No coração de Évora, os sabores do Alentejo enriquecidos com a arte do chef António Nobre podem agora ser degustados em formato de tapas. O M’Ar de Ar Aqueduto acaba de abrir um novo espaço para refeições mais ligeiras com a qualidade a que o restaurante deste hotel de cinco estrelas já nos habituou, com a sua carta marcadamente alentejana e de cozinha de autor.
Do camarão selvagem na frigideira à botifarra de azaruja com grelos, dos cogumelos salteados aos pezinhos de coentrada, da carniça de enchidos às molejas de borrego aromatizadas com alecrim e limão, a paleta de sabores faz as delícias do apreciador do azeite, alho e coentros.
Os excelentes queijos da região podem ser saboreados ao natural, como os de Serpa e Niza, ou gratinado, como o de Évora. O paio alentejano com ovos de codorniz rivaliza com o presunto ibérico que se derrete na boca. E a combinação das saladas de secretos e de polvo torna-se uma agradável surpresa. Mas aquela maionese de alho e coentros polvilhada com lascas de alho frito, servida com finos chips, é um pecado a que não se pode resistir.
A garrafeira da casa é vasta e a vitrine que está ali mesmo em frente é prova disso mesmo. Acompanhamos os queijos e a maionese com um Catarina branco 2014 à temperatura ideal e passamos para outro branco mais seco, Herdade dos Grous 2015, quando vieram as duas saladas. Só passamos para o tinto, um Borba rótulo de cortiça 2013, para saborear os enchidos.
“Queremos oferecer uma experiência de qualidade a todos os clientes, provando que no Alentejo também é possível fazer uma refeição de pratos ligeiros e cheios de sabor. Procurámos inovar e criar um ambiente simples no qual as pessoas se possam sentir em casa”, justifica Luís Marcão, director dos hotéis M’ar de Ar. “Tal como no Degust’Ar, no Bistro privilegiamos os ingredientes da região e desenvolvemos a inspiração criativa pelos sabores mediterrânicos”, acrescenta o chef Nobre.
O Degust’Ar Bistro funciona das 13h às 15h para almoço e das 19h30 às 23h para jantar, um horário um pouco mais distendido à noite que o do restaurante-mãe, onde aliás se pode disfrutar de um menu de degustação muito completo e a um custo justo.
Claro que nestas duas modalidades ficam de fora os ex-libris da carta deste conceituado e premiado restaurante, como o inesquecível carré de borrego com crosta de alecrim, cuscuz de legumes e gelado de hortelã. Ou aquela sobremesa de cogumelos shiitake, baunilha e chocolate, aromatizado com óleo de trufa e pontuado de mirtilos e pérolas de amêndoa torrada.
Quase a fazer dez anos, o M’ar de Ar Aqueduto situa-se no centro histórico, em pleno coração da zona classificada como Património da Humanidade pela UNESCO. O hotel surge da adaptação do antigo Palácio dos Sepúlveda, edifício quinhentista do qual conserva uma magnífica capela, tectos em abóbada e três janelas manuelinas na fachada principal – aliás, só conservadas porque numa das suas sete vidas passadas foram cobertas por cimento.
Sete vidas, sim, já que depois de abandonado pela família Sepúlveda ter rumado a Lisboa com a corte de D. Manuel, passou para a posse da Igreja e foi nesse periodo convento feminino, primeiro, e depois masculino. Após a revolução industrial acolheu unidades fabris: azeitona, sabão, cereais e têxtil, esta última laborou até 1994.
