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CaixaForum Luís Maio

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Madrid, a cidade que se reinventa pela cultura

As comparações acabam aí, uma vez que a intervenção da dupla suíça é francamente mais radical que a sua precedente londrina. Da antiga central madrilena resta pouco mais que as paredes uma operação mesmo assim complicada, quando dos 115 mil ladrilhos que cobriam o edifício 40 mil tiveram de ser substituídos, reciclando peças que estavam no interior ou fabricando novas segundo os métodos artesanais de antigamente. Ficaram as paredes e os lintéis das janelas, mas estas foram tapadas, preferindo a dupla suíça recortar quatro novas aberturas irregulares para o exterior, de modo a demarcar claramente o novo do antigo, filosofia que sustenta toda a intervenção. No mesmo espírito, a volumetria do edifício cresceu para cima com o acrescento duma nova carcaça forrada por 4500 pranchas de aço galvanizado, e para baixo demolindo a base em granito (o edifício passou a ser sustentado por três vigas de betão), o que permitiu criar uma nova praça coberta, sobre a qual o novo edifício parece levitar.

Herzog e de Meuron convenceram a Caixa a adquirir igualmente a antiga estação de serviço, que obstruía a visibilidade do edifício a partir do Paseo do Prado. Substituíram-na por uma segunda praça pública, desta feita a céu aberto, de planta irregular e decorada com duas pequenas fontes.

Mas a atracção maior da praça é sem dúvida o jardim vertical da autoria do francês Patrick Blanc, que cobre com 15 mil plantas de 250 espécies a empena do prédio contíguo, a fechar o espaço público a norte. É uma estrutura metálica com uma lâmina plástica e uma capa de feltro, sem terra, coerente com a tese de Blanc segundo a qual as plantas não precisam de terra para crescerem. Se à primeira não pegou, no entanto, a segunda versão plantada há três meses veio dar-lhe razão e está muito frondosa.

Graças ao actual projecto (orçado em 60 milhões de euros), a superfície de 2000 m2 ocupados pela velha central eléctrica quintuplicou, ou seja, está agora nos 10000 m2. Debaixo da praça foram escavados dois pisos, que albergam um auditório, armazéns, escritórios e garagem. Recepção e loja estão no primeiro piso, as salas de exposições nos dois seguintes, sendo o último reservado ao restaurante e à administração. O auditório tem conferências e concertos, as salas de exposição alternam selecções da colecção permanente da Caixa (700 obras dos anos 80 em diante) com exposições temporárias doutras procedências, como é actualmente o caso da retrospectiva do checo Alphonse Mucha (até 31 de Agosto).

Como ir

A EasyJet conta com um voo diário de Lisboa para Madrid, de domingo a sexta-feira com partida às 12h15 e chegada às 16h15, a partir de 23.99€ (taxas incluídas). Aos sábados parte de Lisboa às 13h55 com chegada a Madrid às 16h15. O avião regressa de Madrid às 13h30 (13h10 sábado e 13h35 domingo) com chegadas a Lisboa pelas 13h45.

2 Matadero

Outra grande obra de reconversão dum estabelecimento industrial num centro cultural contemporâneo. Neste caso há menos aparato arquitectónico envolvido, mas em contrapartida maior ambição no capítulo da reabilitação urbana. O antigo matadouro de Arganzuela nasceu em 1909 para abate de gado, armazenamento e venda de carne e mais produtos alimentares, ocupando num vasto perímetro amuralhado (165.415 m2) no sul da cidade, bordejando o rio Manzanares. O matadouro foi transferido para outro lado em 1998, mas a edilidade decidiu manter e reabilitar o conjunto de pavilhões desenhado pelo arquitecto Luis Bellido, lançando um programa de reconversão do enclave orçado em 100 milhões de euros, na maior parte destinado a criar um grande laboratório de criação actual. O projecto foi iniciado em 2003 e vai prolongar-se até 2011, mas desde o ano passado que boa parte dos espaços está em funcionamento.

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