Fugas - restaurantes e bares

  • Os chefs Ricardo Costa, Dieter Koschina, Fernando Agrasar e Vítor Matos
    Os chefs Ricardo Costa, Dieter Koschina, Fernando Agrasar e Vítor Matos Sérgio Azenha
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A Costa da Morte transformou-se na Costa das Estrelas

Já levantavam os copos e os pratos pela sexta vez, e os comensais preparavam-se para dizer adeus aos pratos salgados e dar as boas vindas aos doces, com um prato de transição assinado por Vítor Matos: “foie gras, espuma de beterraba, e sorvete de ruibarbo confitado”. Os críticos voltaram a sublinhar a ousadia dos ingredientes ali misturados, e a sublinhar o sucesso do resultado final. Por esta altura brilhava, também, Pepe Ferrer, que levou a cada copo um vinho centenário, um Dos Cortados, da Williams Humbert. Os comensais tiveram a sensação de estar a saborear a memória “de cada uma das vindimas “e o royal de foie gras de Vítor Matos ajudava a sublinhar a majestosidade do momento. Os que acharam que, lido o menu, era o mais arriscado de todos os pratos, convieram, após a degustação, que era um prato que funcionava “lindamente”.

Faltavam os doces para a noite terminar em grande. Agrasar assinava a “maçã, pepino doce, mascavado, gelado de requeijão ‘A Capela’ e apontamentos ácidos”, mas a consagração foi para Dieter Koschina, que elaborou o último prato da noite:  “Chocolate, café, pêra e champanhe”. Um prato de alta cozinha, técnico quanto baste, elegante na sua apresentação e, mais importante de tudo, saborosíssimo.

Philipe Regol, um reputado crítico gastronómico, proveniente de Barcelona, resumiu bem a noite. “Não sou partidário dos jantares a quatro, seis ou oito mãos. Mas quando as coisas saem bem há que aplaudi-lo”, tweetou, em jeito de conclusão, o crítico catalão, depois de ter usado outros adjectivos, que variavam entre o “guloso”, o “estupendo” ou o “excelente”, para caracterizar cada um dos pratos que lhe chegavam à mesa, em bonitas baixelas da Vista Alegre. Sim, a marca patrocina o evento, e até a louça era portuguesa. Bernardo Trindade, ex-secretário de estado do Turismo, e um dos rostos deste Rota das Estrelas, sublinhava a satisfação de se estar a assistir a um movimento que teve origem em Portugal e depois segue para Espanha, e não o contrário, como é costume. O balanço não podia ser outro: “Um sucesso”.

Será difícil continuar a dizer, como dissemos uns parágrafos acima, que o refúgio As Garzas, que se anuncia ao mundo como uma Pensão Rústica, fica perdido na Costa da Morte. E não falamos só dos GPS e dos mapas nos smartphones que nos indicam todos os caminhos: o pequeno lugar de Barizo, no concelho de Malpica, a umas dezenas de quilómetros da cidade da Corunha, um ponto no mapa, e na costa, que nos coloca mais perto de Londres do que de Sevilha (não é só o mapa que o diz, as temperaturas que se sentem também), ficou definitivamente no mapa das estrelas. E as estrelas não deixam que ninguém se perca. Se para a Michelin, Portugal não tem sequer um guia autónomo, e ainda há uma grande diferença numérica entre as estrelas atribuídas a Espanha (183) e a Portugal (16), na Costa da Morte a constelação de estrelas foi, sobretudo, portuguesa.

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