Deste mosteiro velho, fugiriam séculos depois outros monges, decididos a ter melhor (e, já agora, mais) vida, lá mais para o alto da serra, onde o sol é mais simpático.
É aqui no cume que se encontra a segunda parte do conjunto de San Puan de la Peña, um novo mosteiro, já do século XVIII, naturalmente menos surpreendente mas ainda assim com traços marcantes da "modernidade" monástica, de perfeita simetria e claustros, até porque agora acolhe dois eficientes centros de interpretação, um dedicado ao Reino de Aragão, outro ao Mosteiro em si. O conjunto alberga ainda uma hospedaria, que inclui um moderno edifício, cujo contraste com as construções centenárias pode até chocar. Não é esse o nosso caso. Saímos de San Juan de la Peña mais maravilhados que chocados. E, já de regresso a casa, é com uma última imagem do mosteiro incrustado na rocha que nos despedimos de Jaca, cidade com nome de fruto que de parecido com este só a grandeza, não de tamanho mas de conteúdo: cultural, histórico, artístico. E, com o sentimento de que há muito mais a descobrir, prometemos voltar.
Este não é destino para dietas
Os (muitos) prazeres da mesa
Os Pirenéus Aragoneses podem ser um destino preferencial de neve.
Mas, em qualquer altura do ano, oferecem outros prazeres. Mais gulosos. À mesa de Huesca, não faltam iguarias, cores, aromas, texturas. Por isso, não é o melhor destino para dietas. O frio também é combatido à mesa e o corpo pede as calorias extra dos fritos, da carne e até das sobremesas.
A experiência gastronómica começa logo assim que pousamos na primeira estância, em Formigal, com um jantar no Fidel, o restaurante do Hotel Villa de Sallent, paredes-meias com o nosso porto de abrigo, o quatro estrelas Hotel & Spa Aragón Hills. Mas é no dia a seguir, à hora de almoço, que compreendemos o que é a verdadeira comida aragonesa: requintada mas pesada e em doses XXL. No restaurante do Hotel Casa Morlans, em Panticosa, recebem-nos com uma salada de pato e um risotto de cogumelos, entre outras entradas. De tal forma que, quando chega o segundo, um salmão na brasa que ocupa por inteiro o prato, o estômago já pouco espaço tem para o receber. É a precisar de uma sesta que saímos daqui, entorpecidos pela quantidade, mas deliciados pela qualidade.
O encontro com o que mais de tradicional tem a gastronomia aragonesa repete-se à noite, desta vez no Hotel El Reno, em Villanúa, já do lado do Vale de Aragão. Aqui faz-se a introdução a três tipos de carne muito apreciados nesta região: javali, veado e corça.
Depois de conhecermos os pratos regionais, o dia seguinte é uma incursão pelas tapas (e pelas copas, pois claro). A começar em Astún, num almoço organizado pelo Hotel Europa, onde somos esperados por uma mesa preenchida de amuse-bouche de diferentes cores e formas. A mesma diversidade que se encontra quando se traça uma rota de tapas por Jaca. Começamos pela Casa Fau, a cinco passos da Catedral de São Pedro de Jaca. O ambiente é informal, de copas y tapas. Pela mesa, há abundância de mimos como queijo fresco com caviar ou queijo creme com salmão.