A meio caminho (a 62 quilómetros de Boston), fica a pequena cidade de Plymouth, muito importante na História da Nova Inglaterra. Foi aí que atracou o Mayflower em 1620, levando a bordo 120 Pilgrims (peregrinos), que fugiram da Europa em ruptura com a igreja oficial de Inglaterra. Para os americanos, a pequena cidade tem duas atracções a não perder: a primeira pedra pisada pelos Pilgrims, e que está protegida por um pequeno mausoléu de colunas de pedra, o Plymouth Memorial; e uma réplica em tamanho real do Mayflower ancorada no cais e que pode ser visitado. Nas ruas da cidade há pequenas casas de madeira construídas na época e que ainda são habitadas.
À medida que nos aproximamos da ponte de Sagamore, que liga a península ao continente, vêem-se canais artificiais com barquinhos e pescadores. A forma do cabo é motivo para discussão. A alguns lembra uma banana, a outros sugere uma quilha de um barco viking. E muitos vêem ali um sinal: os EUA a fazer um manguito à Europa. Seja qual for a imagem, Cape Cod é conhecida como destino de Verão das elites americanas de Massachusetts. O seu ponto mais alto tem 93 metros e a costa de 900 quilómetros dispõe de centenas de praias a perder de vista, imaculadas, e de ondas que aliciam os surfistas.
Mas estas não serão certamente razões para um português visitar Cape Cod, onde todos os meses chove, nem que seja apenas um dia. Apesar de ficar à mesma latitude do Porto, a costa leste americana é banhada por correntes de água fria. E no Inverno cai neve na península.
Os que conhecem bem a região aconselham os turistas a alugar um carro e dar uma escapadela pela route 6A, que oferece vistas sinuosas. A paisagem alterna entre o mar, lagos, dunas, pântanos, matas e casas grandiosas. A península tem grandes zonas classificadas durante a presidência Kennedy como reservas nacionais e, nalguns casos, vedadas ao público. A região tem mais de 14 milhas de vias para bicicletas.
Fundada em 1639, e localizada no noroeste da costa da península, a cidade de Sandwich é a mais antiga de Cape Cod. É a primeira cidade que encontramos quando nos dirigimos para Hyannis. Uma pequena volta dá a impressão de que entrámos dentro de uma revista, seja ela de decoração ou de moda. Com excepção de alguns edifícios construídos em tijolo vermelho, a maior parte das casas tem um ar tosco, revestidas a madeira (shingles) e pintadas de branco, cinzento e bege. Mas o ambiente é requintado, com os pequenos jardins "manufacturados" de flores e relva variando com matas e cemitérios abertos. Não se vêem grades. Há bandeiras nacionais hasteadas junto às casas e às campas dos mortos. Nas garagens de porta aberta vislumbram-se canoas e pequenas embarcações. Há jardins com cadeiras de madeira colocadas ao lado de braseiras de ferros. Respira-se uma atmosfera tranquila e segura. Sem stresses. De certo modo, até é fiel às origens.
Nas ruas das cidades do cabo encontramos muitas lojinhas de madeira que vendem "antiguidades", que mais parecem quinquilharia, bijutaria, aguarelas e postais. Uma das principais actividades económicas da península é o turismo, nomeadamente o doméstico, que para ali se desloca aos fins-de-semana e no Verão (os meses mais caros são Julho e Agosto). A ausência de grandes hotéis e das principais cadeias é notada. Mas os ambientalistas travaram a sua construção e, em seu lugar, surgiram unidades mais simpáticas.