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    Carnaval de Lazarim Luís Maio
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    Carnaval de Lazarim Nacho Doce/Reuters
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    Carnaval de Lazarim Joana Bourgard
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    Carnaval de Lazarim Paulo Pimenta

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Lazarim, um Carnaval de caretos, demónios e senhorinhas


Tudo a nu

Ser gordo ou ser magro, tímido ou vaidoso, virtuoso ou licencioso, tudo serve para fazer piadas, que não raramente se confundem com insultos. É-se preso por ter cão e preso por não ter, ninguém é poupado, é impossível sair a ganhar. A única esperança reside na eventual falha de inspiração dos redactores, ou menor eloquência dos declamadores escolhidos para os representar. No ano passado, por exemplo, tornou-se bastante claro que o discurso das raparigas era bem mais incisivo e vingativo, mas também que a declamadora deu muito melhor conta do recado que o seu homólogo masculino.

Este rol de acusações deve causar calafrios na espinha de muitos dos visados. Já para quem vem de fora, o efeito destas duas horas de lavagem de roupa suja só pode soar como uma brincadeira estranha e mesmo perversa, por vezes de uma crueldade terminal. Claro que é divertido quando os versos, mesmo de poesia brejeira, revelam genuíno sentido humor e domínio do português mais traiçoeiro. Os melhores testamentos do Entrudo de Lazarim poderão ser comparados a esses álbuns de rap hardcore tão engenhosos que se tornam contagiosos, apesar de todo o rol de bujardas avulsas que os animam.

Tamanho afiar de navalhas verbais entre os jovens de Lazarim tem, segundo os académicos, uma finalidade catártica e uma moral do género "para-o-ano-vê-se-te-portas-melhor-para-não-acabares-nas-bocas-do-mundo", embora pareça ser mais uma questão de sorte que de virtude conseguir controlar os estragos. Em qualquer caso, tudo acaba quando os bonecos estoiram e toda a gente se dirige para as panelas.

Antigamente a guerra dos sexos assumia também uma vertente alimentar, traduzida num calendário de manjares rituais, alternando a dieta com os excessos, que era rigorosamente cumprido durante quatro semanas, até ao Domingo Magro. Hoje tudo se concentra na Terça-Feira Gorda, quando Lazarim se despede da festa oferecendo a todos os presentes um jantar volante tendo por ementa feijoada e sopa de farinha, acompanhados por enchidos de porco, broa e vinho. São cozinhados durante o dia inteiro em enormes caldeirões de ferro, aquecidos a lenha. Os fumos e odores intensos que se desprendem dos caldeirões, mais o alegre cavaquear das cozinheiras, são parte integrante da animação e, obviamente, aguçam o apetite. No fim, tudo o que é requerido para se ser servido é vir equipado de casa, ou comprar ali mesmo copos e pratos em barro, que no final também servem de souvenirs de Lazarim.


Como ir
Lazarim fica a cerca de 13 km de Lamego, fazendo-se o acesso por um desvio na estrada nacional 226, que liga aquela cidade a Tarouca.

O que fazer
Enquanto o desejado Museu do Entrudo não é construído, a Casa do Povo de Lazarim exibe uma mostra das caretas que vem coleccionando desde o 25 de Abril. É também costume haver uma tenda montada ao lado desta infra-estrutura, onde se encontram máscaras esculpidas pelos artesãos de Lazarim e mais artesanato das redondezas. O preço das máscaras varia entre os 100 e os 500?

O que comprar
O bolo tradicional do Carnaval de Lazarim, em vendas nas bancas montadas ao redor do largo do Padrão, é o Pito. É feito de farinha e azeite, mergulhado num corante amarelado e berrante. O nome deve-se à forma de galinha, mas numa festa sob o signo do brejeiro não admira se as vendedoras aliciam quem passa apelando a outras conotações da mesma palavra.

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