Fugas - restaurantes e bares

  • Ana Cerqueira e Isabel Saúde
    Ana Cerqueira e Isabel Saúde DR
  • O licor Orangea
    O licor Orangea DR
  • Uma sobremesa com o licor
    Uma sobremesa com o licor DR
  • Um prato de atum que o chef Pedro Limão preparou no Ozadi
    Um prato de atum que o chef Pedro Limão preparou no Ozadi DR
  • O chef Pedro Limão
    O chef Pedro Limão DR

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Pedro Limão na terra do licor de laranja

O convite do Ozadi foi uma oportunidade para Pedro Limão cozinhar com produtos diferentes, mas também para o público algarvio conhecer este chef que tem uma concepção muito própria do que deve ser um restaurante. Ouçamos, então, a história. “A primeira aventura mais a sério na cozinha foi com um amigo com o qual abri um espaço, que na verdade funcionava à porta fechada, e que se chamava Na Cantina.” A experiência levou-o a querer mais e por isso deixou o trabalho como urbanista e foi estudar cozinha para Barcelona.

Mas trabalhar num restaurante, “estar ali a dar energia para uma máquina”, não era bem aquilo com que se identificava. “Daí surgiu esta necessidade de criar projectos alternativos, fugindo à restauração clássica.” Teve, na sua própria casa, o Clandestino, um espaço mínimo onde servia o que entendia a quem sabia que ele existia. O conceito alargou-se um pouco mas o espírito manteve-se quando abriu o Pedro Limão (não é o seu verdadeiro nome, mas sim o nome que escolheu enquanto cozinheiro).

Gosta de estar com as pessoas para as quais cozinha e sabe que para isso precisa de se organizar, preparar tudo com bastante antecedência e ter as coisas praticamente prontas quando as pessoas chegam para comer. Hoje, no Porto, pode-se conhecer a cozinha de Pedro Limão no Andor Violeta (na Praça Carlos Alberto) e na Oficina de Cozinha (na Rua do Almada), “uma espécie de clube” com menus de degustação e apenas 20 lugares, com vista para Pedro a preparar os pratos.

E o que marca essa cozinha de um cozinheiro muito pouco convencional? É Cátia, a mulher de Pedro e companheira de projectos, que resume: “A combinação do doce e do salgado, a estética do prato, que é uma coisa muito particular no Pedro, as cores que usa, os molhos-base, que são o pimento vermelho assado, a emulsão de vinho tinto e emulsão verde que pode ser de coentros ou salsa; e também a maneira como cozinha (pouco) o peixe, o bacalhau, a carne de porco.”

É tempo de nos despedirmos dos sabores, temporariamente mais algarvios, de Pedro, porque o Ozadi propôs-nos um programa para a manhã seguinte, de domingo. Quem nos espera, pelas 10h, é Jerome Séguy, que vai ser o nosso guia num passeio pela zona das salinas. O espaço, mergulhado numa paz só interrompida por uns pernilongos que perseguem uma gaivota (ficamos com a impressão que a história acaba mal para a gaivota), fica, surpreendentemente, logo ali em frente, do outro lado da estrada.

Jerome conta que há 16 anos que vive em Portugal e tem-se dedicado a fazer passeios (alguns com a duração de uma semana) com turistas estrangeiros, sobretudo franceses. Agora vai passar a fazê-los também com os hóspedes do Ozadi. Traz binóculos e aponta-nos os diferentes pássaros, os alfaiates com os seus bicos curvos e os flamingos rosados apoiados nas delicadíssimas patas. E mostra-nos como o rio Almargem se vai enchendo e a água passa de reservatório em reservatório, num processo de filtragem que termina, mais à frente, numa elegante pilha de sal que se ergue contra o céu azul do Algarve. 

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