Fugas - restaurantes e bares

  • Paulo Pimenta
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O senhor “Tendinha” mantém o rock na noite do Porto

A do La Bohème também é baixa, não fala da do HD Bar To Be Wild, o último espaço que abriu aqui na Baixa, a poucos metros de onde estamos. Tem inspiração motociclista,

- Adoro motas. Fiz uma grande viagem pela Europa de Leste, mais de oito mil quilómetros.

e do american way of life — veja-se o menu de hambúrgueres e a jukebox. É aqui que o seu filho, Osvaldo, quase 18 anos, trabalha. Já estudou à noite, agora estuda à tarde, para poder estar à noite no bar.

- Está a seguir os meus passos. Mas vai acabar o 12.º ano e fazer formação em hotelaria. A minha formação foi toda na prática.

Ainda hoje lhe custa ter deixado a Tendinha dos Poveiros, mas foi o que lhe deu asas. Foi participante activo na construção da nova noite do Porto. Além dos três espaços que mantém, e da Presuntaria, novamente na Praça dos Poveiros (agora com exploração alheia), abriu a Tendinha Indiscreta, também na Baixa, que depois passou, tomou conta do Blá Blá, espaço mítico em Matosinhos, entre 2008 e 2010, teve um café em Gaia.

- Preferia a noite antes. Conhecia mais gente, fazia amigos. Se calhar até fazia mais dinheiro. Havia menos concorrência e era tudo mais barato. Agora tudo se paga. As entidades competentes viram forma de ganhar dinheiro com tudo.

Não esconde as várias batalhas que foi tendo com a câmara, incluindo da licença de funcionamento até às 6h na Tendinha dos Clérigos,

- Só há um ano a conseguimos. Mas com a câmara há sempre ocorrências, nunca estás legal. Isso começa a cansar.

Pode estar cansado, mas “nunca quis fazer outra coisa”. Agora até faz parte da nova Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto (ABMP).

- Sempre fui hoteleiro. Ao contrário de outros que vêm para aqui e não percebem nada disto. É mau porque prestam mau serviço e quem presta um bom serviço não tem hipóteses. Há bares aqui nesta rua que vendem finos a 1€; eu quando vim para aqui já vendia a 1,20€. Quando veio para aqui vivia na cidade. Agora vive em Cinfães há três anos. Uma espécie de regresso às origens rurais, já que a sua família era de Castelo de Paiva e era lá que passava todos os dias livres. Em Cinfães cultiva as couves e hortelã e outros que tais, cria galinhas, porcos (até bísaros), anho, vitela, cabra, faz vinho. Foi aí que criou uma empresa de turismo rural. É aí que cresce a sua filha de dois anos.

- Não vi o meu filho crescer. Estava a crescer também, em termos de trabalho. Quero ver a minha filha. E ser pai com esta idade é diferente, o sabor é outro.

Em Cinfães está também a (outra) nova menina dos seus olhos.

- Vou construir uma tasca mesmo tasca.

Há-de mostrar-nos o projecto, no telemóvel. Será tudo em madeira e terá pipos — sem vinho, porque a lei não o permite.

- Cidade agora só para trabalhar. E, se calhar, não por muito mais tempo.

 

Resposta rápida

 

Qual dos seus espaços é o seu preferido?

O Tendinha [dos Clérigos]. Quase desde que nasci estive sempre associado a uma “Tendinha”.

Quando sai à noite vai à “concorrência”?

Vou a bares onde tenho empatia com os empregados, com os donos. Normalmente, ao Pipa Velha. E para comer vou ao Pontual, ainda fazem pregos como deve ser.

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