Fugas - Viagens

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Um safari no carrossel das montanhas

Noluvo Sideba, uma mulher de idade indeterminada, mas invulgarmente determinada, explica como tudo isto aconteceu. Os habitantes chegaram à conclusão de que aquilo que lhes faltava e que mais necessitavam era de um infantário onde pudessem deixar as crianças durante o dia. A comunidade, liderada por Noluvo, organizou-se e, em colaboração com a administração da reserva, estabeleceu as suas prioridades e lançou os seus projectos. A começar pela pré-primária onde o pequeno Siza completa puzzles, aprende xhosa, inglês ou africânder, algo até há pouco impensável num país onde a língua dividiu mais do que juntou.

Tim, visivelmente aliviado, explica que algo mudou desde que a reserva foi criada, em 2001. "Nessa altura, as pessoas procuravam-nos para tentar resolver todo o tipo de problemas. E isso deixou de acontecer quando a comunidade se organizou. É a Noluvo", acrescenta, "que compete encontrar as soluções e ao lodge providenciar o que mais precisarem". No fundo, Tim foge dos paternalismos escusados:

- É a comunidade que decide o que é melhor para si.

O velho infantário de madeira, canhestro e desbotado, foi substituído por um novo edifício. E Kwandwe ganhou ainda uma oficina e uma sala bem dimensionada para reuniões ou acções de formação, inauguradas por Nontsikelelo Biko, viúva de um mártir, viúva de Steve Biko. As crianças têm transporte para a escola, depois de concluído o pré-ensino, as mulheres trabalham nos lodges - que empregam 120 pessoas - ou fabricam unopopanas, negras bonecas de pano vendidas a 200 rands, pouco mais de 20 euros. A procura supera a capacidade de produção. Talvez seja isso que explique por que é que as unopopanas não dormem no infantário, ao lado das suas colegas brancas e louras. Porque Kwandwe também é o lugar das unopopanas.

Da importância da vida selvagem

A vida selvagem é a sétima actividade de um turista estrangeiro na África do Sul. Os indicadores oficiais, do turismo sul-africano, quer os que são relativos ao ano de 2009, quer os que se referem já ao primeiro trimestre de 2010, dão conta da importância que o safari tem na decisão de viajar para o país de Nelson Mandela.As estatísticas são apresentadas segundo actividades, o que explica que compras, vida nocturna ou actividades sociais surjam à frente. O que ressalta desta estatística é a predominância da atracção das belezas naturais, a importância do património cultural e a vida selvagem na decisão de visitar a África do Sul. Quando se olham os dados em função dos turistas europeus, percebe-se que estes são quem mais valoriza as atracções naturais e os safaris, que surgem bem à frente das praias como factor de decisão. O Kruger Park é a reserva natural mais conhecida do país, na fronteira com Moçambique, na região de Mpumalanga.


Como ir

As duas principais portas de entrada na África do Sul são os aeroportos internacionais de Joanesburgo, a grande plataforma intercontinental africana, e da Cidade do Cabo. Em todo o caso, o aeroporto mais próximo de Kwandwe está localizado na cidade portuária de Port Elizabeth, a 160 quilómetros de distância, o que implica um voo interno caso o tempo de permanência seja reduzido. A British Airways voa, directamente, para a Cidade do Cabo, o que é sempre mais agradável do que transitar pela caótica e tempestiva Joanesburgo.`

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