Uns metros abaixo, na mesma rua, a confeitaria Tinoca também está a dar os primeiros passos com uma nova gerência. Catarina Pinto, formada em arquitectura, comprou o trespasse há cerca de ano e meio. Renovou o espaço e acrescentou ao conceito do salão de chá novas tendências, como o cake design e os cupcakes, que surgem na montra ao lado dos doces conventuais. Também o doce de São Gonçalo — não confundir com o conventual, em formato de queijadinha, aqui estamos a falar do “doce fálico”, “a ferramenta” de São Gonçalo que foi banida durante a ditadura, por ser indecorosa — sofreu às mãos de Catarina melhorias na massa, para ficar mais tenro. Catarina admite que arriscou e que ainda é cedo para fazer balanços. “Mas tudo é melhor do que o desemprego” a que estava confinada na arquitectura.
Elisabete Rocha, dona da confeitaria Brisa Doce, é o exemplo de uma doceira de uma grande superfície que se transformou numa empresária de sucesso. Andou mais de um ano a negociar o trespasse na confeitaria onde paravam camionetas à porta, a caminho das excursões para o Douro e para as amendoeiras. Hoje, oito anos depois, os amarantinos enchem-lhe a casa, no dia-a-dia, por causa das torradas ( “demorei a acertar na massa para o pão de forma”), mas os doces conventuais também têm grande saída das montras.
Mais afastada dos turistas e das excursões, a pastelaria/padaria O Moinho trabalha sobretudo para os locais — que são “bem exigentes”, como confirma Ilídia Barbosa, que fundou a casa há 19 anos. Professora do ensino básico, agora reformada, Ilídia deve à mãe os ensinamentos e o gosto de pôr as mãos na massa, e à dona LaiLai, a própria, alguns truques. E nós devemos a toda esta gente a qualidade dos conventuais que nos continuam a adoçar a boca. E a alma.