Fugas - viagens

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As mãos no volante e os olhos no Douro, na “melhor estrada do mundo para conduzir”

Por Samuel Silva

Dividir atenções entre curvas exigentes e uma paisagem deslumbrante é mais fácil do que parece entre Peso da Régua e Pinhão — na estrada escolhida como a melhor do mundo para conduzir. A Fugas fez esses 27 quilómetros de Porsche.

A infância de Luís Lacerda tinha o Douro como cenário. O motivo das visitas constantes era o trabalho do seu avô, director-geral da Croft, uma das mais antigas produtoras de vinho do Porto. “Na Páscoa, na matança do porco, nas vindimas, cá vinha eu. Até aos 16 anos, passei muito tempo aqui”, conta. Agora, com 33, dedica a vida aos automóveis e é um dos pilotos que conduz a Fugas à descoberta da estrada que foi escolhida como a “melhor do mundo para conduzir”.

Durante a infância e a adolescência percorreu muitas vezes estes 27 quilómetros da estrada nacional N222. Antes de se tornar piloto, habitou-se ao serpentear das curvas e contra-curvas entre Peso da Régua e Pinhão, mas também ganhou gosto pelos pedaços da via em que é possível contemplar a paisagem. Ao longo de todo o caminho, o rio está sempre bem próximo, com os socalcos do vale do Douro a espreitarem de esguelha para condutores e passageiros. “O perigo é uma pessoa maravilhar-se com isto”, comenta, divertido, Luís Lacerda.

Subimos o Douro de carro, enquanto outros viajantes o sobem de barco ou de comboio. A linha ferroviária segue praticamente paralela à N222, na margem oposta do rio. A dada altura, os três meios de transporte conseguem estar lado a lado, como que se estivessem a cruzar tempos diferentes da vida desta região. Aos olhos saltam as diferenças de cor que a luz do sol cria entre os vários planos do vale e os contrastes entre as paisagens que se sucedem, das encostas rochosas aos socalcos que, nesta altura do ano, são já de um verde muito vivo.

A escolha da N222 como “World’s Best Driving Road”, pela Avis, é, de resto, baseada neste equilíbrio entre o traçado entre a Régua e o Pinhão e o vale do Douro. A empresa de aluguer de automóveis pediu a uma equipa constituída pelo físico quântico Mark Hardley, o designer de circuitos de Fórmula 1 Hermann Tilke e o criador de montanhas-russas John Wardley, para desenvolver uma fórmula que permitisse definir os critérios através dos quais pudesse ser escolhida a “melhor estada do mundo para conduzir”. A fórmula aponta para um índice ideal de 10:1, ou seja dez segundos de condução em linha reta para cada segundo gasto numa curva. A ideia é combinar a experiência de condução desportiva das curvas, com o tempo para apreciar a paisagem nos pedaços em que a viagem se faz em recta.

A N222 no Douro oferece uma relação 11:1, um valor praticamente idêntico àquele que é considerado perfeito. A experiência de condução nesta estrada é, de facto, quase tudo aquilo que a fórmula da Avis promete. Há rectas com limite de velocidade estabelecido a 90 quilómetros por hora, onde é possível puxar pelo motor de um automóvel. Noutros troços, a velocidade recomendada é mais baixa, tornando-se no momento ideal para olhar o rio e a paisagem em volta.

Por outro lado, o número de curvas cria um desafio para os condutores mais exigentes: são 93, ao todo, ao longo deste troço, algumas com uma inclinação lateral que acrescenta emoção ao percurso. Serão estes momentos a fazer as delícias dos amantes da condução desportiva. Especialmente na zona onde estão as curvas mais interessantes, já próximas do cruzamento de acesso ao Pinhão, um pouco antes da ponte sobre o rio Torto. “Parece o rally da Córsega”, atira, entusiasmado, Pedro Moleiro, enquanto conduz o Porsche 911 GTS com que a Fugas conheceu a fundo a estrada. O piloto acelera e trava rapidamente entre as cerca 20 curvas que se concentram neste pedaço do trajecto, entre algumas que são autênticos “cotovelos” e outras mais longas e inclinadas. Sem que a velocidade chegue nunca a ser muito elevada, a sensação deste bailado do carro impressiona.

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