Quarenta anos é um número redondo, mas não é habitualmente um marco incontornável de comemoração. Ainda assim, a BMW entendeu que não podia deixar de assinalar as quatro décadas decorridas desde a inauguração do seu museu, o edifício cuja forma invulgar levou habitantes e visitantes de Munique a chamarem-lhe “a taça”. É que 2013 é, de facto, um ano importante para a BMW.
A reboque do 40.º aniversário do museu, a marca alemã chama a atenção para outras datas importantes da sua história de construtor de automóveis e motociclos. Foi também em 1973 que foi ocupado o contíguo “quatro cilindros” — outra alcunha, que designa o edifício de quatro torres idênticas que serve de quartel-general ao grupo e que tem o museu e um gigantesco complexo fabril a seus pés —, após a conclusão da obra no ano anterior. E em 2013 comemoram-se também os 90 anos da primeira moto construída pela BMW.
Em 2007, a “taça” ganhou mais um vizinho: o “tornado”. Esta é a designação não oficial do imponente BMW Welt (Mundo), um edifício de Wolf Prix com um elemento destacado, uma coluna em contorção, que é um espaço difícil de classificar: será uma espécie de mega-salão de exposição das marcas do grupo (BMW, Mini e Rolls Royce), com lojas, espaços de restauração e grandes auditórios para todo o tipo de eventos culturais, comerciais e científicos.
A trindade museu-fábrica-BMW Welt, cujos sujeitos podem ser visitados em conjunto, se houver pernas para tanto, é hoje umas das principais atracções de Munique. A entrada no BMW Welt é livre e o espaço chega a receber mais de 20 mil pessoas aos sábados. O museu, cujo bilhete normal custa 9 euros, já recebeu, desde a ampliação, em 2008, mais de 2,5 milhões de pessoas. Ralf Rodepeter, o director, admite que estes números o surpreenderam: “O normal é haver uma grande afluência nos primeiros tempos, pela mediatização, e depois o número de visitas estabilizar ou diminuir.” Certo é que o complexo registou 300 mil visitantes no primeiro ano e o número não mais parou de crescer. Já vai em 570 mil, o que, como sublinha, faz deste local o segundo “monumento” mais visitado do estado da Baviera, logo a seguir ao Palácio de Neuschwanstein, que a Disney ajudou a popularizar, reproduzindo as suas torres no logótipo da marca e construindo uma réplica, a que chamou o castelo da Bela Adormecida, na Disneyland de Orlando, nos Estados Unidos. Cada um no seu género, Neuschwanstein e BMW de Munique, são ambos espaços que convidam a sonhar.
Quando foi inaugurado, o edifício do museu, projectado juntamente com o “quatro cilindros” pelo arquitecto Karl Schwanzer, impressionou não apenas pelo aspecto exterior mas também pela organização espacial e conceito do interior. Por dentro, a “taça” era uma espiral que reproduzia as ruas de uma cidade. “Não fazemos automóveis e motos para exposição, fazemo-los para andarem pelas ruas e estradas. Por isso, essa ideia de apresentar os carros e motos no seu habitat natural foi mantida e desenvolvida em 2008, na parte nova do museu”, explica Rodepeter.