Fugas - restaurantes e bares

  • Noirmoutier
    Noirmoutier LUCIE CIPOLLA/NETFLIX
  • Noirmoutier
    Noirmoutier LUCIE CIPOLLA/NETFLIX
  • Chef Couillon
    Chef Couillon LUCIE CIPOLLA/NETFLIX
  • Chef Couillon
    Chef Couillon LUCIE CIPOLLA/NETFLIX

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Noirmoutier, o que é que esta ilha tem?

Um pouco por todo o lado vêm-se placas toscas a anunciar a venda de ostras. Os registos revelam a sua introdução na área no inicio do século XIX, mas a actividade começou a desenvolver-se sobretudo após a Segunda Guerra Mundial. De sabor elegante e levemente iodado, as ostras de Noirmoutier apresentam uma tonalidade azulada, devido à micro-alga blue navicula que se desenvolve na zona. Estas ostras são “semeadas” no seu habitat natural, em redor da ilha, onde permanecem durante três anos. Depois desse período retiram-se para valas e passam à fase de maturação, sendo afinadas de acordo com as características pretendidas por cada produtor. Todos os anos saem de Noirmoutier cerca de mil toneladas do molusco. Contudo, este é ainda um trabalho com uma forte componente artesanal, tal como acontece com a actividade levada a cabo nas salinas de onde se extrai a delicada e clara flor de sal, rival da famosa vizinha de Guérande.

Comida simples

A consulta do guia de restaurantes locais leva-me para o centro histórico de Noirmoutier-en-L’Île, a principal localidade. É quinta-feira e, apesar de estarmos em época alta (Julho), são vários os restaurantes fechados. É o caso do Le Cass’poï, junto ao castelo, que oferece uma cozinha de mercado despretensiosa com produtos de temporada.

Procuro um lugar simples, dado querer guardar-me para a cozinha de Alexandre Couillon, do La Marine, no dia seguinte. A uma centena de metros dali, um pequeno bistrot, o Le Petit Blanc, dá sinais de vida. Ainda é cedo. A França joga nessa noite contra a Alemanha a possibilidade de disputar a final do europeu contra Portugal e, talvez por isso, consigo um dos poucos lugares disponíveis. O lugar serve comida lionnaise e é sem dúvida um bistrot: espaço apertado e aconchegante; ele na cozinha e ela na sala; menu fixo, escrito na ardósia, com seis ou sete propostas (para pedir duas ou três) e vinho da casa. Escolho a terrina de fígado de porco com pistácios e molho bearnaise, de entrada; um filete de dourada com gratinado de beringela como prato principal e o gâteau lyonnais et son coulis d’abricots de sobremesa. Bolo esponjoso com calda de açúcar e amêndoa, pera e molho de alperces, combinam? Sim, bastante. Tal como a experiência no geral. No fundo, era o que pretendia nessa noite: comida simples, bem elaborada e com sabor, vinho a jarro potável e serviço diligente. Tudo por menos de 30 euros.

Deixo o restaurante e pedalo até casa, ainda com tempo de sobra para parar num café. Acompanho um pouco do jogo, mas o local está lotado e faço-me ao caminho antes de terminar. A meio do percurso, soam foguetes de alegria. A França está na final. Que pena não ficar para ver esse jogo...

Couillon e a ilha no prato

As actividades ligadas à terra e ao mar, bem como o turismo, têm ajudado a reter uma boa parte da população de Noirmoutier durante todo o ano. É o caso dos Couillon.

O pai fora marinheiro e pescador e a mãe costureira. Quando Alexandre tinha seis anos, a família comprou um café a que chamaram La Marine. Abriam apenas no Verão e serviam pratos para turistas: peixe, marisco e tarte de maçã. Eram pratos bem simples, reveladores de que a mudança de vida dos progenitores tinha sido mais uma oportunidade surgida do que propriamente uma vocação.

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