Uma noite dedicada às mulheres, em que só elas cozinham e apresentam os vinhos, é uma das novidades da 4ª edição do Sangue na Guelra, que acontece nos próximos dias 22, 23 e 24, em Lisboa. Ana Músico e Paulo Barata, os organizadores do evento, estavam a olhar para listas de nomes e de convidados de edições passadas quando se aperceberam que não havia mulheres. Era mais do que tempo de corrigirem isso, foi o que pensaram, conta Ana. E nasceu a noite extra Girls n’Guts, no dia 24, no restaurante Cais da Pedra.
Assim, e baseando-se, como habitualmente, nos conselhos dos seus consultores informais – o italiano Enrico Vignoli, o português baseado em Londres Leandro Carreira e Andrea Petrini, curador de eventos gastronómicos italiano baseado em França – chegaram aos nomes de três mulheres que, segundo Ana Músico, começam a despertar as atenções.
Trata-se de Antonia Klugmann, do L’Argine a Vencó, em Itália (uma estrela Michelin), Ana Ros, do Hisa Franko, na Eslovénia, que “para além de ser uma das grandes cozinheiras do momento, tem um trabalho de pesquisa de produtos muito interessante”, e Chloé Charles, do francês Fulgurances, que “acaba de sair do Séptime e está a dar que falar em Paris”. A elas juntam-se a chef de pastelaria portuguesa Maria João Malheiro da Confeitaria d’Alvor, no Algarve, e Cláudia Bicho, que será a padeira da noite e que vem do Chapitô à Mesa.
Nessa noite também os vinhos vão estar inteiramente nas mãos de mulheres. A sommelier será Vanessa Gonçalves, e a curadora (responsável pela escolha dos vinhos que são ser apresentados) é Joana Santiago, da Quinta de Santiago (Monção), que seleccionou vinhos ligados a mulheres, claro: Somnium (Joana Pinhão, Douro), Quinta Vale Dona Maria (Francisca van Zeller, Douro), Quinta da Mariposa (Lúcia Freitas, Dão), Quinta do Pinto (Ana e Rita Pinto, Lisboa).
Mas há ainda duas noites antes desta, que vão acontecer na 1300 Taberna, na LX Factory, e vale a pena também olhar para os respectivos cartazes. No dia 22 virão Alberto Montes (Atrio, Espanha, 2 estrelas Michelin), James Lowe (Lyle’s, Inglaterra, 1 estrela), Alisdair Brooke Taylor (In the Wulf, 1 estrela, Bélgica), que “é um daqueles restaurantes de culto para os cozinheiros e vai agora encerrar”, explica Ana, e, por fim, o chef de pastelaria Diogo Lopes, do Penha Longa, Portugal.
Dia 23 será a vez de João Viegas, vindo do algarvio São Gabriel, onde trabalha com Leonel Pereira (1 estrela), Mathieu Rostaing Tayard (Café Sillon, Lyon, França), Ricardo Camanini (Lido 84, Itália, 1 estrela), e Telmo Moutinho, o chef de pastelaria do Alma, o restaurante de Henrique Sá Pessoa, em Lisboa. Ana lembra que o grande chef francês Alain Ducasse disse um dia que o melhor prato que tinha comido na vida tinha sido feito por Ricardo Camanini.
Para além dos três jantares, o Sangue na Guelra vai apresentar (pela segunda vez) o mestre japonês Tomoaki Kanasawa, do restaurante Kanasawa. No ano passado, Tomo, como é conhecido, mostrou como se praticava o ikejime, uma forma de matar o peixe que preserva a qualidade da carne.