Fugas - dicas dos leitores

  • Ademar Costa, 58 anos, Póvoa de Varzim
    Ademar Costa, 58 anos, Póvoa de Varzim Paulo Pimenta
  • José Alberto Silva dos Santos, 52 anos, Almada
    José Alberto Silva dos Santos, 52 anos, Almada Miguel Manso
  • Maria Clara Costa, 74 anos, Amadora
    Maria Clara Costa, 74 anos, Amadora João Silva
  • Augusto Küttner Magalhães, 65 anos, Porto
    Augusto Küttner Magalhães, 65 anos, Porto Fernando Veludo/NFactos
  • Maria João Castro, 47 anos, Caldas da Rainha
    Maria João Castro, 47 anos, Caldas da Rainha DR

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“A Fugas é uma fuga para mim e para os meus sonhos”

A primeira crónica é de 2009, um flashback de um episódio da sua “primeira grande viagem”, feita 40 anos antes, quando foi com o marido “num Volkswagen até Copenhaga” e, no regresso, visitaram Berlim Leste. “Vi o texto de um rapaz que quis viajar para a Europa de Leste e precisou de autorização da PIDE e lembrei-me que também tinha uma história parecida”, conta. Em 1969, passeava com o marido pelo lado ocidental da capital alemã quando encontraram um português que os convidou a visitarem a cidade além-muro. Foram, perderam-se no regresso, voltaram para Portugal. “Nunca cheguei a saber se na alfândega não repararam no visto, que era suficiente para irmos presos mas não sabíamos, ou se fingiram não ver”, recorda-se, contando ter sido com a mesma dúvida que terminava então o texto, publicado a 3 de Outubro de 2009.

A partir daí “começou a achar graça”, foi enviando mais. Até convenceu uma amiga “que escreve muito bem” a participar também e segue outra leitora religiosamente. “Quando vejo que há um texto da Maria João Castro não faço mais nada, vou logo ler, adoro as crónicas dela”, revela. Contas feitas, somam-se 16 textos publicados até ao momento, da Patagónia à Síria, do Camboja ao Líbano ou ao Dubai.

Umas vezes escreve mal acaba de fazer a viagem, como a última, feita em 2014 ao Irão. “Estava há 20 anos para lá ir e como não arranjei companhia, fui numa excursão onde não conhecia ninguém”, conta. Outras surgem quando alguma coisa a faz recordar-se da viagem, como uma reportagem na revista sobre a Guatemala ou o casamento de uma prima com um libanês. Algumas nascem como forma de escape. “Escrevi a crónica do Brasil porque o nosso cão morreu, estava muito triste e tinha que pensar noutra coisa, então fui buscar tudo o que tinha guardado da viagem e entre rever tudo, escrever a crónica, mandá-la e ficar na expectativa de ver se já foi publicada e aquilo tudo, quando saiu [na revista] a depressão já tinha passado”, sorri.

Um dia Maria Clara quer repetir o Egipto. E falta-lhe o Nepal, o primeiro nome que surge numa outra pasta, onde guarda todos os artigos sobre destinos que ainda quer visitar. “Agora se calhar já não vou, mas se as coisas se recompuserem nos dois países e se eu tiver forças, gostava. Depois [as outras viagens] é o que aparecer”. M.G.

 

Maria João Castro
47 anos, Caldas da Rainha

Cinquenta. Um número redondo, meia centena de artigos publicados entre Janeiro de 2009 e Junho de 2014, diz-nos sem hesitar num email entre viagens. “Vinha lendo o registo de outros leitores e depois pensei: ‘espera, eu também gostava de partilhar a minha experiência de viagem’.” Acabou por trazer relatos de muitos passeios por Portugal e pela Europa, de cidades na Índia, em Zanzibar, no Vietname, na Malásia, na Jamaica e outros tantos países distantes pelo mundo. “Fi-lo porque achei que, se escrevesse com intenção, podia motivar leitores a viajar”, conta. “Foi um processo natural que me deu muita satisfação, partilhar destinos e memórias de viagens com outros leitores.” “Até ganhei um passatempo intitulado ‘Novos Olhares sobre o Mundo’ com um artigo sobre o Quénia. O prémio foi uma viagem à Tunísia, uma surpresa muito agradável que não estava, de todo, à espera”, recorda.

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