À primeira vista estranha-se, depois entranha-se. Será? As opiniões dividem-se, mas ninguém fica indiferente ao Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa. Abriu esta quinta-feira, de frente para a Praça D. Pedro IV, em Lisboa, e causou furor. À iluminação presente na montra juntaram-se as luzes natalícias que se acendem nos pisos superiores do prédio em que está inserida, tornando-o num farol que atrai as atenções de quem passa. Nesta sexta-feira, à luz do dia e mesmo sem decorações de Natal, o atractivo manteve-se. Mas será o produto para venda suficientemente óbvio?
“Quando passámos, não tinha ideia que género de loja era. Achámos que era uma loja de brinquedos. A minha mulher até disse 'Venho buscar-te daqui a 10 minutos! Vai lá e diverte-te!'." Podia ter sido um lisboeta a dizer isto, mas calhou ser Niel Hoffman. O turista alemão, acompanhado da mulher, Roya, confessou que, além de uma loja de brinquedos, também pensaram num casino: “Com tantas luzes, achámos que lá dentro teria aquelas máquinas para jogarmos." E, ao entrarem, a confusão não se desfez de imediato. “Tive de pegar numa lata, virá-la e ler no verso, e aí percebi que estão a vender peixe em lata! Mas não foi chocante, foi surpreendente por apenas um produto preencher uma loja inteira!”. Quanto à hipótese de haver algo do género na Alemanha, trocaram um olhar surpreendido, mas a conclusão foi rápida: “Não, nunca vi nada assim, nem deste tamanho nem decoração. Os empregados são muito simpáticos, mas infantis. A loja está desenhada para atrair crianças, com o carrossel e a atmosfera de circo. Não temos disto lá."
A confusão poderia partir só de estrangeiros, mas alguns alfacinhas também a sentem. Teresa Santos, outra das visitantes neste segundo dia de portas abertas, admitiu que foi a confusão que a levou a entrar. “Entrei por acaso, porque toda a parte exterior me parece uma loja chinesa. Estava a comentar isto com o funcionário, achei que era uma pena, porque é uma loja giríssima por dentro, mas por fora, quem olha, todas as cores e a decoração, parece uma loja chinesa!” E continua: “Hei-de voltar para levar as latas porque é muito interessante para oferecer, por causa das datas. E o preço também é muito acessível, cada lata custa 5€. A ideia está giríssima, atenção, a minha pena é só a decoração da loja, porque acho que não tem a ver connosco, com Portugal, estas cores e a decoração."
Mas as críticas não foram todas negativas. Verónica Faria, portuense, estava a tirar fotografias às filhas, em frente ao carrossel que está na montra. Beatriz, de 14 anos, e Inês, de 11, faziam poses e sorriam, achando piada à montra, mas sem perceberem a verdadeira razão do aparato que se gerava em torno dela. “Acho a ideia engraçada, mas não percebo o sentido disto tudo. São só sardinhas em lata, não era preciso tanta coisa!”, diz Beatriz. A mãe opõe-se: “Isto é uma coisa absolutamente atraente. Chama a atenção no bom sentido, sim!” Já o conceito dos anos gravados nas tampas das latas não lhe parece tão promissor. “Acho que com o vinho do Porto faz algum sentido, fica bem porque ele envelhece, e quando fizer 50 anos bebo a garrafa que tiver comprado agora, mas com as sardinhas não. Agora que a decoração da loja está gira e vai atrair turistas, não tenho dúvida nenhuma."