A igreja do Redentor foi projectada por Andrea Palladio. O convento com o mesmo nome fica por trás. Do meu quarto via-se bem a cúpula. O seu interior mereceu várias visitas, pois está repleto de obras de arte de pintores como Tintoretto e Veronese.
Do lado sul da ilha, vê-se a laguna. É um outro ambiente, aquele que se vive deste lado. Há hortas, jardins, cais de embarque. Terraços de casas viradas para estas águas, mais silenciosas e calmas, raramente cruzadas por aquelas embarcações que não descansam durante o dia no outro lado.
O jardim do convento era virado para sul. O pôr do sol aqui é absolutamente imperdível. Assim como o amanhecer, ao som dos campanários. Os ciprestes que via todas as manhãs ao abrir a janela do quarto estavam deste lado da ilha. Talvez o melhor momento do dia para muitos fosse mesmo o crepúsculo. É que as esplanadas dos cafés e restaurantes começam a ficar preenchidas a esta hora. Estendem-se pelo fondamenta, muito próximas da água. Porque é mesmo ali que se quer estar, a olhar para Veneza, do outro lado, e a acompanhar o pôr do sol.
Não me cansei de andar de vaporetto. Absolutamente necessário para ligar a Giudecca à outra Veneza. Um transporte rápido e eficaz, que percorre os principais canais da cidade e que permite ligar-nos a terra firme. Como era bom percorrer as águas num transporte com vista contínua para as fachadas de palácios, de igrejas, para pequenas praças, para campanários...
Uma outra ilha, a de San Giorgio Maggiore, fica quase colada à da Giudecca. A única maneira de lá chegar é de barco. Há uma paragem do vaporetto que nos deixa ali. A caminho da Piazza San Marco, é a última antes de pisarmos o centro nevrálgico de Veneza. Em 2015, por causa da Biennale de Arte, a ilha de San Giorgio tinha para mim um motivo acrescido de interesse : as esculturas de Jaume Plensa, um artista catalão. A visita era obrigatória e não perdi tempo – parte do meu segundo dia foi lá passado.
Seja do lado norte, seja do lado sul, a Giudecca tem uns traços muito próprios, que a tornam apetecível para uma estadia serena, num enquadramento simultaneamente exclusivo e algo bucólico. Diz a história da ilha que durante muito tempo foi o espaço preferido de famílias nobres e burguesas, que aqui possuíam os seus palácios e casas, para períodos de descanso estival ou durante o inverno.
A autora assina o blogue Cartografia Pessoal