Fugas - restaurantes e bares

  • O Tapisco é o novo restaurante do chef Henrique Sá Pessoa
    O Tapisco é o novo restaurante do chef Henrique Sá Pessoa
  • Paella Negra com choco (28 euros)
    Paella Negra com choco (28 euros)
  • Açorda de gambas (19 euros)
    Açorda de gambas (19 euros)
  • Esqueixada de bacalao (10 euros)
    Esqueixada de bacalao (10 euros)
  • Huevos rotos con morcilla (11 euros)
    Huevos rotos con morcilla (11 euros)
  • Bacalhau à brás com gema confitada (14 euros)
    Bacalhau à brás com gema confitada (14 euros)
  • La bomba de Lisboa (7 euros)
    La bomba de Lisboa (7 euros)

Continuação: página 2 de 2

Entre tapas e petiscos, além-fronteiras

Passeie pelas ruas de Barcelona ou Madrid e dificilmente irá encontrar restaurantes que sirvam migas e cozidos. Não quer dizer que não existam ou que não façam parte das raízes da cozinha tradicional, mas, avisa a número dois do Tapisco, “é preciso ir lá com um amigo [que seja local]” – ter amigos cozinheiros, particularmente, ajuda muito. Isto para conseguir encontrar os poucos restaurantes que servem a comida mais tradicional ou para prová-la em casa de alguém. De resto, aquilo que vai encontrar da gastronomia espanhola será provavelmente a paella, a tortilla, as patatas bravas e as tapas, por exemplo.

Apesar de grande parte do receituário antigo não estar à vista nas grandes cidades, como Madrid e Barcelona, há muitos pontos em comum entre a comida portuguesa e espanhola: “A açorda é um prato árabe que já estava cá... Vais a Espanha e encontras pratos idênticos, também feitos com uma espécie de migas."

As refeições no trabalho também deram a Joana a oportunidade de conhecer melhor este lado da cozinha espanhola. “Eles têm uma massa em forma de caracol cozida com carnes – não me recordo do nome –, que experimentei na nossa comida de staff. Havia três cozinheiros catalães que diziam ‘no Natal vamos fazer isto’. Não encontrei um restaurante em Barcelona que tivesse [esse prato]”, lembra.

Uma diferença grande entre espanhóis e portugueses, menciona ainda Joana Duarte, é a difusão que fazem da sua cozinha. “Quando vamos lá para fora, achamos que cá dentro é tudo uma porcaria. Depois é que dizemos ‘realmente o que deixei para trás é muito bom’”. Os espanhóis, pelo contrário, já partem do princípio que os seus sabores são os melhores do mundo, aponta.

O resultado é negativo e positivo: por um lado, não comunicamos tão bem a nossa gastronomia, mas também estamos mais abertos a outros sabores. “Os meus chefs de cozinha, de estrela Michelin, sabiam mais de produtos e de pratos asiáticos [do que de comida portuguesa]”, conta. Quando falava a diferentes pessoas da cataplana, chegava a ouvir comentários como: “Vocês imitaram os asiáticos, isto é um wok invertido com outro wok." Na verdade, explica a chef, a cataplana é uma ferramenta herdada da cultura árabe, que ficou mais em Portugal, mas também existe, por exemplo, na cidade fronteiriça de Ayamonte.

Há um certo descrédito na cozinha portuguesa, aponta Joana, mas quem a conhece acaba por ficar "surpreendido", garante. Ainda mais porque, à medida que Lisboa ganha notoriedade, descobre-se que, afinal, a cidade “não é só monumentos e o Tejo". "Deve haver ali alguma coisa."

--%>