os arquitectos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Biólogos ou estudantes de biologia fazem um passeio de duas horas pelas alamedas de Pau Ferro, palmeiras que vieram do Sri Lanka, plantas que vieram da Amazônia, da caatinga, do cerrado, jardins de diferentes tons e texturas de verde.

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