Fugas - restaurantes e bares

  • DR
  • DR
  • DR
  • DR

Há um festival para pôr a Ilha Terceira no mapa da gastronomia

Por José Augusto Moreira

Durante três semanas, um conjunto de restaurantes oferece menus acessíveis baseados nos produtos e nas receitas regionais. Experimentámos tantos quantos pudemos e ficou a evidência de um futuro saboroso para a cozinha local.

Resistente, heróica e liberal, a ilha Terceira reivindica também lugar de destaque na história actual onde a gastronomia e o turismo têm papel decisivo. No centro do mundo — e dos impérios coloniais ibéricos — durante séculos, Angra do Heroísmo é hoje uma cidade acolhedora, cuidada e preservada, testemunho vivo dessa imponência longínqua mas também voltada ao futuro e à modernidade que fazem a história contemporânea. Um registo que inclui o modo culinário e a promoção e valorização dos produtos locais, de que o Festival de Gastronomia “Sabores da Inovação” é parte fundamental.

E se foi o centro do mundo no tempo das descobertas e da navegação à vela, a Terceira foi também sede do reino, tanto no curto período de resistência à ocupação filipina como quando D. Pedro IV aqui assumiu a Regência e nomeou Ministério, para fazer ao golpe absolutista que em 1820 se instalou em Lisboa.

Ponto de paragem e abastecimento para as naus e caravelas que cruzavam o Atlântico, em Angra aportavam primeiro todos os produtos e especiarias do novo mundo. Nos seus palácios, conventos e casas senhoriais foram primeiro utilizados e experimentados. É essa Angra, fruto desse legado e património histórico e urbanístico, que é reconhecida pela UNESCO como Património Mundial. Uma Angra que hoje é também do Heroísmo, em reconhecimento pela heróica resistência pela causa liberal, e que aposta na causa da gastronomia como factor de atracção, de promoção, valorização e actualização de um património rico e singular.

Daí que o festival gastronómico que há oito anos consecutivos é promovido pela Câmara de Comércio local ponha a tónica nos “Sabores da Inovação” e na envolvência da restauração de toda a ilha, sabedora que é de que esse é o eixo central na conjugação entre passado e futuro, o esquecimento e notoriedade.

Uma virtuosa conjugação que se impõe ao visitante quando se cruza com os sabores dos preciosos pastéis D. Amélia, carinhosamente fabricados pele pastelaria O Forno, ou a variedade doceira da centenária Pastelaria Athanásio, ambas no centro histórico de Angra. Em contraponto, a fresca modernidade da Quinta dos Ações, um espaço concebido para valorizar a marca Açores, onde, além de refeições saudáveis e uma vista maravilhosa sobre a cidade, é possível encontrar produtos únicos e genuínos da colheita local, das carnes aos queijos, dos iogurtes aos gelados.

No contexto do festival gastronómico, que decorre até 14 de Maio com a participação de 16 restaurantes, uma rápida passagem pela ilha permitiu visitar três casas que dão vivo testemunho da modernidade e competência que por ali se espalham.

Outra das (boas) surpresas tem a ver com a adesão, sobretudo de grupos de jovens, ao programa do festival, fazendo com que em muitos casos a lotação dos restaurantes esgote antecipadamente nas noites de fim-de-semana.

Restaurante Cais de Angra
Alcatra de peixes
   

Mesmo enquadrado por um ambiente moderno e descontraído, não deixa de surpreender o conceito de contemporaneidade que se destaca no menu escolhido pelo restaurante Cais de Angra. Sala ampla envidraçada nas instalações da marina, que inclui área de esplanada, com decoração simples e serviço cuidado e descomplicado.

--%>