E se a gastronomia portuguesa tem uma profundíssima relação com o vinho, faz também todo o sentido que isso aconteça no Brasil ou em África. Daí que cada uma das receitas seja acompanhada por uma sugestão de harmonização.
O branco é bom no calor
E neste campo, Vítor Sobral está cada vez mais convicto de uma coisa: o vinho branco é perfeito para países quentes como o Brasil. “Tanto no Brasil como em África existe um preconceito em relação ao vinho branco. Mas percebe-se porquê. Há um século, o vinho que chegava lá era muito ruim e por isso as pessoas habituaram-se a que vinho é tinto e não branco”. Hoje as coisas estão a mudar, mas ainda lentamente. “Os brasileiros já conhecem o Vinho Verde, por exemplo, que na praia, com calor, é um sonho”.
E sublinha que o vinho branco não tem que se bebido apenas para acompanhar pratos muito leves. “Se forem vinhos brancos estruturados, e não precisam ter muita madeira, e se forem minerais, são fantásticos para acompanhar pratos de sabor intenso, e, arrisco a dizer, até carnes que não sejam muito cozinhadas, como um bife grelhado.”
Também Casimiro Gomes, fundador da Lusovini (que chegou ao Brasil com o nome Brasvini), diz que no Brasil houve nos últimos anos uma evolução muito grande e “quem consome vinho representa hoje um mercado de primeiro mundo, muito esclarecido”. Mas, acrescenta, para que isso acontecesse foi necessário ultrapassar preconceitos instalados – um trabalho que a sua empresa conhece bem porque o viveu no terreno. Mas hoje está-se numa nova fase e daí esta aposta cada vez maior em falar dos vinhos portugueses em conjugação com a comida. E Casimiro Gomes não tem dúvidas: “Quando se trata de orientar um vinho para uma gastronomia, os portugueses são imbatíveis”.
Receitas
Moqueca de Bacalhau
Ingredientes (10 pessoas): bacalhau demolhado (1,5 kg), cebola em cubos (150g), alho picado (40g), gengibre picado (10g), sementes de coentros (qb), azeite virgem extra (qb). Para a moqueca: tomate limpo picado (500g), cebola em juliana fina (300g), pimento vermelho limpo em juliana (2 unid.), cebolinha picada (qb), salsa picada (qb), malagueta fresca picada (qb), coentros com raiz picados (10g), gengibre picado (6dl), leite de coco (1 unid), sumo de lima (qb), azeite do confitado (qb), sal marinho tradicional (qb). Molho do dedo de moça: dedo de moça (60g), cebola roxa picada (1/2 unid), cebolinha picada (1 colher de sopa), salsa picada (1 colher de sopa), vinagre (qb), azeite virgem extra (qb).
Confecção: Confite o bacalhau com todos os ingredientes para o confitado. Retire as espinhas e as peles, rectifique temperos com sal e pimenta. Moqueca: faça um puxado com a cebola, parte do azeite de confitar, acrescente o tomate, o pimento, a malagueta, junte o leite de coco, o sumo de lima e deixe reduzir. Num tacho de barro, alterne o creme, o bacalhau e dendém (não está nos ingredientes), por cada camada perfume com as ervas e o gengibre. Finalize com o molho. Leve ao lume até ficar perfumado. Sirva com arroz branco e molho dedo de moça. Molho dedo de moça: limpe as pimentas e junte com todos os ingredientes.
Acompanhe com um Hidrângeas (Douro Branco) ou Acaso (Vinho Verde branco).