Do outro lado da piscina, três mulheres e um homem continuam a movimentar os braços, até que a monitora dá o exercício por terminado e, chamando cada um pelo seu nome, os orienta para o próximo tratamento. Uma mulher instala-se não muito longe, num outro suporte de hidromassagem mecânica, orientada para as suas ancas e coxas. Outra aproxima-se de uma técnica, deitada sobre a borda da piscina, para usufruir de uma hidromassagem manual.
Anualmente, as termas de São Pedro do Sul recebem cerca de 18 mil termalistas. José Santos garante que o espaço está preparado para chegar aos 40 mil visitantes e recusa aplicar o discurso de quem defende que as termas, sejam elas quais forem, "fazem bem a tudo". Em São Pedro do Sul, a especificidade das suas águas é recomendada para pessoas com doenças músculo-esqueléticas (como osteoartrose, espondilite anquilosante, artrite reumatóide, febre reumática ou artrite gotosa) ou das vias respiratórias (asma, sinusite, rinite alérgica, faringite crónica ou bronquite crónica). Há quem para lá vá ano após ano, à procura de retemperar o corpo por mais um período, buscando o alívio que, de outra forma, só é conseguido à custa de medicamentos. Ou por vezes nem isso. Mas todos os anos há também quem chegue para experimentar pela primeira vez.
Delfina Ribeiro Santos tem um espaço de alojamento junto aos balneários e recebe alguns rostos há anos. Diz que vê muitos chegarem cabisbaixos, abatidos, e que na hora da partida vão irreconhecíveis, como se uma nova vida lhes tivesse sido oferecida.
Maria Sílvia Martins, de 78 anos, é uma estreante e está numa banheira de hidromassagem, no Balneário Afonso D. Henriques, a tentar livrar-se das dores da coluna e da perna esquerda. Chegou a São Pedro do Sul há cinco dias e ainda está à espera das melhoras prometidas. "A coluna está mais ou menos, mas no joelho ainda não sinto nada, continua a doerme", diz. Julieta Teles, funcionária das termas há 28 anos, sorri-lhe e diz-lhe que tem de ter calma. É que para que uma cura termal seja eficaz são necessários tratamentos de 14 ou 21 dias. Maria Sílvia vai ficar por duas semanas; no final, avaliará se vale a pena regressar.
No Balneário D. Afonso Henriques, as cinco piscinas do complexo estão voltadas para uma enorme parede de vidro em frente ao rio Vouga. A água está por todo o lado, dentro e fora do espaço. Há quem usufrua de hidromassagens e há quem faça exercícios. José Santos diz que só deixar-se estar, dentro de água, durante quinze minutos diários, já fará muita diferença na qualidade de vida dos doentes. Neste balneário concentra-se toda a parte de saúde - o núcleo duro das termas. Para quem quer apenas passar um fim-de-semana relaxante e aproveitar as águas de São Pedro do Sul este espaço pode ser pouco convidativo, já que, apesar de ser moderno e luminoso, todo o seu funcionamento nos lembra, de alguma forma, que estamos num espaço de tratamento. Não é um hospital, mas também não parece um espaço onde se vai apenas para receber uma massagem relaxante.