Fugas - restaurantes e bares

  • Kamilla Seidler
    Kamilla Seidler Miguel Manso
  • Na cozinha do Feitoria, em Lisboa
    Na cozinha do Feitoria, em Lisboa Miguel Manso
  • Cañihua, um dos pratos que confeccionou por ocasião da Rota das Estrelas
    Cañihua, um dos pratos que confeccionou por ocasião da Rota das Estrelas Paulo Barata

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Há uma dinamarquesa loira atrás dos fogões em La Paz

Cozinhou um amaranto cremoso, ao qual juntou ervas estaladiças e legumes que trouxe da Quinta do Poial, em Azeitão (um dos lugares onde João Rodrigues levou todos os chefs convidados para a Rota), confitados e caramelizados. O prato levava ainda um queijo boliviano, “uma espécie de parmesão, que vem de Santa Cruz, muito aromático”, exemplo dos produtos de qualidade que começam cada vez mais a ser produzidos na Bolívia, onde tradicionalmente se consome sobretudo queijo fresco. 

O trabalho do Gustu tem ajudado a divulgar a gastronomia daquele que é um dos países mais pobres da América do Sul mas que nos últimos tempos tem vivido uma recuperação económica. E, conta Kamilla, o Governo está também empenhado em promover o país como destino turístico, apostando, entre outras coisas, no que ali se pode comer e neste universo de ingredientes ainda desconhecidos no mundo.

E os bolivianos, como têm reagido a tudo isto? “No início interrogavam-se ‘quem são estas pessoas, porque é que nos estão a falar da nossa comida?’. Depois perceberam que não estávamos a ensinar-lhes nada sobre a comida deles, que esta é apenas uma investigação e uma valorização dos produtos da Bolívia. Agora há cada vez mais pessoas a dizer-nos ‘ainda bem que estão a fazer isto, nós não o faríamos sozinhos, é fantástico descobrir tantas coisas boas no nosso país’.” 

O que se encontra no Gustu é o resultado dos contributos de uma dinamarquesa e um venezuelano (que viveu a última década na Europa) e de todos os alunos que compõem a equipa do restaurante. “Não há regras. Não somos um restaurante boliviano. Somos um restaurante na Bolívia. Há uma grande diferença. Quando as pessoas viram isso abriram-nos os braços. Perceberam que não estamos a tentar competir com a avó.”

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