Fugas - viagens

  • Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Anta megalítica
    Anta megalítica Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Pedro Cunha
  • Bolo tradicional: tecolameco
    Bolo tradicional: tecolameco Pedro Cunha
  • Pedro Cunha

O Crato para além do prior e do festival de Verão

Por Alexandra Prado Coelho

Esta semana, a vila do Crato recebe milhares de pessoas para o seu festival de Verão. Mas a vila que foi sede da Ordem de Malta quer mostrar que vale bem uma visita noutras alturas do ano.

Em praticamente todas as casas da vila do Crato há já quartos prontos para receber os filhos, os netos e os amigos destes que vão chegar nos próximos dias. É assim todos os anos. A vila que foi a sede dos cavaleiros da Ordem de Malta, habitualmente mergulhada numa calma muito alentejana, vê regressar os mais jovens, que partiram para estudar noutras cidades, e que, em muitos casos (cada vez mais) acabam por ficar fora porque ali é difícil encontrar trabalho. Mas o Festival do Crato, no final de Agosto, muda tudo - por quatro dias.

Maria Luísa Bello Morais, proprietária do turismo rural Casa do Largo, no centro da vila, mostra, numa moldura, fotografias de Vitorino e do brasileiro Ivan Lins, recordações de noites em que os músicos, e muitos outros, se reuniram na sua casa, no pequeno jardim à volta da piscina, a tocar e a cantar noite dentro, depois de terem actuado no palco montado na praça central do Crato. A festa dura até de madrugada. E os mais novos acabam invariavelmente à porta da padaria a comprar pão fresco e boleima, um bolo tradicional com açúcar e canela.

O festival começou por ser, no seu primeiro ano, 1984, uma Feira de Artesanato e Gastronomia. "Havia na época uma grande aposta nesse tipo de feiras, que apareceram um pouco por todo o país", conta Luís Pargana, adjunto do presidente da câmara. "Aqui houve desde cedo um cuidado especial com a programação musical." Em 2010, a feira "assumiu-se como festival de Verão, mas com uma identidade muito própria: é um festival que acontece no centro da vila, num piso de calçada portuguesa...".

Por tradição, abre sempre com a Filarmónica do Crato, à qual se seguem artistas locais, nacionais e internacionais. Este ano, a crise obrigou a um ajuste: os artistas internacionais serão portugueses com projecção internacional, como os Dead Combo ou os Buraka Som Sistema. E haverá ainda o regresso ao Crato da Sétima Legião, que em tempos passou pela Feira de Artesanato e Gastronomia, naquele que, diz Luís Pargana, "ainda hoje muitos recordam como o melhor concerto de sempre".

O festival do Crato é - juntamente com a Páscoa - o grande momento de reencontro, de regresso dos jovens à vila (que desde os anos 50 do século XX já perdeu 62% da sua população), e de descoberta do Crato por muitos que não o conheciam (em 2010 houve 35 mil visitantes, no ano passado foram já 47 mil). Mas a câmara da vila quer que as pessoas venham também noutras alturas, que os turistas apareçam em maior número, que o Crato se encha de vida em todas as alturas do ano, que apareça trabalho, agora ligado sobretudo ao turismo, onde antes houve indústria e agricultura.

Vamos, por isso, conhecer o Crato para além do festival - a vila que está lá todo o ano, pacatamente, à nossa espera.

Chico Lindo e o historiador

A principal atracção é o Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa (século XIV), onde existe desde 1995 uma Pousada de Portugal - um projecto do arquitecto Carrilho da Graça que incluiu a construção de uma ala nova ligada ao velho mosteiro. Mas se hoje o túmulo de D. Álvaro Gonçalves Pereira repousa novamente com dignidade entre as altíssimas paredes de pedra da igreja, e se os hóspedes mais afortunados da pousada podem até vê-lo da janela de um dos quartos, e se é possível dormir numa torre do mosteiro como se fôssemos cavaleiros da Ordem de Malta, ou tomar banho na piscina junto às muralhas do monumento, a verdade é que ainda há não muito tempo tudo aqui era muito diferente.

--%>