Fugas - Viagens

The White House/Cecil Stoughton

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A “plácida aldeia” onde os Kennedy encontravam refúgio

A existência junto à costa de campos alagados cobertos de frutos vermelhos (do tamanho de cerejas) deixa o europeu perplexo. À primeira vista parecem os mirtilos que se cultivam nas matas europeias. Mas não são. Esta baga vermelha, amarga, é chamada de cranberry e possui três vezes mais vitamina C que a laranja. Os americanos fazem compotas, pickles e sumos. E usam-na como medicamento natural para combater as infecções urinárias. A sua cultura foi durante muitos anos o sustento dos portugueses que emigraram para Massachusetts e que, não arranjando trabalho, eram contratados para a colheita do fruto (que se faz uma vez por ano), que prospera em solos húmidos e em zonas com temperaturas baixas no Inverno.

BOSTON também é uma cidade JFK

Para se conhecer melhor John Fitzgerald Kennedy (JFK) é necessário ir a Boston, a capital do Massachusetts, pois é lá que se encontra a maior parte do acervo relacionado com o seu curto mandato presidencial. Eleito a 8 de Novembro de 1960 (mas só tomou posse a 21 de Janeiro), seria assassinado a 22 de Novembro de 1963, com 46 anos. JFK nasceu em Boston, cresceu e viveu em Boston, estudou advocacia em Harvard (que, tal como o MIT, está separada de Boston pelo rio Charles).

Uma ida à Biblioteca Presidencial e ao Museu John F. Kennedy (em Columbia Point), no bairro de Dorchester, junto ao porto de Boston e ao campus da Universidade de Massachusetts, permite ao visitante retroceder 50 anos e viajar pela História. Estão documentados os principais acontecimentos registados nos dois anos e meio da presidência de JFK. A 25 de Maio de 1961, JFJ fez um discurso histórico, onde declarou que o espaço era a última fronteira e que os EUA teriam de a ultrapassar. O país teria de se preparar para, no final da década de 60, colocar na Lua o primeiro astronauta. Questionado sobre a razão por que colocava o desafio tão alto, JFK respondeu: "Porque é difícil." A consulta dos relatos sobre a preparação da viagem à Lua, que só se realizaria cinco anos depois da sua morte, é facultada pela Biblioteca & Museu JFK, que expõe material recolhido por Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar solo lunar.

O museu possui mais de 400 mil fotos, 8,4 milhões de documentos e milhares de horas de conversas desgravadas, para além de entrevistas realizadas a centenas de pessoas que privaram ou se cruzaram com JFK. E expõe ainda trajes de Jackie Kennedy. O chinês I.M. Pei (autor da Pirâmide do Louvre) foi o arquitecto que projectou a Biblioteca & Museu JFK. Pei nasceu no mesmo ano que JFK e, tal como o ex-presidente, também estudou em Harvard na década de quarenta. Os jardins do Museu foram concebidos para homenagear a matriarca da família, Rose Kennedy, que morreu com 104 anos.

Cheers, onde é que já vimos este bar?

No coração de Boston (84 Beacon St), em frente ao jardim público, há um prédio de tijolo vermelho, parcialmente revestido de pedra branca, com janelas de vãos altos e estreitos. À primeira vista, nada o distingue dos restantes. Mas durante o dia há quem pare para fotografar a fachada e muitos acabam por entrar. Um gradeamento típico do século XIX pintado de preto dá acesso, através de uma pequena escada, a um pátio estreito rebaixado e longitudinal à fachada. A entrada é discreta. O guarda-vento separa a porta de madeira do bar mais famoso do mundo, que serviu de inspiração à sitcom de humor da NBC: Cheers, aquele bar. É um típico bar de bairro.

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